Apaixonar-se pelo melhor amigo tem futuro? Vale a pena arriscar? Da autora irlandesa Cecelia Ahern, Simplesmente Acontece (anteriormente publicado com o título Onde terminam os arco-íris) mostra que os sentimentos – e o destino – pregam inúmeras peças, mas dificilmente se enganam.

Rosie e Alex são os melhores amigos desde muito crianças. Viviam grudados durante todo o período escolar e também na adolescência, em Dublin. Tudo mudou de maneira repentina quando a família de Alex foi morar nos Estados Unidos. O tempo foi passando e a vida os levou por caminhos bem divergentes. Apesar de tudo, de todos os conflitos e dificuldades, a amizade continuou de pé, e mesmo um “algo mais”, uma paixão escondida até de si mesmos, que continuou a temperar a relação à distância entre a dupla. Será que eles perceberão a tempo a força desse sentimento que os une?

Antes de vir com esse papo de “detesto histórias de amor melosas”, saiba que existem as histórias de amor e as histórias de amor de Cecelia Ahern, que são coisas bem diferentes. Sem mais açúcar além do necessário, os livros da autora se destacam pela leveza e fluidez, tanto da narrativa como da própria trama. Não há qualquer exagero nem apelação sentimental; apenas uma excelente escritora contando uma história deliciosa e bem contemporânea.

Os personagens são, de longe, a melhor parte. Muito humanos – quase reais –, eles se divertem, têm sonhos e ambições, se desesperam, choram. A sensação é a de estar ouvindo as confissões de um amigo próximo. Isso porque a história toda (toda mesmo) é contada através de cartas. E também pequenos bilhetes, e-mails, cartões, convites de aniversário, SMS, chat, mensagens instantâneas, e tudo mais que possa ser escrito e enviado a alguém. Essa comunicação acontece não só entre os protagonistas, mas abarca todo o universo de pessoas que os envolve.

Além da eficácia de situar-nos no tempo e espaço, a estrutura epistolar é um bom artifício para conferir voz própria a cada um dos personagens, permitindo que acessemos o ponto de vista e os sentimentos genuínos de todos eles. E, claro, a narrativa neste caso fica muito mais dinâmica, abrindo espaço para a irreverência e o humor.

Simplesmente Acontece fala de amor, mas não é apenas uma história de amor. Os protagonistas são tratados de maneira global, aproximando o leitor de suas famílias, carreiras e ambições profissionais. Tudo isso perfeitamente encaixado no conflito principal.

Livro adorável – provavelmente o mais adorável que li em 2014 –, este aqui encanta pela simplicidade. Com linguagem bem informal, personagens que conquistam empatia e trama centrada na vida real, Cecelia Ahern consegue tocar o leitor em nível universal.

Simplesmente Acontece é um livro para quem ainda escreve cartas (ou troca e-mails imensos), para quem sente saudades, para quem tem uma paixão antiga ou, tão somente, para quem tem um grande amigo. Um livro sobre encontros e desencontros, que constata não só a passagem veloz do tempo, mas a importância de aproveitá-lo intensamente. E mostra que, se o que está em jogo é a felicidade, sempre vale a pena arriscar.

LEIA PORQUE

É aquele livro fofo, mas sem frescura. A história é sincera, tocante e com certeza fará a memória de muitos de vocês dar alguns saltos e loopings durante a leitura.

DA EXPERIÊNCIA

Mil vezes amei! Ler Cecelia Ahern é sempre sinônimo de boa experiência. Aliás, que tal relembrar 5 motivos para ler a autora?

Agora só resta contar os dias para conferir a adaptação homônima (Love, Rosie, em inglês), que estreia nos cinemas brasileiros no dia 8 de janeiro de 2015.

FEZ PENSAR EM

Um Dia, de David Nicholls. Tanto pela história de amizade e paixão/amor que dura anos a fio, como também pelas protagonistas femininas: em ambos os livros elas são fortes e muito capazes, mas lhes falta boa dose de autoconfiança.

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Título: Simplesmente Acontece
Título original: Where rainbows end
Autor(a): Cecelia Ahern
Tradução: Amanda Moura, Ivar Panazzolo Júnior
Editora: Novo Conceito
Edição: 2014
Ano da obra: 2004
Páginas: 448