Ao se mudar para uma modesta casa em Long Island, Nick Carraway torna-se espectador do mundo extravagante de seu vizinho, o milionário Jay Gatsby, cuja mansão abriga frequentes e esbanjadoras festas. A intenção de Gatsby – e sua motivação para perseguir o enriquecimento e o status – é apenas atrair um antigo amor, Daisy, então casada com o aristocrata Tom Buchanan.
Nick descobre, então, a vida dos endinheirados. Um meio feito de traições, rumores, mentiras, e solidão. Neste clássico, F. Scott Fitzgerald pinta um retrato da decadência de uma sociedade materialista e deslumbrada no pós-guerra dos Estados Unidos.
Como pano de fundo, os “loucos anos 20”, a era do jazz e da exuberância, tempo em que se dançavam o charleston e o fox-trot. Aproximando o olhar, enxergamos a América pós-Primeira Guerra, na qual pipocavam novos-ricos e emergia o contraste social; a América da Lei Seca e do crime organizado. Agora, um close poderoso e vemos uma história de amor frustrado. E vemos também Jay Gatsby.
O romance, que figura na lista dos mais importantes do século 20, descortina um amor como raramente se viu. A determinação de Gatsby em sua escalada social, ainda que objetiva, é nutrida tão somente por um sentimento à beira do lírico, deveras ingênuo e obsessivo. Sua Daisy é idealizada por ele, como que pintada com pincéis macios e pigmentos dourados. A luz verde emanada de sua casa, do outro lado da baía, é observada incansavelmente por Gatsby; algo como um sonho a ser alcançado, a razão maior de sua existência.
"Não há intensidade de ardor ou de euforia que possa desafiar aquilo que um ser humano é capaz de armazenar em seu fantasmagórico coração."
A figura de Gatsby é pouco a pouco desvendada no decorrer da leitura, ainda que a aura de mistério que o envolve lhe seja intrínseca. Detalhes de sua vida vão surgindo aos olhos do leitor – um observador em tempo integral, tal como Nick –, levando a que seja julgado das mais diferentes maneiras até que se chegue a uma só conclusão. Apesar de todo e qualquer detalhe sombrio acerca de suas posses, Gatsby é o único ser de verdadeiro valor humano dentre os que o rodeiam. Tudo o mais não passa de mera aparência.
No mesmo pacote, uma sociedade com seus valores corrompidos, e um “sonho americano” fadado ao fracasso justamente por seu aspecto inatingível, utópico. As festas na mansão de Gatsby são o próprio retrato do encanto, da perfeição de um lugar onde não existem problemas sociais nem econômicos. Mas, uma vez fora das noites regadas a álcool em plena lei seca, damos de cara com uma classe trabalhadora submetida a condições precárias, somente enxergada – e também vigiada – pelos grandes olhos de um outdoor do tal oculista Eckleburg.
Para além das aparências e do materialismo, no fim, existem barreiras muito mais sólidas do que se imagina – e do que imaginava até mesmo o próprio Jay Gatsby –, e talvez esta seja uma das mais marcantes mensagens dessa obra.
LEIA PORQUE...
Só o solitário e misterioso Jay Gatsby já vale a leitura. Fitzgerald nos presenteia com um personagem enigmático, que não é verdadeiramente conhecido nem por aqueles que povoam suas festas. Os rumores duvidosos que essas pessoas fazem acerca de Gatsby intrigam também o leitor.DA EXPERIÊNCIA...
Que delícia ler Fitzgerald! Narrativa rica e fluida, tão memorável quanto o próprio enredo.FEZ PENSAR EM...
Coco Chanel; as obras doidas – e sensacionais – de Salvador Dalí. E me fez lembrar que continuo desejando louca e urgentemente ler Paris é uma festa, de Hemingway.Título: O Grande Gatsby
Título original: The Great Gatsby
Autor(a): F. Scott Fitzgerald
Editora: L&PM
Edição: 2011 – Coleção L&PM Pocket
Ano da obra: 1925
Páginas: 208
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
34 comentários
Adorei sua resenha. Está ótima, como de costume!
ResponderExcluirEstou muito ansioso para ler esse livro, ainda mais agora que você comentou da narrativa do Fitzgerald - que era a única coisa que eu estava em dúvida se eu ia aprovar - é muito boa e fluida.
Grande abraço,
Gabriel(http://perdidonaslinhas.blogspot.com.br)
Gabriel, recomendo mesmo O Grande Gatsby. A temática é mais madura, mas creio ser um livro que agrade ao leitor que busca um drama com vislumbres de brilho e "sonho". Ainda assim, é um livro trágico (e por isso mesmo me encantou), em que o contraste do maravilhoso com a decadência se faz presente o tempo todo.
ExcluirAline, muuito show sua resenha. Eu já conheço o livro, mas não li ainda.
