Resenha: A verdade sobre o caso Harry Quebert, de Joël Dicker
Intrínseca 20 de agosto de 2014 Aline T.K.M. 12 comentários
Atração da última Flip, o suíço de 29 anos Joël Dicker tem sido tratado como fenômeno por causa de A verdade sobre o caso Harry Quebert, seu segundo romance, lançado recentemente. Finalizada a leitura, o que dizer de toda essa extraordinariedade que vem sendo vendida a respeito do livro?
Marcus Goldman é um jovem escritor que, aos trinta anos e após o sucesso de seu livro de estreia, passa pela temida crise da falta de inspiração. Decide passar uma temporada na cidadezinha de Aurora, na casa do grande escritor Harry Quebert (seu antigo professor, mentor e amigo desde os tempos de faculdade).
Ali, Marcus descobre que, no verão de 1975, Harry – então com 34 anos – teve um romance com uma adolescente de quinze anos, Nola Kellergan, desaparecida em agosto do mesmo ano. O caso, nunca elucidado, caíra no esquecimento; até que o cadáver de Nola é descoberto enterrado no jardim da propriedade de Harry Quebert, 33 anos após seu desaparecimento.
Para provar a inocência do amigo, Marcus decide começar uma investigação por conta própria. Enquanto isso, seu editor o pressiona: só lhe restam algumas semanas para entregar o original do seu segundo livro, ainda inexistente. Agora, além de salvar a própria carreira de escritor, Marcus ainda se obriga a descobrir o que aconteceu naquele verão de 1975 e a identidade do verdadeiro assassino da jovem Nola.
Marcus Goldman é um jovem escritor que, aos trinta anos e após o sucesso de seu livro de estreia, passa pela temida crise da falta de inspiração. Decide passar uma temporada na cidadezinha de Aurora, na casa do grande escritor Harry Quebert (seu antigo professor, mentor e amigo desde os tempos de faculdade).
Ali, Marcus descobre que, no verão de 1975, Harry – então com 34 anos – teve um romance com uma adolescente de quinze anos, Nola Kellergan, desaparecida em agosto do mesmo ano. O caso, nunca elucidado, caíra no esquecimento; até que o cadáver de Nola é descoberto enterrado no jardim da propriedade de Harry Quebert, 33 anos após seu desaparecimento.
Para provar a inocência do amigo, Marcus decide começar uma investigação por conta própria. Enquanto isso, seu editor o pressiona: só lhe restam algumas semanas para entregar o original do seu segundo livro, ainda inexistente. Agora, além de salvar a própria carreira de escritor, Marcus ainda se obriga a descobrir o que aconteceu naquele verão de 1975 e a identidade do verdadeiro assassino da jovem Nola.
Intercalando passado e presente, a narrativa nos leva a acompanhar a sequência dos acontecimentos do verão de 75. Ao mesmo tempo, nos dias atuais e junto com Marcus, conhecemos a vida e a intimidade – e alguns fantasmas do passado – dos habitantes de Aurora.
Aspecto mais atraente da trama, a estreita relação mestre-discípulo fica evidente todo o tempo, em especial nos trinta e um conselhos que o famoso Harry Quebert dá ao então estudante Marcus Goldman. Abrindo cada um dos capítulos, Harry oferece a seu aluno considerações para a escrita de um bom livro – artifício interessante e experimentado até com certa delícia pelo leitor.
Quanto ao fenômeno... Bem, de fato, Dicker nos conta uma boa história, dotada de algo de prodigioso. Já a narrativa cumpre sua função corretamente; é estimulante, mas não chega a surpreender. A estrutura do romance, essa sim se faz notar. O narrador viaja do presente ao passado e ao presente novamente, de forma contínua e bem articulada. As partes "conversam" entre si e o passado emerge em momentos muito coerentes.
Contudo, vale ressaltar que na trama proliferam elementos um tanto manjados. Além da história de amor notadamente Lolita inspired (escritor chega a uma cidadezinha pacata e se apaixona por jovem recém-saída da puberdade), ainda temos o discípulo que repete os passos e características do mestre, religiosos que parecem ter algo a esconder, moça obcecada por amor platônico, desordens psicológicas, e por aí vai. E Dicker não economiza nas reviravoltas. Nem um pouco: ele faz questão de transformar todo mundo em possível culpado pela morte de Nola Kellergan, e chega uma hora que – sinto muito – isso parece forçado.
