ADORO SEBOS. Apesar de não visitá-los tão seguidamente, cada vez que entro em um dificilmente saio antes do relógio contar uns 30, 40 minutos. Inclusive, passo mais tempo num sebo do que numa livraria. Só tem uma coisa que eu não suporto nos sebos: minha rinite alérgica aparece como convidada de honra das estantes e dos livros empoeirados. Os espirros permanecem como souvenir desagradável, uma lembrança vívida e duradoura da minha visita ao sebo.

Deixemos de lado os espirros, até porque desta vez fui de loratadina logo cedo (rá!), e falemos do sebo. Esse lugar geralmente apertado, com estantes variadas que não combinam entre si. Ah, como é bom flanar naqueles minúsculos corredores caçando tesouro sem mapa – atividade por alguns denominada dar uma olhadinha. Melhor ainda é ter consciência do que se está buscando e perceber que tal busca invariavelmente terá duração muito maior do que se fosse feita em uma livraria. Sebos são locais bagunçados por excelência. Alguns até têm cara de organizados, mas não se iludam, é só fachada. Por trás do aspecto arrumadinho há sempre uma bela bagunça. Confessemos, se fosse diferente não teria a menor graça. Subir naquele banquinho velho (sempre tem um perdido em algum corredor) para alcançar as prateleiras altas ou, sentada nele, ir lendo uma a uma as lombadas nas prateleiras mais baixas, estão entre as atividades mais prazerosas e pouco lembradas na vida de um sujeito-leitor qualquer.

Nesse quase esporte que é percorrer com os olhos as prateleiras do sebo, acabo descobrindo livros já conhecidos por mim com capas que eu nem sabia que um dia existiram. Ler lombadas requer prática e agilidade, concluí. Leitura “dinâmica” inclinada em noventa graus pode ser algo cansativo. Tudo bem, sem grandes dramas; sempre há vida após o sebo para curtir os achados e fazer valer a longa busca.


Por fim, divaguei tanto apenas para dividir com vocês algumas sensações que me ocorrem ao visitar um sebo, sensações que andavam meio esquecidas após uns meses de abstinência dessas visitas. Além, claro, de mostrar os meus achados mais recentes. Vocês precisam concordar comigo que não tem como não sair contente de um sebo levando estes pimpolhos na bolsa: