Uma trama simples com uma mensagem tão óbvia quanto naïve. Essa é a primeira impressão que se tem do livro A Loja dos Suicidas, do francês Jean Teulé.
Uma família meio macabra, à la Addams, dedica-se a cuidar de uma loja de produtos para suicídio. Eles mesmos com tendência suicida, só não cumprem o destino que vendem porque caso todos os membros da família se suicidassem não haveria quem tocasse a loja por eles.
Os dois filhos adolescentes, Vincent e Marilyn, seguem o perfil depressivo e suicida dos pais; já o caçula caminha em sentido totalmente oposto. De riso fácil e extremamente otimista – hello, Poliana? –, o pequeno Alan faz de tudo para mudar a natureza da própria família, irritando de tal maneira os pais e irmãos a ponto de ser enviado para passar uma temporada numa escola de camicases.
Se até a metade a história tem ar bobo, caricato demais e sem verdadeira identidade, logo após somos cativados por passagens reflexivas, dotadas até de algum teor poético. A partir de então, o enredo mostra certo significado que ultrapassa a linha do óbvio.
O humor negro é uma constante na narrativa e, igualmente, na rotina do casal Tuvache e seus três rebentos – todos eles nomeados a partir de suicidas famosos: Vincent (Van Gogh), Marilyn (Monroe) e Alan (este vale a pena conferir no livro: a história por trás do nome é bem curiosa). Vez ou outra, uma comicidade meio forçada dá as caras, mas nada que chegue a níveis irritantes. Vale ressaltar também os produtos e kits de suicídio vendidos na loja dos Tuvache, que são até bem criativos.
A Loja dos Suicidas poderia ser apenas mais uma leitura regular. Contudo, o final traz uma importante reviravolta e... reviravoltas são legais. Ao prometer o esperado, a trama dá uma rasteira inesperada no leitor e o deixa boquiaberto nas linhas finais do romance. Digamos que a surpresa é suficiente para repassarmos toda a história mentalmente a fim de encontrar alguma pista que indique uma justificativa e o significado real do desfecho.
E o melhor: a obviedade e a ingenuidade precipitadamente atribuídas à trama são colocadas em dúvida. Antes regular, o livro vira bom e, graças ao final inesperado, terminamos com um materialzinho para algumas reflexões pós-leitura.
LEIA PORQUE...
É simples, rapidinho de ler, tem algo de humor negro e é diferente do que vemos por aí. Além disso, tem um final que realmente não é esperado.DA EXPERIÊNCIA...
Uma boa recomendação é não esperar por personagens profundos e altamente desenvolvidos, nem uma trama complexa. Um livro bom, que tem suas particularidades.FEZ PENSAR EM...
A Pequena Loja de Suicídios, filme de animação baseado no livro. Lançado em 2012, tem direção de Patrice Leconte.Ainda quero assisti-lo – dá para ver online em alguns sites e até no YouTube – e creio, sinceramente, que a adaptação deve ser bem mais interessante que o livro. De cara, já conquista pelo visual. Confiram o trailer:
Título: A Loja dos Suicidas
Título original: Le Magasin des Suicides
Autor(a): Jean Teulé
Tradução: Cordélia Magalhães, Graziella Marraccini
Editora: Ediouro
Edição: 2010
Ano da obra: 2007
Páginas: 144
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
8 comentários
Comecei esse livro há um tempo bem empolgada, mas desisti depois de algumas páginas. Saber que ele melhora depois do meio me anima um pouco pra dar uma segunda chance pra ele!
ResponderExcluirConcordo com você que no início o livro não promete muita coisa. Mas é verdade que melhora gradativamente e o final é desconcertante. =)
ExcluirFiquei realmente muito interessado nesse livro!
ResponderExcluirAdorei a sinopse do livro e a sua resenha foi bastante explicativa. Acho que o livro tem uma forma leve de tratar o desejo de morrer, só espero que não façam disso um motivo para chacota, afinal é um assunto sério. Fiquei curiosa, vai p a lista.
ResponderExcluirParabéns pela resenha e por ter garimpado o livro, nunca tinha ouivido falar nele.
Na verdade o tema é tratado com humor negro, com leveza sim, e a seriedade fica nas entrelinhas, em passagens um pouco mais profundas mas com sentido implícito. Descobri esse livro por acaso e fiquei louca por ele. No fim, a curiosidade e a expectativa eram altas demais, mas é um bom livro.
ExcluirOi Aline! Eu nunca tinha ouvido falar do livro, mas gostei desta capa, dá um tom tão bizarro e gosto destas historinhas com um lado mais negro.
ResponderExcluirBjos!!
Cida
Moonlight Books
Nunca tinha ouvido falar e achei bacana, como vc disse no início achei bobo, mas dps fui curtindo... já anotei ;)
ResponderExcluirAndy_Mon Petit Poison
POISON QUICKS - Desafio da Sopa de Letrinhas bit.ly/1mbxPt7
Nossa, que surpresa! Uma colega da faculdade sempre me indica o filme porque eu amo animação, mas nunca imaginei que fosse baseado em um livro! Agora tenho que ler o livro e ver o filme. Céus! hahahha
ResponderExcluirBjs!
http://nasquartasusamosrosa.blogspot.com.br/