Em evidência estão as aparências e a negação, tanto dos problemas familiares como também de qualquer coisa que ameace romper a redoma que envolve a imagem – ilusória – da “família feliz”. Assim é O Jantar, do holandês Herman Koch: um thriller psicológico dos mais sensacionais que tive o prazer de ler recentemente.
A ação se desenrola durante um jantar em um fino restaurante do qual participam os irmãos Paul (o narrador) e Serge Lohman, e suas respectivas esposas, Claire e Babette. Um incidente sério envolvendo Michel e Rick, os filhos adolescentes dos dois casais, deve ser discutido pelos pais naquela noite. Mas a tensão passa a predominar na mesa dos Lohman; gradativamente vem à superfície a seriedade do assunto relativo aos dois garotos, tema no qual a família hesita em tocar.
Narrando os fatos, Paul leva o leitor pela mão, a princípio por um caminho aparentemente claro, mas que adiante se revela tortuoso, formado por segredos e verdades distorcidas. O decorrer do jantar é intercalado com memórias do narrador, eventos passados relacionados à família, bem como os acontecimentos mais recentes envolvendo o filho e o sobrinho.
A trama é contada através da perspectiva de uma mente que não é exatamente como qualquer outra, e a isso é condicionada a integridade dos fatos e dos demais personagens. Este é, absolutamente, o aspecto mais interessante do livro. A partir do momento em que o leitor começa a “sacar” melhor o narrador, é inevitável questionar e formular pequenas teorias a respeito de seus atos e das críticas que ele tece – principalmente ao irmão.
O egoísmo é sentimento recorrente na trama; com o pretexto de proteger o próximo, busca-se proteger a si mesmo, mantendo intactas as próprias ilusões e a zona de conforto moral. Não há certo nem errado; apenas assistimos às medidas que vão sendo tomadas e suas possíveis consequências em relação aos atos cometidos pelos dois jovens.
Teriam os garotos sofrido alguma influência da educação parental? Haveria mesmo um motivo para isentar esses pais de qualquer responsabilidade? Ou ainda, até que ponto pode-se chegar para proteger um filho?
O Jantar perturba ao jogar com o psicológico, com valores morais e até com a questão da impunidade. Um jogo perigoso e tão complexo quanto a própria essência do ser humano.
A ação se desenrola durante um jantar em um fino restaurante do qual participam os irmãos Paul (o narrador) e Serge Lohman, e suas respectivas esposas, Claire e Babette. Um incidente sério envolvendo Michel e Rick, os filhos adolescentes dos dois casais, deve ser discutido pelos pais naquela noite. Mas a tensão passa a predominar na mesa dos Lohman; gradativamente vem à superfície a seriedade do assunto relativo aos dois garotos, tema no qual a família hesita em tocar.
Narrando os fatos, Paul leva o leitor pela mão, a princípio por um caminho aparentemente claro, mas que adiante se revela tortuoso, formado por segredos e verdades distorcidas. O decorrer do jantar é intercalado com memórias do narrador, eventos passados relacionados à família, bem como os acontecimentos mais recentes envolvendo o filho e o sobrinho.
A trama é contada através da perspectiva de uma mente que não é exatamente como qualquer outra, e a isso é condicionada a integridade dos fatos e dos demais personagens. Este é, absolutamente, o aspecto mais interessante do livro. A partir do momento em que o leitor começa a “sacar” melhor o narrador, é inevitável questionar e formular pequenas teorias a respeito de seus atos e das críticas que ele tece – principalmente ao irmão.
O egoísmo é sentimento recorrente na trama; com o pretexto de proteger o próximo, busca-se proteger a si mesmo, mantendo intactas as próprias ilusões e a zona de conforto moral. Não há certo nem errado; apenas assistimos às medidas que vão sendo tomadas e suas possíveis consequências em relação aos atos cometidos pelos dois jovens.
Teriam os garotos sofrido alguma influência da educação parental? Haveria mesmo um motivo para isentar esses pais de qualquer responsabilidade? Ou ainda, até que ponto pode-se chegar para proteger um filho?
O Jantar perturba ao jogar com o psicológico, com valores morais e até com a questão da impunidade. Um jogo perigoso e tão complexo quanto a própria essência do ser humano.
