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Quote da quinzena #17

À la française 13 de novembro de 2014 Aline T.K.M. 4 comentários


Ando pulando posts de "Quote da quinzena" mais que amarelinha...
Difícil selecionar quotes do Martin Page: dá vontade de transcrever o livro inteirinho! Os trechos desta quinzena são do livro A gente se acostuma com o fim do mundo, e trazem a acidez e o pessimismo que tanto adoro no autor. Confiram:

As estrelas não foram feitas para serem tocadas. Se alguém lhe oferece uma, desconfie, jogue-a fora com força, para bem longe, para que ela reencontre seu lugar no ventre do céu. Não se ganha nada de graça, ao menos nada que seja ao mesmo tempo puro e brilhante.

Não se deve confiar nas pessoas que têm medo da solidão, pois elas, na verdade, nunca estão realmente sós. Usam de vários expedientes para preencher com homens, mulheres ou álcool o vazio de sua imaginação. Ignoram que, na verdade, a solidão não pode ser preenchida. Ela não tem fundo. De nada serve fugir dela. A solidão é uma amante que precisa que lhe sejamos infiéis.

Não nos libertamos daquilo que é suave: uma vez envolvidos, é tarde demais para se opor.

Tinha amado a Bela Adormecida, seus cabelos de ouro e seus olhos fechados, o reino que ela prometia e a certeza de uma vida a dois. O príncipe se apaixona pela Bela Adormecida porque acha que ela não vai acordar. Surpreende-se quando ela abre os olhos. Não tinha previsto isso. Não sabe o que fazer e provavelmente a amaldiçoa por ter mudado de natureza. Amava-a dormindo. Agora que ela acordou, tudo só pode se estragar.

Há toda uma classe média assalariada da infelicidade; profissionais liberais que consideram ser, eles mesmos, a sua própria dor; operários que aceitam tudo no trabalho em cadeia da infelicidade industrial. Sem falar dos que vivem de renda e dos herdeiros.

Há uma fidelidade perante a infelicidade que as pessoas normais não podem compreender. A fidelidade à infelicidade é um patriotismo, um sentimento forte e belo, a recusa do esquecimento daqueles que se foram e de nossas emoções de então.

[...] Victor e ele tinham desenvolvido uma teoria segundo a qual qualquer vida podia ser reduzida a mais ou menos duas horas, ou seja, o tempo padrão de um longa-metragem. Depois de cortar as tomadas falsas, os trechos longos demais, as repetições, depois de repassar uma vida inteira num estúdio de montagem, não sobra quase nada de realmente interessante. Acreditamos viver noventa anos, mas não é verdade, não vivemos de fato mais do que duas horas.

Estava na idade em que os amigos começam a ter filhos, a casar e a morrer em acidentes de automóvel. E sua geladeira estava preenchida apenas por um enorme vazio. Isso sim era dramático.

Aos quarenta anos de idade, ainda nos perguntamos se fizemos a escolha certa. É a última vez em que nos colocamos a questão, porque, depois, arriscamo-nos a obter uma resposta muito triste.

A gente se acostuma com o fim do mundo, de Martin Page.


Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!

 

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4 comentários

  1. Que quotes lindos, irei procurar esse livro.

    Beijos!
    livrosdawis.blogspot.com.br

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    1. Oie, procure sim, vale a pena. Aliás, vale a pena ler qualquer coisa do Martin Page. ;-) Bjs,

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  2. Ah, eu tinha escrito um comentário aqui, mas acho que o blogger me trollou D=
    Enfim, o que eu tinha dito é que não conheço esse autor, mas me pareceu que ele escreve sobre vários temas. Ou eu é que não compreendi muito bem a essência dos quotes. De qualquer forma, são palavras profundas e muito bonitas, com significado e uma grande dose de verdade! Adorei.
    Beijos.

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    Respostas
    1. Então, eu adoro tudo o que o Martin Page escreve hehe, mas geralmente ele aborda o amor, também coloca umas críticas sociais no meio da narrativa, e ele tem umas tiradas mais ácidas e sarcásticas - o que eu mais gosto nele. Ah, sem falar no pessimismo. É que nesse livro ele fala sobre o amor, mas também sobre a carreira do personagem, enfim, acontecem várias coisas diferentes nesse livro. Bjs!

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