Este desabafo dos céus, ocasionalmente, traz fúria, que ao juntar-se com a mágoa forma uma unidade um tanto perigosa. Imaginava eu que a fúria conseqüente da tristeza não tivesse o poder de perdurar por muito tempo, que fosse intensa, porém momentânea, e logo fosse abrandada como o mar nos dias de calmaria. Um equívoco da minha parte. A fúria persiste por tempos imensuráveis, mas adormecida, deixando-nos enganar por sua aparente ausência. Mas, igual ao lamento, ela acorda e retorna, fazendo-nos surpreender com trovões... vindos do firmamento ou do interior de nós mesmos.
E é certo que os dias chuvosos nos castigam, pois nos intimidam e nos fazem recolher. Pior que os dias apenas nublados, os quais nos fazem sentir sua melancolia, mas não necessariamente nos obrigam a escutar e assistir às suas decepções em forma de paisagem. Os dias de chuva nos mantêm em um confinamento opcional, e justamente por ser opcional parece ser mais letárgico. Os dias de chuva nos mantêm sentados, tomados pela palidez do mundo lá fora na janela, escutando as gotas de repente cair, fazendo curvas nos telhados e nos postes, batendo com força nos vidros, ou assemelhando-se a traços de lápis em um desenho sem cor. E as gotas escorrem nas nossas janelas, deixando pequenos rastros molhados que vamos seguindo incansavelmente, até nos darmos conta de que o dia já passou.
Escrito por Aline T.K.M. em julho de 2009.
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
2 comentários
apesar de eu concordar com o que vc escreveu, eu adoroooo dia de chuva, ainda mais quando posso ficar em casa debaixo da cama lendo...
ResponderExcluirahhhh, no meu blog libros di amore tem promo...
bjkas
Oba, promoção! Pode deixar que vou entrar no seu blog agorinha!
ResponderExcluirBeijo!