Pulso reúne histórias sobre amor, amizade, perda e saudade ligadas por um ritmo comum: do corpo, do sexo, da doença e da morte. Do familiar ao extraordinário, de acontecimentos privados a fatos históricos, de encontros a desencontros de amigos ou de amantes, Barnes revela seu olhar afiado sobre os acontecimentos, grandes ou pequenos, que resumem a existência humana.
Inconfundivelmente inglês, Barnes faz de suas narrativas curtas terreno para falar de ausências e do que grita nelas, mas sem perder a ternura. Do viúvo que volta à ilha onde passava temporadas com a mulher ao herói italiano Garibaldi; da jovem pianista cega ao grupo de amigos que se reúne à mesa nos jantares de Phil e Joanna; do pintor mudo ao pai cuja perda de olfato o afasta da pele de sua mulher – relações estranhas e cômicas se escrevem à medida que reconhecemos que os desejos de felicidade desses personagens são, também, os nossos.
Julian Barnes venceu em 2011 o Man Booker Prize pelo romance O sentido de um fim.
Acidez e sarcasmo em toneladas marcam presença essencial em Pulso, terceira coletânea de contos do premiado Julian Barnes, e revelam-se ferramentas eficientes na sagaz crítica à sociedade inglesa de classe média. Os contos, em sua maioria contemporâneos – um ou outro se passa em tempos mais remotos –, estão conectados por uma essência comum, por um mesmo pulso.
Os relacionamentos – e sua partícula mais humana – são amplamente abordados, muitas vezes acompanhados de certo pessimismo (má notícia para os que enxergam o amor a partir de uma visão idealizada, não raro turva). O matrimônio, que nos é mostrado no momento da rotina e das incompatibilidades, a busca incessante por alguém, ou ainda, a nostalgia de um amor que já se foi, são temas de algumas das narrativas. Também há, no entanto, exemplos um pouco mais “românticos”, por assim dizer, como em “Cumplicidade”; ou outros que analisam o sentimento expondo-o a lentes de aumento, como no belo – mas ainda racional – “Carcassonne”.
As relações de amizade tampouco escapam da mira certeira e debochada de Barnes. Seja na tensão e competitividade veladas entre duas amigas escritoras (“Na cama com John Updike”), ou na miscelânea de assuntos discutidos entre um grupo de amigos de classe média alta, regados a um humor infame (e um bocado reflexivo), de “Na casa de Phil e Joanna” – que na realidade são quatro contos que mostram reuniões distintas do mesmo grupo de amigos.
Pulso conquista pelo humor singular, pelo sarcasmo – que aprecio em altas doses – e por um quê de deliciosa melancolia que escorre de suas páginas. Não o tipo que beira o lírico; mas a melancolia desesperançada e crua, que se agarra com força (uma válvula de escape, talvez?) ao aspecto racional, analítico, das coisas.
Inconfundivelmente inglês, Barnes faz de suas narrativas curtas terreno para falar de ausências e do que grita nelas, mas sem perder a ternura. Do viúvo que volta à ilha onde passava temporadas com a mulher ao herói italiano Garibaldi; da jovem pianista cega ao grupo de amigos que se reúne à mesa nos jantares de Phil e Joanna; do pintor mudo ao pai cuja perda de olfato o afasta da pele de sua mulher – relações estranhas e cômicas se escrevem à medida que reconhecemos que os desejos de felicidade desses personagens são, também, os nossos.
Julian Barnes venceu em 2011 o Man Booker Prize pelo romance O sentido de um fim.
Acidez e sarcasmo em toneladas marcam presença essencial em Pulso, terceira coletânea de contos do premiado Julian Barnes, e revelam-se ferramentas eficientes na sagaz crítica à sociedade inglesa de classe média. Os contos, em sua maioria contemporâneos – um ou outro se passa em tempos mais remotos –, estão conectados por uma essência comum, por um mesmo pulso.
Os relacionamentos – e sua partícula mais humana – são amplamente abordados, muitas vezes acompanhados de certo pessimismo (má notícia para os que enxergam o amor a partir de uma visão idealizada, não raro turva). O matrimônio, que nos é mostrado no momento da rotina e das incompatibilidades, a busca incessante por alguém, ou ainda, a nostalgia de um amor que já se foi, são temas de algumas das narrativas. Também há, no entanto, exemplos um pouco mais “românticos”, por assim dizer, como em “Cumplicidade”; ou outros que analisam o sentimento expondo-o a lentes de aumento, como no belo – mas ainda racional – “Carcassonne”.
As relações de amizade tampouco escapam da mira certeira e debochada de Barnes. Seja na tensão e competitividade veladas entre duas amigas escritoras (“Na cama com John Updike”), ou na miscelânea de assuntos discutidos entre um grupo de amigos de classe média alta, regados a um humor infame (e um bocado reflexivo), de “Na casa de Phil e Joanna” – que na realidade são quatro contos que mostram reuniões distintas do mesmo grupo de amigos.
