‘Corrente do Mal’: com tensão constante, visual vintage e trilha sonora de destaque, o longa se sobressai
Cinema dos EUA 19 de agosto de 2015 Aline T.K.M. 4 comentários
O segundo longa de David Robert Mitchell surpreendeu. Selecionado para a Semana da Crítica do Festival de Cannes 2014, Corrente do Mal agradou público e crítica e teve inesperado sucesso nas bilheterias americanas.
A trama gira em torno de Jay Height (Maika Monroe), uma adolescente de 19 anos em uma entediante Detroit, que está começando a sair com um rapaz chamado Hugh (Jake Weary). Após a relação sexual, ele a alerta sobre uma maldição que acaba de transmitir a ela: a garota passará a ser perseguida por uma espécie de entidade maligna que só ela é capaz de enxergar, e que pode assumir a forma de qualquer pessoa (indivíduos bizarros, muitas vezes nus, pessoas conhecidas ou não). Esses seres caminham lentamente, mas uma hora eles sempre alcançam o amaldiçoado em questão. A única coisa que Jay pode fazer é passar a maldição adiante, tendo relação sexual com alguém; desta maneira, os seres malignos perseguirão o último amaldiçoado, mas, uma vez que o tenham pego, voltam a perseguir o penúltimo portador da maldição.
Andava bem desiludida com os filmes de horror produzidos de uns anos para cá, tanto que é bem difícil me fazer sair de casa para conferir algum lançamento do gênero. Feliz e inesperadamente, Corrente do Mal trouxe algo diferente da mesmice susto-sangue-susto-sangue que esperava encontrar.
Em um primeiro momento, a premissa pode não parecer tão atraente – a ideia de pegar uma maldição fazendo sexo e ter de repassá-la me soou algo estúpida, confesso. Mas... muita calma! Este é um daqueles casos em que vale a pena despir-se de pré-julgamentos e embarcar no que a história tem a oferecer.
Logo nos primeiros minutos acompanhamos uma outra adolescente que, visivelmente, foge de algo que nem as poucas pessoas que ela encontra nem os espectadores conseguimos entender de quê. O desespero da garota e o desfecho dessa fuga cria o clima que nos seguirá durante todo o longa.
De baixo orçamento e carregando um quê vintage no visual, o filme traz atmosfera de tensão permanente. O medo é o mais simples e instintivo que há: o de morrer, pura e simplesmente; neste caso nas mãos de um ser humanoide esquisito.
Aqui, David Robert Mitchell bebe de fontes clássicas e trabalha bem com o já há muito conhecido, e é isso o que justifica o merecido destaque que obteve esse terror indie. As tomadas longas e a amplidão dos espaços captada pela câmera contribuem para o medo e a sensação de alerta – algo pode surgir a qualquer momento e de qualquer canto.
Um ponto que nem de longe passa despercebido é a trilha sonora assinada por Disasterpeace (ou Richard Vreeland), conhecido pelo trabalho com chiptune – música produzida a partir de chips de som de computadores e videogames antigos. De vibe retrô e repleta de sintetizadores, a trilha embala os momentos de suspense e leva a tensão de quem assiste às alturas.
Ainda, não dá para deixar de mencionar um possível conteúdo metafórico inserido na trama, embora Mitchell afirme não ter pensado nisso ao conceber o roteiro. A maldição adquirida por jovens através do sexo pode ser relacionada tanto às doenças sexualmente transmissíveis, quanto com a perda da virgindade – e da inocência – e o peso que isso pode significar para as jovens em idade escolar (falatórios e julgamento da parte de outros jovens). Se as metáforas cabem ou não, não importa tanto; o mais interessante mesmo são as variadas possibilidades de interpretação, os diferentes olhares sob os quais a obra pode ser vista.
Mais para o lado do suspense do que do terror propriamente dito, Corrente do Mal agarra o espectador a partir dos minutos iniciais e entrega uma trama justa e instigante – não se deixe levar pelas primeiras impressões de uma sinopse, essa é a lição. Além, claro, de uma trilha sonora que vale a pena ser ouvida mais uma e outra vez.
