Não estava seguro de que era bom para a saúde, as embalagens não deviam ser biodegradáveis, mas era simples, pouco caro, muito calórico e de sabor tranquilizante. O gosto lhe dava a impressão de encontrar uma família sem fronteiras, de reunir-se aos milhões de pessoas mastigando no mesmo instante um sanduíche idêntico. Como em uma coreografia internacional, ele executava os mesmos passos e gestos de pagar, de transportar o prato, de beber a Coca e de ingerir as batatas fritas e o sanduíche que outros bailarinos-consumidores em templos exatamente semelhantes. Ele sentiu certo prazer, uma confiança, uma força nova em ser como os outros, com os outros.
[...] A meu ver, a grande divisão do mundo, bem, à parte todo esse negócio de classes sociais, a grande divisão do mundo é entre os que vão às festas e os que não vão. E esta divisão da humanidade, que data da época do colégio, persiste toda a vida sob outras formas.
- Eu não era convidado para as festas.
- Eu tampouco. Eles tinham medo, porque eu dizia o que pensava e eu pensava muito mal dos meus colegas. Eu detestava quase todo o mundo. Era genial. Mas agora, porque perceberam como nós somos fantásticos, eles querem convidar-nos para as festas de adultos, e fazer de conta que nada aconteceu, como se tudo estivesse esquecido. Mas não, nós não iremos.
- Eu não era convidado para as festas.
- Eu tampouco. Eles tinham medo, porque eu dizia o que pensava e eu pensava muito mal dos meus colegas. Eu detestava quase todo o mundo. Era genial. Mas agora, porque perceberam como nós somos fantásticos, eles querem convidar-nos para as festas de adultos, e fazer de conta que nada aconteceu, como se tudo estivesse esquecido. Mas não, nós não iremos.
Como me tornei estúpido, de Martin Page.
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
Nenhum comentário