Semana passada fui ver Birdman no cinema, já esperando algo no mínimo bom, mas sem florear as expectativas. Que tolinha eu fui! O filme é de deixar boquiaberto, mesmo.

Seja por abordar o teatro e o cinema, pela trilha sonora muito adequada (e retumbante, eu diria – quem assistiu vai entender!), pela câmera que percorre quase que ininterruptamente os corredores do teatro, pela trama com teor crítico e psicológico... Birdman é um filme que não agrada a todo mundo, mas aqueles que curtem (e não são poucos!) são conquistados por sua perspicácia.

Saí do cinema satisfeitíssima por ter adiado os tantos filmes que quero ver na Reserva Cultural e Espaço Itaú da vida e encarado um Cinemark com o namorado para ver Birdman. Ainda em dúvida sobre se assistir ou não? Aqui vão 3 motivos que certamente vão resolver esse dilema:

1. O roteiro é EXCELENTE. Nos bastidores dos últimos ensaios até a estreia de uma peça na Broadway, acompanhamos os conflitos de ego, as frustrações, carências e inseguranças dos atores e da equipe – verdadeiras bombas prestes a explodir. Isso tudo enquanto mergulhamos no mundo revirado – e um tanto doentio – do protagonista e diretor do espetáculo, que no passado havia conhecido um extremo sucesso ao interpretar um super-herói no cinema e que agora tenta se reerguer.

Ainda, permeando toda a história, há uma crítica interessante ao mundo do espetáculo e entretenimento: a superestimação da fama e da popularidade vazia (alguém estar nos trending topics por um motivo qualquer tem mais relevância e alcance do que o trabalho cultural que essa pessoa vem realizando), o mundo de Hollywood e da Broadway, a falta de conteúdo e solidez do que é amplamente consumido e ovacionado pelo público geral. Nem mesmo os críticos culturais/de entretenimento passam incólumes pela trama.

2. Michael Keaton, Naomi Watts, Edward Norton e Emma Stone. O elenco faz a diferença em cada momento, e as atuações – destaque para o ex-Batman, Keaton – garantem o nível de tensão do espectador lá no alto.

3. Alejandro González Iñárritu é quem responde pela direção. O mexicano também dirigiu a excelente trilogia formada por Amores Brutos (um dos meus filmes favoritos), 21 Gramas e Babel, além de Biutiful (que ainda preciso muito ver), entre outros.




SINOPSE: No passado, Riggan Thomson (Michael Keaton) fez muito sucesso interpretando Birdman, um icônico super-herói. Entretanto, recusando-se a estrelar o quarto filme com o personagem, viu sua carreira entrar em decadência. Em busca da fama perdida e também do reconhecimento como ator, ele decide dirigir, roteirizar e protagonizar a adaptação de um texto consagrado para a Broadway. Em meio aos ensaios, Riggan precisa lidar com o ego do elenco – formado por Mike Shiner (Edward Norton), Lesley (Naomi Watts) e Laura (Andrea Riseborough) –, com seu agente Brandon (Zach Galifianakis), com a filha problemática (Emma Stone), e também com uma estranha voz que insiste em permanecer em sua mente.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) / Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance), de Alejandro González Iñárritu, EUA, 2014