"Num belo dia de verão, se assim posso dizer, pois fazia um mau tempo, recebi um cartão-postal da Escócia. Alguém de quem gosto demais, o professor Jean-Charles Piette, “Monsieur Piette”, como eu o chamo intimamente, mandava-me algumas palavras da ilha de Skye. O cartão começava assim: ‘Uma semana roubada de férias na Escócia.’"
Assim começa O Sal da Vida, best-seller da antropóloga francesa Françoise Héritier. Porque a palavra “roubada” lhe salta diante dos olhos, a autora tece uma carta-resposta explicando ao amigo que, ao contrário de “roubar” suas férias, é sua própria vida o que ele rouba todos os dias. Ao se entregar exaustivamente ao trabalho, Monsieur Piette tira de si mesmo o tempo de desfrutar das pequenas coisas prazerosas da vida – ainda que o trabalho lhe seja também uma fonte de prazer.
Segue-se então uma longa lista em forma de monólogo – com duração de vários dias, inclusive –, em que a autora enumera pequenas coisas que conferem graça e leveza à vida, celebrando o existir, pura e simplesmente. Atos, acontecimentos e sentimentos diminutos que são parte do cotidiano e que, tantas vezes, não aguçamos os sentidos para percebê-los ou simplesmente não nos damos tempo de aproveitá-los de forma plena. Coisinhas que dão o tempero, o sal da vida. Que fazem toda a diferença.
Ao nos colocarmos no lugar do destinatário dessa resposta, tão simples e direta, percebemos uma verdade incontestável: o equilíbrio é o grande segredo da felicidade. Ou, pelo menos, um deles. E é com tantas coisas em tão poucas páginas que a autora nos conta isso.
Apesar da mensagem universal, O Sal da Vida pode ter um sentido particular a cada leitor. Em todos e em cada um dos casos, o livro é uma lufada de frescor. É também, e principalmente, uma intimação a repensar a maneira – e o ritmo – como temos levado nossos dias.
LEIA PORQUE...
Com uma mensagem superpositiva, o livro fala de pequenos prazeres cotidianos e, como diz na capa, do que faz a vida valer a pena. E importante: sem ser um livro de autoajuda – nada contra, mas eu não curto.DA EXPERIÊNCIA...
Para ler numa “sentada” só e terminar as 108 páginas enxergando a vida de outra maneira. Pode não operar milagres, mas dá um colorido especial ao dia.FEZ PENSAR EM...
Sabe os pequenos prazeres da Amélie Poulain? Então, algo mais ou menos por aí...Título: O Sal da Vida
Título original: Le Sel de la Vie
Autor(a): Françoise Héritier
Tradução: Maria Alice A. de Sampaio Dória
Editora: Valentina
Edição: 2013
Ano da obra: 2012
Páginas: 108
Onde comprar: Saraiva | Fnac | Submarino
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
8 comentários
Oi Aline, tudo bem?
ResponderExcluirEstava ansiosa por essa resenha :)
Acho"corriqueiro" esse tipo de tema, mas ainda assim gosto demais de livros com esse tipo de mensagem. Nós estamos cansados de saber que equilíbrio é a palavra chave, mas ainda assim complicamos demais as coisas.
Vou gostar desse livro!
Beijos,
Pah - Livros & Fuxicos
É isso mesmo, o tema é corriqueiro e não traz novidade logo de cara, mas a forma com que esse livro é escrita é diferente, sei lá, especial. Você lê e se sente inspirada. =)
ExcluirMuito bom!!
ResponderExcluirA vida deve ser vivida de forma útil, transformadora e conservadora, esse é o significado do sal.
Beijos!
http://fabi-expressoes.blogspot.com.br/
Disse tudo! =)
ExcluirAh é um livro bem gostosinho eu adorei ler <3
ResponderExcluirxoxo
http://amigadaleitora.blogspot.com.br/
Verdade! Daqueles que a gente lê bem rapidinho, também gostei bastante. ^^
ExcluirQue capa linda! *__*
ResponderExcluirAmei a resenha, Aline. Engraçado que estava pensando sobre isso esses dias. A modernidade está levando as pessoas a fazerem mil coisas ao tempo e deixando de lado as relações sociais, o lazer ou até mesmo um tempinho pra si mesmo.
Harmonia e simplicidade são fundamentais na balança do equilíbrio! :D
Bjs ;)
Concordo com você, a capa é lindinha. A mensagem do livro também; ao invés de simplesmente explicar essa questão da correria, do desligamento em relação aos detalhes e às coisas simples da vida, a autora dá exemplos simpáticos, verdadeiros e com os quais a gente se identifica. Vale a pena ler!
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