Você se lembra do primeiro livro que leu? E que tal o livro mais velhinho aí na sua estante?
Eis o meu post para a Brincadeira Literária:
Não me lembro com exatidão se este foi o primeiríssimo dos livros não infantis que li, mas certamente ocupa uma das primeiras posições. E sim, ele também ocupa o lugar de livro mais velhinho na minha estante atualmente. Este livro é O Diário de Anne Frank. A edição que tenho é bem velhinha e fiz questão de colocar ao lado a capa dela, aliás, nunca vi outro com esta mesma capa. Na verdade, este livro era da minha mãe, e foi ela quem me incentivou a lê-lo, mas desde bem mais nova eu já tinha adotado com fervor o hábito da leitura. Lembro que quando minha mãe me mostrou o livro e sugeriu que eu o lesse, fiquei bastante atraída pelo tema e por ser o relato de uma menina e, de fato, foi um livro que gostei muito de ter lido. Também não me recordo exatamente da idade que eu tinha quando li este livro, assim como não me lembro de todos os mínimos detalhes da história, então tive que recorrer a algumas pesquisas básicas para relembrar alguns detalhes e redigir este post.
Em 1942, Anneliese Marie Frank ganha um diário de presente ao completar 13 anos e nele começa a relatar a vida comum de uma garota no início da adolescência. Pouco depois, sua irmã recebe uma notificação da SS, fazendo com que a família se esconda no “Anexo Secreto”, um esconderijo improvisado nos fundos do escritório de seu pai. No decorrer do livro são relatadas as dificuldades de adaptação à vida no esconderijo, as (muitas) limitações, o convívio dificultoso entre a família e mais quatro amigos judeus também escondidos no mesmo local. Durante o tempo em que se mantiveram escondidos, tiveram a ajuda de alguns funcionários e amigos do escritório de seu pai para o abastecimento de comida, vestuário e itens de higiene. Apesar de serem abordadas diversas questões da época, o diferencial são os relatos bastante pessoais e o cotidiano dos habitantes do esconderijo, tudo sob o ângulo de uma menina. A instabilidade, os conflitos da adolescência, a descoberta da sexualidade e do amor se fazem presentes e, inclusive, percebemos o amadurecimento de Anne através das páginas do seu diário. Com todas as dificuldades e tristezas, ainda havia lugar para a esperança e perspectivas para o futuro. Os longos meses no esconderijo tiveram fim ao serem denunciados aos nazistas, e Anne foi, então, levada para um campo de concentração. Os habitantes do “Anexo Secreto” foram inicialmente deportados para Auschwitz; depois, Anne e sua irmã, Margot, foram separadas dos pais e levadas a Bergen-Belsen. Em 1945, meses após a deportação, Anne falece com apenas 15 anos, vítima de tifo. Dos habitantes do Anexo, Otto H. Frank, pai de Anne, foi o único sobrevivente após a guerra (falecido em 1980). O “Anexo Secreto”, em Amsterdã, é hoje um museu (Casa de Anne Frank).
Muito além de simples relatos de acontecimentos dos mais tristes e vergonhosos já vivenciados pela humanidade, este livro é uma verdadeira lição. Envolto em emoção e sinceridade, faz com que acompanhemos de perto a vida das pessoas no Anexo. Se por um lado os relatos são muito pessoais e não podem ser tidos como verdades absolutas em termos de História, eles são ricos justamente por serem individuais, dando-nos uma comovente dimensão do que os acontecimentos significaram na vida das pessoas. Através destes relatos, podemos enxergar as atrocidades daqueles tempos sob outro ângulo, bem diferente das meras estatísticas apresentadas nos livros de História.
Acho interessante comentar que existem controvérsias quanto à autenticidade do famoso diário, questionada desde sua primeira publicação, principalmente por Robert Faurisson, um negacionista do Holocausto, condenado diversas vezes por “contestação de crimes contra a humanidade”.
Finalizo aqui, com uma simples verdade: O Diário de Anne Frank é um livro que merece ser carregado conosco por gerações.
