E se a violência no âmago de um ser humano pudesse ser ativada estimulando seu cérebro sem que o próprio indivíduo se desse conta?
Best-seller em seu país de origem, o thriller francês traz assassinatos frivolamente executados enquanto caminha pelas vias labirínticas da psique humana.
O mistério começa quando Lucie Henebelle, tenente de polícia na cidade de Lille, recebe um pedido de socorro: seu ex-namorado ficou cego depois de assistir a um curta-metragem anônimo, comprado do filho de um colecionador falecido, e sugere que isso se deva à existência de conteúdo escondido na película. Em paralelo, o comissário Franck Sharko, então analista comportamental da Divisão de Repressão à Violência, é convocado para seguir as investigações decorrentes da descoberta de cinco cadáveres cujas mãos, dentes e olhos foram arrancados, além do crânio serrado e cérebro desaparecido.
Basta um telefonema esquisito e não demora muito para que Lucie e Sharko estabeleçam alguma conexão entre os dois eventos. Mensagens subliminares, estimulação cerebral, pitadas de neuromarketing e histeria coletiva são alguns dos ingredientes da trama, sem esquecer os crimes violentos e a relação com a sétima arte. Inspirador.
À medida que se conhecem melhor, Sharko e Lucie percorrem distâncias (Egito, Bélgica, Canadá, e mesmo o interior da própria França) atrás de pistas promissoras que envolvem hospitais e orfanatos, e investigam sobre um cineasta visionário em um projeto tão bizarro quanto cruel datado dos anos 50. Ainda, deparam-se com a chamada “síndrome E” e com vislumbres da origem da violência.
Ao lado do mistério e das investigações, acompanhamos o desenvolvimento dos protagonistas que, por sua vez, enfrentam crises e demônios pessoais. Traumatizado pela perda da mulher e filha, Sharko é atormentado pela “presença” de uma garotinha fissurada por marrons-glacês e molho coquetel; já Henebelle sente a carreira distanciá-la cada vez mais das filhas pequenas. Tempero intrigante para a história, não fosse o fato de que A Síndrome E faz parte de uma série cujos títulos anteriores não foram lançados no Brasil – a impressão é a de que, nas entrelinhas, espera-se que o leitor já conheça algo dos personagens. Talvez isso explique o porquê de termos de nos contentar com meros flashes do passado dos personagens em questão, em especial o de Sharko.
O desfecho deliciosamente angustiante nos leva a perguntar, ainda pensando nesse assunto de série, se o próximo volume, Gataca, traz uma continuação direta do conflito que parece iniciar-se nas linhas finais de A Síndrome E. Pessoalmente, gostaria de acreditar numa resposta positiva.
LEIA PORQUE...
A Síndrome E une elementos diversos numa mesma trama, traz conspirações e forte presença do científico – toda a parte relacionada à neurologia –, que é o grande ponto forte do livro.DA EXPERIÊNCIA...
Não superou tremendamente minhas expectativas, mas atendeu-as perfeitamente bem. Um bom thriller que eu recomendaria, sim.FEZ PENSAR EM...
Laranja Mecânica; as questões relacionadas ao cérebro, comportamentos gerados a partir de modificações cerebrais que, por sua vez, seriam conseguidas por meio de estímulos externos, vez ou outra me fizeram lembrar o condicionamento a que Alex é submetido na trama de Burgess. A utilização da imagem como meio de estímulo. E ainda, o personagem que fica cego por causa do curta misterioso atende por Ludovic; mera coincidência ou não, a terapia utilizada em Laranja Mecânica chama-se “Técnica Ludovico”.Título: A Síndrome E
Título original: Le Syndrome E
Autor(a): Franck Thilliez
Tradução: André Telles
Editora: Intrínseca
Edição: 2013
Ano da obra: 2010
Páginas: 368
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
7 comentários
Oi Aline,
ResponderExcluirEu tive a oportunidade de ler a prova do livro, pouco antes de ele sair por aqui. Foi uma grata surpresa, eu curti essa mistura do thriller médico com o de conspiração e tudo mais. Alguns pontos me desagradaram enquanto fã de literatura policial, mas nada que prejudicasse o meu "gostar" sobre a obra. Se quiser, dá uma conferida na minha resenha.
Beijos
Justamente, foi um livro do qual gostei bastante por envolver esse aspecto médico e psicológico também, mas como eu disse, as expectativas foram simplesmente atendidas. Não o achei um thriller arrebatador, mas gostei e quero sim ler o próximo volume da série. Beijo!
ExcluirAchei esse livro muito bom. Especialmente a abordagem científica, muito bem colocada diga-se de passagem.
ResponderExcluirAbraços
Juan - sempre-lendo.blogspot.com.br/
Oi Juan, também me atraiu muito a abordagem científica no livro; aliás, devo dizer que em matéria de policial eu geralmente sinto atração especial por temas que tenham algum aspecto científico.
ExcluirAdorei esse livro, um dos melhores que li esse ano, sem dúvidas. O gênero policial é o meu preferido e "A Síndrome E" ainda tem um algo a mais, um caso bem mais complexo que a maioria dos livros do gênero, e a escrita do autor é ótima, assim como as referências que o livro traz. Atualmente eu estou lendo a sequência, Gataca, e estou gostando muito, também, é do mesmo nível do anterior, só que ainda preferido "A Síndrome E" porque trata de cinema, enquanto o outro trata de genética, então fica clara a minha preferência, hehe. Mas o autor entrou pra minha lista de preferidos, com certeza, lerei qualquer coisa que ele lançar daqui pra frente. ;D
ResponderExcluirEstou, digamos, ansiosa para ler Gataca. Apesar de gostar muito desse tema envolvendo cinema, simplesmente adoro mistérios que envolvam genética, acho um assunto bárbaro, por isso minha empolgação com Gataca. Vamos ver o que vai ser, né!
ExcluirEstou querendo ler esse livro faz um tempinho, bom saber que ele é algo que dá para encarar e não vamos ficar frustrado. Anotadinho já p/ ler.
ResponderExcluirAndy_Mon petit Poison
POISON BOOKS - Beemote (Scott Westerfeld) bit.ly/Jf00bB