Um dos meus livros favoritos, As Virgens Suicidas traça um retrato das cinco irmãs Lisbon que, como o próprio título diz, acabam se suicidando. Ao longo da narrativa, conhecemos alguns fatos e muitas especulações sobre essas meninas quase míticas na cabeça dos garotos locais, mantidas sob a vigilância permanente dos pais – principalmente da mãe, bastante severa.
Enfim, só mesmo o genial Jeffrey Eugenides para conceber algo tão intenso – não encontrei melhor definição! – quanto esse livro. Da mesma forma, só mesmo Sofia Coppola para filmá-lo à altura. Se ainda não leram o livro nem viram o filme, sugiro que o façam o quanto antes – sério! Por ora, confiram alguns quotes que fiz questão de anotar durante minha leitura...
Conhecemos o incômodo do vento subindo por baixo da saia no inverno e o sofrimento de manter os joelhos colados durante a aula, e descobrimos como era monótono e irritante ter de pular corda enquanto os meninos jogavam beisebol. Nunca conseguimos entender por que as meninas queriam tanto ser maduras, ou por que se sentiam na obrigação de elogiar umas às outras [...] Sentimos o encarceramento de ser uma menina, como isso deixava a mente ativa e sonhadora, e como elas acabavam sabendo naturalmente quais cores combinam melhor. [...] Ficamos sabendo, enfim, que na verdade as meninas eram mulheres disfarçadas, que compreendiam o amor e também a morte, e que o nosso trabalho era apenas gerar o ruído que parecia fasciná-las.
Quem poderia imaginar que elas falavam tanto, eram tão cheias de opinião e tão críticas em relação a tudo?
Virgin suicide
What was that she cried?
No use in stayin’
On this holocaust ride
She gave me her cherry
She’s my virgin suicide
What was that she cried?
No use in stayin’
On this holocaust ride
She gave me her cherry
She’s my virgin suicide
Uma janela do andar de cima poderia se abrir a qualquer momento, rompendo o lacre de efeméridas, e um rosto olharia para nós pelo resto de nossas vidas.
Quem poderia prever se nos acostumaríamos com aqueles sons? Com aqueles bolsos elásticos de cetim se fechando com alarde dentro de malas? Com bijuterias chacoalhando? Com o barulho de corcunda coxo das meninas carregando malas por um corredor anônimo? Estradas desconhecidas tomaram forma em nossas mentes. Nós nos vimos abrindo caminho pela mata fechada, descobrindo braços de rio e velhos estaleiros. Em algum posto de gasolina, pediríamos a chave do banheiro feminino, porque as meninas teriam vergonha de fazê-lo. Ouviríamos rádio com as janelas abertas.
As Virgens Suicidas, de Jeffrey Eugenides
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
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