ResponderExcluirEstou louca de curiosidade. O problema é que tenho uma fila que só cresce kkk
Muito lindo seu blog viu. Estou seguindo e visitarei sempre que puder.
Beijo
http://elaeseuslivros.blogspot.com.br ♥
Adorei sua resenha. Eu achei bem difícil escrever uma resenha que refletisse exatamente o que eu achei do livro. Foi uma leitura difícil, mas extremamente válida e maravilhosa. O que eu mais gostei foi a maneira como o autor retratou a sociedade da época e o sonho americano.
ResponderExcluirGabi, realmente, também achei meio complicado colocar no "papel" o que achei do livro. São tantas coisas que me vi tendo que omitir grande parte das minhas impressões e comentários, senão acabaria escrevendo um livro quase hahaha. Tenho uma curiosidade natural pelos anos 20 e gostei de como o autor retratou a época.
ExcluirTenho muita vontade de ler esse livro bem antes da divulgação do filme tão comentado. Adoro a escrita de Fitzgerald. E vejo todos comentarem sobre esse enigma da fama e dinheiro personagem principal. Vamos lá, colocá-lo nas metas do ano. rsrs. Ansioso também pela atuação do DiCaprio nas telas. Abraços!
ResponderExcluirDe Frente com os Livros
Oi Li,
ResponderExcluirEntão, como ainda não vi o filme, vou tentar ler o livro antes. Mas confesso que tenho uma preguiça/preconceito imeeensa da cultura norte-americana em geral [incluindo seus artista, rs].
Entre um livro e outro e a correria do trabalho, resolvi ler o "Paris é uma festa" e tô no finzinho.
Super vale a pena, recomendo.
Me reviver muitas coisas de quando morava por lá. E é difícil não lembrar de meia-noite em Paris diversas vezes durante a leitura.
=**
Thaísss!! Sobre essa sua preguicinha com relação à cultura norte-americana, confesso que tenho um pouco disso também. Mas com Fitzgerald foi diferente porque há muitoooo tempo eu queria ler o autor. E não me arrependi nem um pouco!
ExcluirJura que você leu (já deve ter terminado, né!) Paris é uma festa??!! Com certeza, qualquer coisa que leio sobre a França também me faz lembrar de quando morei lá! ^^
Ah, O Grande Gatsby também me fez lembrar um pouco de Meia-noite em Paris; os carros que vinham cheios para as festas do Gatsby me fizeram pensar no carro que buscava Gil e outros ícones da época para os bares e festas...
Confesso: encalhei failmente nesse livro. Tô bem no comecinho, mas a leitura parece que não anda...
ResponderExcluirPoxa, eu gostei tanto da narrativa... É muito de gosto, ou talvez seja até uma questão de fase; de repente se você deixar um pouco de lado e pegar o livro em outro momento...
ExcluirAline, adorei sua resenha!
ResponderExcluirEu ainda não tenho esse livro. Sempre tive vontade de ler, mas tinha muito receio de ser uma leitura cansativa. Depois dessa resenha fiquei mais tranquila :)
Beijos,
Nanie
Vou comprar!
ResponderExcluirFaz um tempão que quero ler O Grande Gatsby - essa vontade se intensificou com o flime. Me parece muito fascinante o modo como o autor se propõe a explorar a decadência que reside no luxo no materialismo, na fama e na futilidade - ainda mais considerando o próprio período.
ResponderExcluirÓtima resenha!
Beijos!
Clara
labsandtags.blogspot.com
Eu assisti apenas ao filme e depois da incrível experiência fiquei doida para ler, pois sempre o livro é melhor do que a adaptação! Assim que tiver uma brecha nas minhas leituras pendentes irei correndo adquirir o meu exemplar!
ResponderExcluirBeijos
Blog Os Bastidores do Amor
Como sempre sensacional teu review! De longe tem sido um dos mais comentados nos últimos meses na blogosfera, e apesar desse ~~fuzuê~~ todo não tinha interesse, pela dúvida em relação a escrita de Fitzgerald. Recentemente li um conto dele e curti demais, só faltava mesmo um motivo pra ler Gatsby que encontrei agora no blog HAHAHAHA.
ResponderExcluirAbs :D
Aline,
ResponderExcluirNão sabia que existia o livro quando assisti ao trailer do filme pela primeira vez no cinema. Depois que descobri a sua existência, logo fiquei com muuuita vontade de lê-lo! Quero muito rs
Beijos,
Caroline.
http://criticandoporai.blogspot.com
Oie!
ResponderExcluireste livro nunca chamou muito minha atenção, mas agora com o filme no cinema eu estou até pensando em ler.
Beijos*
http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com
Poxa infelizmente ainda não li o livro e nem vi o filme.