Mesmo assim, o autor acerta ao trabalhar todos esses elementos – mesmo que previsíveis – de forma a entregar ao leitor uma história que, se não é inesquecível, ao menos é envolvente e benfeita. Afinal de contas, A verdade sobre o caso Harry Quebert mantém a atenção do início ao fim, e todas as surpresas e segredos fazem com que a ansiedade de quem lê alcance níveis altos.
O livro poderia ter sido resolvido em menos páginas? Poderia. No entanto, o desfecho se revela digno e com todas as peças encaixadas em seus devidos lugares.
Um bom livro, sem dúvida. Ótimo, até. Recomendaria? Recomendaria. Agora, de novo: o que dizer de toda essa extraordinariedade que vem sendo vendida a respeito do livro? Bom, para esta pergunta ainda não tenho resposta.
Críticas à parte, foi um livro que gostei de verdade de ter lido. Esperava mais – maldito marketing editorial! –, mas curti muito.
Aspecto mais atraente da trama, a estreita relação mestre-discípulo fica evidente todo o tempo, em especial nos trinta e um conselhos que o famoso Harry Quebert dá ao então estudante Marcus Goldman. Abrindo cada um dos capítulos, Harry oferece a seu aluno considerações para a escrita de um bom livro – artifício interessante e experimentado até com certa delícia pelo leitor.
Quanto ao fenômeno... Bem, de fato, Dicker nos conta uma boa história, dotada de algo de prodigioso. Já a narrativa cumpre sua função corretamente; é estimulante, mas não chega a surpreender. A estrutura do romance, essa sim se faz notar. O narrador viaja do presente ao passado e ao presente novamente, de forma contínua e bem articulada. As partes "conversam" entre si e o passado emerge em momentos muito coerentes.
Contudo, vale ressaltar que na trama proliferam elementos um tanto manjados. Além da história de amor notadamente Lolita inspired (escritor chega a uma cidadezinha pacata e se apaixona por jovem recém-saída da puberdade), ainda temos o discípulo que repete os passos e características do mestre, religiosos que parecem ter algo a esconder, moça obcecada por amor platônico, desordens psicológicas, e por aí vai. E Dicker não economiza nas reviravoltas. Nem um pouco: ele faz questão de transformar todo mundo em possível culpado pela morte de Nola Kellergan, e chega uma hora que – sinto muito – isso parece forçado.
Mesmo assim, o autor acerta ao trabalhar todos esses elementos – mesmo que previsíveis – de forma a entregar ao leitor uma história que, se não é inesquecível, ao menos é envolvente e benfeita. Afinal de contas, A verdade sobre o caso Harry Quebert mantém a atenção do início ao fim, e todas as surpresas e segredos fazem com que a ansiedade de quem lê alcance níveis altos.
O livro poderia ter sido resolvido em menos páginas? Poderia. No entanto, o desfecho se revela digno e com todas as peças encaixadas em seus devidos lugares.
Um bom livro, sem dúvida. Ótimo, até. Recomendaria? Recomendaria. Agora, de novo: o que dizer de toda essa extraordinariedade que vem sendo vendida a respeito do livro? Bom, para esta pergunta ainda não tenho resposta.
LEIA PORQUE
É um bom livro de suspense. Mas aviso: não tem nada de tão fenomenal e fora do comum, principalmente aos olhos dos fãs de um thriller de respeito.DA EXPERIÊNCIA
Muitas coisas me remeteram descaradamente à Lolita do Nabokov, e não tomem isso como elogio – não aqui, pelo menos. Só que a ausência de detalhes, até físicos, do amor dito tão intenso entre Harry e Nola me fez duvidar um pouco dessa intensidade...Críticas à parte, foi um livro que gostei de verdade de ter lido. Esperava mais – maldito marketing editorial! –, mas curti muito.
FEZ PENSAR EM
Futuros livros do Joël Dicker. O cara tem potencial e eu leria mais dele, certamente. Mas iria um pouquinho mais cética.