Título: O Diário de Anne Frank
Autor(a): Anne Frank, Otto H. Frank, Mirjam Pressler
Ano da obra: 1947
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
8 comentários
Bom, me lembro bem do primeiro livro que li: Rambo (First blood). O livro conta a história que o primeiro filme da série pretensamente contava. Digo pretensamente porque o filme tem pouco a ver com a história original do livro. Muita gente acha que sou bobo por dizer que gosto muito desse livro, gente que só viu o filme... O livro não retrata um soldado louco e sanguinário, mas um vetereno de uma guerra mal-fadada, que a nação americana tentava esquecer - e o Rambo era a personalização da lembrança da desastrosa Guerra do Vietnã; ele era um cara que os EUA queriam esquecer (e claro que ele não se conformava com isso). A figura do xerife Teasle é uma personagem especialmente elaborada e que estabelece uma relação incrível com o Rambo, ao contrário do filme, onde eles são mostrados como caça e caçador. Para quem curte livros cheios de ação e aventura, mas alicerçados numa história inteligente, vale muito a pena, muito mais do que o chatíssimo filme...
ResponderExcluirALINE, um auxílio técnico, por favor: este é o primeiro blog de que participo e estou tentando inserir uma foto no meu perfil, mas não está dando certo...Na verdade, eu adicionei 2 perfis ao seu blog: um do Yahoo (no qual aparece a foto, mas com o qual eu não consigo postar, porque não a opção "comentar como: conta do Yahoo") e um com a minha conta do Google (com a qual eu consigo postar, mas não consigo inserir foto nenhuma). Quando mando o post ele oferece uma opção "inserir imagem de perfi", mas quando tento upar o arquivo, ele mostra um ponto de exlamação dentro de um triângulo amarelo e não acontece mais nada! Você sabe como posso resolver isso, por favor? Obrigado.
Ups, parece que consegui, vamos ver...
ResponderExcluirAcho que ainda não funcionou... Mas já que estou aqui, posso dar uma sugestão? Que tal você criar um espaço para o pessoal postar um, ou alguns, de seus trechos favoritos nos livros que já leram? Você destacaria algum em especial?
ResponderExcluirO primeiro livro não-infantil que eu li foi Os crimes ABC da Agatha Christie. Lembro que amei na época e segui lendo vários da autora, um atrás do outro. Depois passei para Danielle Steel.
ResponderExcluirAgora, o mais velhinho da minha estante??? Nossa, nem faço idéia, tenho vários tão velhos, despencando...
Bjs, adorei a brincadeira
Oii querida...
ResponderExcluirTem selo para vc lá no blog!
Beijos!
Juliano: Nossa, interessante, não sabia que existe toda uma história acerca do Rambo, e inclusive não sabia que existia um livro! Confesso que nunca assisti ao filme (!!), não me interesso muito pelo gênero, mas fiquei surpresa com o seu comentário. Gostei!
ResponderExcluirSobre a foto do perfil, acho que deu certo né, pelo menos consigo visualizar aqui!
Sobre a sua sugestão, achei bem legal, mas teria que ter um espaço onde o próprio leitor escrevesse, seria interessante. Ou então os leitores me enviariam via email, ou ainda em forma de formulário Google... E então, de tempos em tempos, eu faria um post com todos os trechinhos enviados. É, vou estudar melhor as opções de como fazer isso e também a aceitação da galera. Mas obrigada pela sugestão! =)
Bia: Adoro Agatha Christie, ela tem um jeito singular de nos prender às suas histórias! Ainda quero ler todas as suas obras, são muitas, e claro que levarei muitos e muitos anos (já que li poucas), mas é, digamos, uma meta. Já Danielle Steel, nunca li nada dela.
Mirelli: Que linda! Amei o selinho e logo postarei aqui! Beijão!
Olá, Aline!
ResponderExcluirEstou louca para ler esse livrinho... Não é bom recordar? rs
O link de sua resenha já está no blog... Gostaria de agradecer pela sua participação e por todo carinho, viu?
Beijos,
NÁH
Anne Frank é um que li nova e um dia tenho que reler!
ResponderExcluir