Pulso conquista pelo humor singular, pelo sarcasmo – que aprecio em altas doses – e por um quê de deliciosa melancolia que escorre de suas páginas. Não o tipo que beira o lírico; mas a melancolia desesperançada e crua, que se agarra com força (uma válvula de escape, talvez?) ao aspecto racional, analítico, das coisas.
De todos os nossos sentidos, ele é o que tem mais aplicações, de uma breve impressão sobre a língua a uma reação estética sobre uma pintura. Também é o sentido que melhor descreve quem somos. Nós podemos ser melhores ou piores, felizes ou infelizes, bem-sucedidos ou fracassados, mas o que somos, dentro dessas categorias mais abrangentes, como nós nos definimos, por oposição a como somos geneticamente definidos, é o que nós chamamos de “gosto”. [...] O verdadeiro gosto, o gosto essencial, é muito mais instintivo e irrefletido. [...] Apaixonar-se é a expressão de gosto mais violenta que conhecemos.
[Conto: Carcassonne]
LEIA PORQUE
Através da narrativa dotada de personalidade e com um humor tipicamente inglês, Barnes se junta ao leitor na posição de espectador (por vezes também acusador) de uma série de situações e sentimentos que envolvem uma sociedade e o contato entre seus habitantes.DA EXPERIÊNCIA
Se tivesse de resumir a leitura em uma palavra, seria incrível. Pela narrativa ácida e, ainda assim, bela, que nos faz sentir dissecando vidas.FEZ PENSAR EM
Entre outras coisas, maços de cigarro – os brasileiros.
– Nós fomos ao Brasil no ano passado e as advertências contra o tabagismo são apocalípticas. [...] não têm nada a ver com a advertência bem comportada “O Governo de Sua Majestade...”. Ou “O Ministro da Saúde determinou que...”. No Brasil, eles dizem que partes de seu corpo vão cair. Tem um cara que foi numa loja e comprou um maço de... esqueci a marca. E quando ele estava saindo da loja, olhou para a advertência no maço, voltou para a loja, devolveu o maço e disse: “Este maço causa impotência. Você pode me vender um que só dê câncer?”
[Conto: Na casa de Phil e Joanna 1: sessenta por cento]
Onde comprar: Submarino
Título: Pulso
Título original: Pulse
Autor(a): Julian Barnes
Tradução: Christina Baum
Editora: Rocco
Edição: 2013
Ano da obra: 2011
Páginas: 240
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
13 comentários
Já ouvi falar desse livro, mas nunca vi nenhuma resenha dele. Sei lá, acho que não iria gostar da leitura, não faz nem um pouco o meu estilo :x
ResponderExcluirBjs,
Kel
www.itcultura.com.br
Adoro contos, ainda mais quando vêm recheados de acidez e sarcasmos, rsrs.
ResponderExcluirBeijos, Vanessa - Blog do Balaio
http://balaiodelivros.blogspot.com.br/
Oi Van, legal saber que você curte contos, eu também adoro, mas acho que a maioria dos blogueiros não curte muito, pelo que vejo nos comentários e tal. Além disso, o Barnes tem um texto incrível! Bjos!
ExcluirOie Aline =D
ResponderExcluirNão conhecia o livro e nem a autora, mas só o fato de vc ter citado que ele tem um toque de sarcamos já me deixou bastante curiosa!
Beijos e uma ótima semana!
;***
Ane Reis.
mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
@mydearlibrary
Oi Ane, tudo bom?! Eu sempre gosto de textos repletos de sarcasmo e ironia. O autor, Julian Barnes, tem uma narrativa que não te deixa desgrudar do livro. "Pulso" foi uma surpresa muito agradável!
Excluirótima resenha e até então não conhecia o livro.
ResponderExcluirBjs
eternamente-princesa.blogspot.com.br
Uau, só o título já me atraiu!!!
ResponderExcluirGostei!!
Beijos
http://plantaoonline.blogspot.com.br/
Gostei da resenha, muito bem feita
ResponderExcluirMas o livro não me chamou muita atenção
Beijos
@pocketlibro
http://pocketlibro.blogspot.com.br
Oi, Aline!
ResponderExcluirResenha muito bem escrita. Ainda não conhecia o livro, mas confesso que não chamou muito a minha atenção, não. =(
Beijos e obrigada pela visitinha lá no blog,
Inara
http://www.lerdormircomer.com.br/
Só pelo nome eu leria, profundo..
ResponderExcluirnunca ouvi falar desse livro, adoro textos ácidos
ResponderExcluirComentário inteligente e legal o seu:" Se tivesse de resumir a leitura em uma palavra, seria incrível. Pela narrativa ácida e, ainda assim, bela, que nos faz sentir dissecando vidas. "
ResponderExcluirAmo leituras assim, são as melhores, as narrativas diferenciadas, únicas, ácidas ou poéticas, belas, que pesam no leitor, o faz sentir algo estranho e inexplicável!
Garota das Letras - http://garotadasletras.blogspot.com.br/
Eu li O Sentido de um Fim do autor e gostei muito! A sinopse desse livro me conquistou logo de cara e sua resenha me deixou com vontade de ir até a livraria agora e comprar. Já está na lista de desejados!
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