LEIA PORQUE
Um livro totalmente “psicológico”, perturbador e que semeia a discórdia na mente do leitor.DA EXPERIÊNCIA
Gosto de encontrar o dúbio, de me ver perante histórias que me fazem repensar conceitos e me perguntar o que eu faria em tal e tal situação. O Jantar tem isso e mais um pouco. Leitura excelente.FEZ PENSAR EM
Folhas Caídas, de Thomas H. Cook. Apesar de ser um suspense policial, também traz a questão dos problemas familiares velados, das máscaras usadas no cotidiano, da ilusão de “felicidade”, e questiona até que ponto se conhecem verdadeiramente – ou não – as pessoas que vivem em um mesmo lar.
Onde comprar: Amazon Título: O Jantar
Título original: Het Diner
Autor(a): Herman Koch
Tradução: Alexandre Martins (traduzido da edição britânica, The Dinner)
Editora: Intrínseca
Edição: 2013
Ano da obra: 2009
Páginas: 256
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
16 comentários
Já quase peguei esse livro pra ler, mas acabei levando outra coisa no lugar. Agora fiquie curiosa pra saber o que aconteceu com os dois meninos!
ResponderExcluirMareska, o livro é bom demais, mesmo! Principalmente se você curtir algo com pegada mais psicológica, com certeza vai amar. =)
ExcluirOi, tudo bem?
ResponderExcluirEu ainda não conhecia a história desse livro e, uau. Eu preciso dele com urgência. Parece ser bem interessante e no estilo que gosto.
Beijos,
Juan Silva - http://asasliterarias.com/
Um thriller e tanto, de verdade. Recomendo sem hesitar!
ExcluirConcordo com vc! Livro extremamente perturbador! Esse "Folhas Caídas" eu não conhecia não, vou providenciar! :)
ResponderExcluirAdoro tramas mais psicológicas. Então, Folhas Caídas vai mais para o lado do policial, mas também é bem psicológico e envolve o ambiente e relações familiares. Foi um livro do qual gostei bastante e recomendo.
ExcluirSerá que esse livro serviu de base para a história do filme "Deus da carnificina", do Polansk? É praticamente a mesma coisa...e o filme é extremamente bom!!
ResponderExcluirAbs.
Rui Dias
Caramba, Rui, sabe que pensei a mesma coisa e quaaaase falei sobre isso no tópico "fez pensar em..."!!! Só não o fiz porque como não assisti ao Carnage ainda, não queria postar sem ter muita certeza do que estou falando - sei do que se trata a história, mas por não ter visto o filme não conheço todas as nuances e o que se passa exatamente na trama. Mas gostei demais de saber que realmente tem a ver com a temática do livro; mais um motivo para eu assistir ao filme o quanto antes.
ExcluirAline
ExcluirEu pesquisei um pouco e a história do filme é baseada em um peça (de uma francesa acho) de teatro. Então parece que é uma dessas coincidências da vida artística.
E veja o filme mesmo, as atuações são brilhantes.
Abs.
Rui
Procurarei assistir assim que possível!!!
ExcluirOlá
ResponderExcluirEu já vi esse livro nas livrarias por várias vezes e nunca me interessei muito sabe?
mas, pela sua resenha parece ser bem legal!
Parabéns ^^
Adorei o seu blog, estou te seguindo!
Beijos,
C.
Obrigada, Carolina! Volte mais vezes e fico esperando seus comentários! =)
ExcluirDe fato, este livro é bom, perturbadoramente bom. Foi uma leitura surpreendente, e dado momento realmente tive dúvidas sobre se aquilo estava realmente ocorrendo. Koch concebeu um thriller psicológico digno de ser classificado como tal. Aliás, o livro foi adaptado para o cinema.
ResponderExcluirAbraços
Juan - sempre-lendo.blogspot.com.br/
Olha, esta será uma adaptação pela qual esperarei ansiosa... =)
ExcluirThriller psicológico é um dos meus gêneros favoritos! Adoro mergulhar na história e duvidar até dos meus próprios pesamentos... é insano! hahaha
ResponderExcluirFiquei muito curiosa para ler, espero que seja tão bom quanto uma das minhas últimas experiências no gênero: 'No Escuro'. ;)
Ei, Amanda, valeu pela dica. Não conhecia "No Escuro"; li a sinopse no skoob e fiquei muito interessada. Thriller psicológico também é um dos meus gêneros preferidos.
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