ResponderExcluirBjs
http://eternamente-princesa.blogspot.com.br/
Estava lendo um livro esses dias emq e o personagem mencionava este autor. Fiquei curiosa pra saber mais sobre ele, mas acabei esqecendo. Eis que vejo sua resenha, acho que foi destino, é um sinal pra eu leia o Scott! hahah
ResponderExcluirbeijos
http://nolimitedaleitura.blogspot.com.br/
Hahah sendo sinal ou não, é fato que vale muitooo a pena ler O Grande Gatsby. Leia, leia, leia!!
ExcluirResenha sensacional como sempre, você escreve muito bem.
ResponderExcluirQuando li O Grande Gatsby pela primeira vez, não gostei, achei a escrita pesada e tal, faltou maturidade. No entanto, assim que saiu o primeiro trailer do filme, corri para a estante e peguei o livro para reler, e achei sensacional. Que escrita a do Fitzgerald!!!
http://triplamente.blogspot.com.br/
Ahhh, obrigada!! ^^
ExcluirPois é, o livro é mesmo sensacional. Mas ele tem algumas sutilezas que se, por exemplo, eu tivesse lido quando fosse mais nova talvez não tivesse apreciado tanto, talvez não tivesse podido chegar à essência da história. Achei legal que você releu o livro e gostou.
Oi Aline!
ResponderExcluirEstou morrendo de vontade de ler este livro, ainda mais depois que li que ele é bem diferente do filme (que eu também não vi).
Adorei a bolsa também!
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Eu gostei bastante do filme, mas é verdade que o livro é diferente. No livro fica mais perceptível a solidão que paira no meio de todo aquele glamour, de todas as festas. A decadência contrasta com o luxo de forma mais dura.
ExcluirAh, a bolsa é linda, né, não resisti e tive que comprá-la (adoro essa capa da estampa)! Bjão!
Humm... não sou mto fã desses tipos de livro, mas a sua resenha foi tão profunda... e as suas razões para ler tbm!
ResponderExcluirVou dar uma chance ao livro!
Beijos
http://plantaoonline.blogspot.com.br/
Vou ler sim, moça, vou ler sim! Sabe que eu o vi na biblioteca municipal e não quis pegá-lo? Sei lá o porquê, acho que não me senti preparado para usufruí-lo. Mas vou ler e passo aqui para te lembrar que o li, haha.
ResponderExcluirObrigado pelos elogios, deu um trabalhão conseguir fotos similares da regina e da clarice.
Abraços
Siiim, leia e depois me fala o que você achou!! É um livro que merece sua atenção, não deixe de levá-lo na sua próxima ida à biblioteca hehehe.
ExcluirImagina, fiquei realmente surpresa com as fotos comparando as duas. Muito parecidas.
Bjs!
Oi Aline, tudo bem? Eu confesso que só conheço essa obra por causa do filme e tenho muita curiosidade em lê-la. Sou doida em livros narrados em cenários históricos ricos como este. Bom saber que a leitura é fluída e que o personagem é envolvente, espero que eu consiga lê-lo, vou dar uma pesquisada no sebo na minha cidade e ver se encontro alguma edição do livro.
ResponderExcluirBeijos, Pah, Livros & Fuxicos
Eu tive que ler por causa de um trabalho da faculdade, mas também pelo filme. Eu fiquei doida quando soube do Leo nele e aproveitei o trabalho. Não gostei tanto assim do livro. Achei cheia de furos, principalmente por causa do narrador. Ele fica de fora de tudo e tem uma perspectiva bem tendenciosa. Bom, é a impressão que fiquei.
ResponderExcluirBjs, @dnisin
www.seja-cult.com
Oi Denise, realmente tudo o que sabemos fica condicionado à perspectiva do narrador, para o bem e para o mal. Mas, na minha opinião, eu gostei desse aspecto justamente por ele ser observador, e não estar totalmente inserido no meio social de Gatsby. Não achei que o livro seja menos rico por causa disso.
ExcluirPenso que é o tipo de leitura que a gente ama ou acha totalmente sem sal. Um beijão!!!
Sou louca para ler esse livro, mas é uma leitura que eu sempre adio, não sei por qual motivo.
ResponderExcluirEspero em breve poder ler, pelo menos ainda esse ano.
Bjs
Kel
www.itcultura.com.br
Todo mundo falando desse livro, filme, tem até na biblioteca da minha cidade, estou morrendo de vontade de pegar para ler, mesmo com minhas dúvidas quanto a história, mas adoro personagens enigmáticos, que prendem o leitor então...
ResponderExcluirGarota das Letras - http://garotadasletras.blogspot.com.br
Oi, Aline.
ResponderExcluirEsse livro já está na minha lista há um tempinho e fiquei com mais vontade por causa do filme. Quero ler antes de assistir, mas ainda não tinha lido nenhuma resenha. Adorei a sua. Me deixou mais confiante de que vou gostar.
Seu blog é muito bom! Parabéns. Estou seguindo.
Beijos.
http://navirj.blogspot.com.br
Obrigada, Nadia!! Leia sim, o livro é ótimo!
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