A trama gira em torno de Jay Height (Maika Monroe), uma adolescente de 19 anos em uma entediante Detroit, que está começando a sair com um rapaz chamado Hugh (Jake Weary). Após a relação sexual, ele a alerta sobre uma maldição que acaba de transmitir a ela: a garota passará a ser perseguida por uma espécie de entidade maligna que só ela é capaz de enxergar, e que pode assumir a forma de qualquer pessoa (indivíduos bizarros, muitas vezes nus, pessoas conhecidas ou não). Esses seres caminham lentamente, mas uma hora eles sempre alcançam o amaldiçoado em questão. A única coisa que Jay pode fazer é passar a maldição adiante, tendo relação sexual com alguém; desta maneira, os seres malignos perseguirão o último amaldiçoado, mas, uma vez que o tenham pego, voltam a perseguir o penúltimo portador da maldição.
Andava bem desiludida com os filmes de horror produzidos de uns anos para cá, tanto que é bem difícil me fazer sair de casa para conferir algum lançamento do gênero. Feliz e inesperadamente, Corrente do Mal trouxe algo diferente da mesmice susto-sangue-susto-sangue que esperava encontrar.
Em um primeiro momento, a premissa pode não parecer tão atraente – a ideia de pegar uma maldição fazendo sexo e ter de repassá-la me soou algo estúpida, confesso. Mas... muita calma! Este é um daqueles casos em que vale a pena despir-se de pré-julgamentos e embarcar no que a história tem a oferecer.
Logo nos primeiros minutos acompanhamos uma outra adolescente que, visivelmente, foge de algo que nem as poucas pessoas que ela encontra nem os espectadores conseguimos entender de quê. O desespero da garota e o desfecho dessa fuga cria o clima que nos seguirá durante todo o longa.
De baixo orçamento e carregando um quê vintage no visual, o filme traz atmosfera de tensão permanente. O medo é o mais simples e instintivo que há: o de morrer, pura e simplesmente; neste caso nas mãos de um ser humanoide esquisito.
Aqui, David Robert Mitchell bebe de fontes clássicas e trabalha bem com o já há muito conhecido, e é isso o que justifica o merecido destaque que obteve esse terror indie. As tomadas longas e a amplidão dos espaços captada pela câmera contribuem para o medo e a sensação de alerta – algo pode surgir a qualquer momento e de qualquer canto.
Um ponto que nem de longe passa despercebido é a trilha sonora assinada por Disasterpeace (ou Richard Vreeland), conhecido pelo trabalho com chiptune – música produzida a partir de chips de som de computadores e videogames antigos. De vibe retrô e repleta de sintetizadores, a trilha embala os momentos de suspense e leva a tensão de quem assiste às alturas.
Ainda, não dá para deixar de mencionar um possível conteúdo metafórico inserido na trama, embora Mitchell afirme não ter pensado nisso ao conceber o roteiro. A maldição adquirida por jovens através do sexo pode ser relacionada tanto às doenças sexualmente transmissíveis, quanto com a perda da virgindade – e da inocência – e o peso que isso pode significar para as jovens em idade escolar (falatórios e julgamento da parte de outros jovens). Se as metáforas cabem ou não, não importa tanto; o mais interessante mesmo são as variadas possibilidades de interpretação, os diferentes olhares sob os quais a obra pode ser vista.
Mais para o lado do suspense do que do terror propriamente dito, Corrente do Mal agarra o espectador a partir dos minutos iniciais e entrega uma trama justa e instigante – não se deixe levar pelas primeiras impressões de uma sinopse, essa é a lição. Além, claro, de uma trilha sonora que vale a pena ser ouvida mais uma e outra vez.
TRAILER E INFOS
Corrente do Mal (It Follows) – 100 min.
EUA | 2014
Direção: David Robert Mitchell
Roteiro: David Robert Mitchell
Elenco: Maika Monroe, Keir Gilchrist, Daniel Zovatto, Lili Sepe, Olivia Luccardi, Jake Weary
Estreia: 27 de agosto
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
4 comentários
Finalmente um filme do gênero, que parece valer a pena, para assistir <3
ResponderExcluirOlha, considerando os últimos filmes de terror/suspense que assisti, este conseguiu me surpreender. Gostei muito da trilha sonora também. Acho que vale a pena, especialmente se você curte o gênero. Beijos.
ExcluirTem no Popcorn, bem fraco.
ResponderExcluirOlha, sabe que eu gostei. Eu estava assim bem decepcionada com o gênero terror/suspense, tanto que me recuso a ver esses filmes no cinema, mas Corrente do Mal conseguiu me prender durante toda a duração. A trilha sonora também me conquistou. Mas entendo que várias pessoas o achem fraco, mesmo no dia da cabine quando fui vê-lo, ouvi gente dizendo que esperava mais - a crítica internacional estava falando muito bem do filme, daí as expectativas crescem.
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