Título: A verdade sobre o caso Harry Quebert
Título original: La verité sur l’affaire Harry Quebert
Autor(a): Joël Dicker
Tradução: André Telles
Editora: Intrínseca
Edição: 2014
Ano da obra: 2012
Páginas: 576
Onde comprar: Saraiva | Fnac | Submarino | Amazon (edição Kindle)
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
12 comentários
Eu tenho uma curiosidade enorme sobre esse livro. Li poucas resenhas, até mesmo para evitar spoilers. Curto muito o gênero suspense e assim que vi a capa desse, assim como as críticas positivas, coloquei na lista.
ResponderExcluirVi outras pessoas comentarem também que não é extraordinário. Mas, desde que a história tenha elementos inovadores, ainda que aparelhado de clichês, já está de bom tamanho. Particularmente, acho difícil encontrar um thriller que surpreenda em todos os sentidos, porque é mais complicado trabalhar com essa questão de mistérios, intrigas e afins. Só estou desanimada com o romance. Já fico com pé atrás quando deixa lacunas, porque uma relação amorosa tem que passar veracidade! xD
Eu não sabia que o autor era tão jovem! E já tem uma carreira promissora! :D
Bjs ;)
Concordo que a veracidade é importante, e senti sim um pouco falta disso no livro. Mas no geral é um livro muito bom, o problema é que fizeram muito "barulho" a respeito dele, daí a gente acaba indo com uma sede fenomenal ao pote hehe. Recomendo a leitura, sim, viu!
ExcluirEita, marketing é sempre complicado.
ResponderExcluirEstou nessa com o livro Se Eu Ficar.
Eu que gosto9 de thriler preciso saber mais sobre o autor e o livro ;)
Beijinhos, Helana ♥
In The Sky, Blog
Pois é! Ainda não comecei a ler Se Eu Ficar, mas meio que já imaginava que seria um esquema parecido, de expectativa e marketing em excesso. Quanto ao A verdade sobre o caso Harry Quebert, vale a pena ler (só não leia aquele monte de opiniões da mídia, e aí beleza).
ExcluirGostei do "maldito marketing editorial", expectativa sempre nos rondando... Fiquei bem interessado por esse livro quando o vi na turnê intrínseca, adorei tanto capa quanto sinopse. O bom que agora, se eu for ler, já irei sabendo mais ou menos no que estou pisando. Beijo!
ResponderExcluirNé, meu interesse também foi instantâneo, logo que vi a capa e soube algo do livro já quis muito ler. Mas é isso mesmo o que você disse, leia sim, mas sem colocar o pensamento no tanto que disseram que o livro é genial.
ExcluirAi, sua resenha me deu uma desanimada! Eu estava super a fim de ler esse livro e ontem, finalmente o comprei na Bienal de SP... bom, devo pegá-lo para ler no próximo mês, espero não me decepcionar muito!
ResponderExcluirBeijos
www.serleitora.com.br
Nãããão!!! Num desanima, não! =P Não me entenda mal, o livro é MUITO bom, somente não corresponde totalmente aos comentários da mídia e de tudo o que tem sido divulgado a respeito. Espero que goste, como eu disse, apesar de tudo o livro é bom e vale a pena. Bjs.
ExcluirLegal você ter avisado das expectativas, desde qur foi lançado me interessei e quase solicitei a editora, acho que vale a pena ser conferido já entrou na listinha dos próximos.
ResponderExcluirAbs
Aconteceu o mesmo comigo, me interessei logo de cara, e não me arrependi nem um pouco de tê-lo lido. É um livro muito bom. Então, se você ainda quiser, recomendo que o leia sim! A única coisa é que não dê tanta atenção a todos os elogios que superestimam o livro.
ExcluirOlá
ResponderExcluirEstou bem curioso pra ler esse livro. Confesso que vejo várias resenhas acerca dele e entre elas vejo pessoas que gostaram e pessoas que não gostaram nenhum pouco. Ainda quero ler pra tirar minhas próprias conclusões e digo que esta capa e título são bem chamativos.
Abraço!
www.umomt.com
Sim, pois é, as opiniões sobre o livro são bem divididas. E no meu caso também foi a mesma coisa, a capa e o título me atraíram bastante. Que nem eu disse, vale a pena ler sim, é um livro realmente bom; o meu erro talvez foi ter lido todos aqueles elogios da mídia e ter me embalado pela fama repentina do autor. E mesmo assim gostei do livro. Bjs.
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