Resenha: Fundação (Trilogia da Fundação #1), de Isaac Asimov
Aleph 13 de novembro de 2015 Aline T.K.M. 8 comentários
Vocês sabem que desde o ano passado, quando descobri os livros de ficção científica, virei fã do gênero e coloquei na meta de leitura alguns títulos e autores essenciais. Um deles é a Trilogia da Fundação, principal obra de Isaac Asimov, um clássico da ficção científica e vencedor do prêmio Hugo de melhor série de ficção científica e fantasia, em 1966. Então li Fundação, o primeiro livro da trilogia, e... fiquei boquiaberta.
Num tempo em que a humanidade ocupa praticamente todos os planetas da Via Láctea, estabelecendo um Império Galáctico que já dura 12 mil anos e cuja capital é Trantor, somos apresentados a Hari Seldon. Psico-historiador, ele é capaz de prever o futuro das sociedades a partir de cálculos que envolvem psicologia, sociologia e estatística; é através de sua teoria matemática que ele prevê a queda do Império Galáctico, seguida de uma era de trevas e barbárie que duraria 30 mil anos.
Mas Seldon tem um plano para reduzir drasticamente esse tempo de trevas, de 30 mil para apenas mil anos. Assim, ele e um grupo de acadêmicos e seguidores são exilados no planeta Terminus, na extrema periferia da galáxia, onde é criada a Fundação e iniciado o Plano Seldon: dois grupos de cientistas em cantos opostos da galáxia, destinados a passar pela era das trevas e reconduzir a humanidade ao conhecimento. Um desses grupos é o que está em Terminus e é responsável pela criação da Enciclopédia Galáctica, que visa reunir todo o conhecimento da humanidade. Tudo é guiado por Hari Seldon através dos séculos, a partir de gravações e das previsões feitas em vida. Do outro grupo nada se sabe, nem sua localização nem a que se dedicam.
Eis o contexto do primeiro livro da trilogia. Aqui, diferentes histórias vão se sucedendo ao longo do tempo; a Fundação cresce e precisa enfrentar crises esporádicas. Centenas de anos se passam nas páginas do livro, períodos nos quais se passam conflitos dos mais diversos, ascensão e queda de modelos peculiares de domínio, bem como de seus líderes. Essas crises – conhecidas como Crises Seldon – foram um dia previstas por Hari Seldon e vão sendo superadas de forma diplomática, estratégica e política. Às vezes de maneira aparentemente passiva, com o mínimo de interferências individuais, a fim de que as coisas sigam seu curso natural e o planejamento de Seldon não seja afetado.
Não possuindo recursos naturais, a Fundação usa de outros artifícios e estratégias para ocupar posição de respeito entre os demais mundos. Um desses artifícios é o estabelecimento de uma espécie de religião baseada na energia nuclear – sua única riqueza e fonte de poder – e na crença de que a Fundação é um local sagrado. Mais adiante no tempo, esse poder foi transformado pelo comércio, realizado por comerciantes estrangeiros educados na Fundação.
A genialidade de Asimov neste início da trilogia está em cada um de seus elementos. Desde a figura de Hari Seldon, que influencia todas as histórias – estas se passam bem depois de sua morte – e é, junto com a própria Fundação, o verdadeiro protagonista do livro. Até os diferentes papéis e funções que, ao longo do tempo, vão emergindo e exercem influência fundamental nas crises e nas relações entre os planetas, como é o caso dos prefeitos, sacerdotes e comerciantes.
Bastante política e social, e apresentando elementos épicos, a trama vai se tecendo de forma fascinante; a ação propriamente dita está na complexidade dos conflitos e na perspicácia de suas soluções, na própria trajetória da Fundação e como ela consegue exercer domínio em seu entorno. Crise após crise, o Plano Seldon conduz a humanidade às bases da construção de um novo império. Mas será que é só isso? O mistério acerca do que verdadeiramente há por trás das previsões e do cuidadoso planejamento de Hari Seldon intriga não apenas o leitor, como também aqueles ligados à Fundação.
Cheia de nuances, a trilogia da Fundação foi inspirada no clássico A História do Declínio e Queda do Império Romano, do historiador Edward Gibbon. Na década de 80, quase trinta anos depois do lançamento da trilogia, Isaac Asimov expandiu a história e escreveu outros livros, tanto continuações como aventuras que antecedem este primeiro volume. Ainda nessa época, o autor realizou diversos ajustes na série, especialmente quanto à cronologia, de forma a integrar todos os seus livros e universos como parte de uma única linha do tempo.
Simples e acessível, mas extremamente inteligente, Fundação é leitura fundamental para os fãs de sci-fi e tem tudo para agradar também àqueles não têm familiaridade com o gênero. Conhecer este primeiro volume é um mergulho sem volta num universo incrível, mas há um risco: a avidez incontrolável para devorar os outros dois livros da trilogia, e todos os demais volumes que compõem o que virou a Série Fundação – ao todo, são 7 livros.
Expansionismo divino, crenças, manipulação, democracia, centralização, interesses; punhados generosos de tudo isso fazem de Fundação um livro surpreendente, que cria não apenas leitores, mas fãs de um autor e de uma história que permanecem sem igual até os dias de hoje.
Num tempo em que a humanidade ocupa praticamente todos os planetas da Via Láctea, estabelecendo um Império Galáctico que já dura 12 mil anos e cuja capital é Trantor, somos apresentados a Hari Seldon. Psico-historiador, ele é capaz de prever o futuro das sociedades a partir de cálculos que envolvem psicologia, sociologia e estatística; é através de sua teoria matemática que ele prevê a queda do Império Galáctico, seguida de uma era de trevas e barbárie que duraria 30 mil anos.
Mas Seldon tem um plano para reduzir drasticamente esse tempo de trevas, de 30 mil para apenas mil anos. Assim, ele e um grupo de acadêmicos e seguidores são exilados no planeta Terminus, na extrema periferia da galáxia, onde é criada a Fundação e iniciado o Plano Seldon: dois grupos de cientistas em cantos opostos da galáxia, destinados a passar pela era das trevas e reconduzir a humanidade ao conhecimento. Um desses grupos é o que está em Terminus e é responsável pela criação da Enciclopédia Galáctica, que visa reunir todo o conhecimento da humanidade. Tudo é guiado por Hari Seldon através dos séculos, a partir de gravações e das previsões feitas em vida. Do outro grupo nada se sabe, nem sua localização nem a que se dedicam.
Eis o contexto do primeiro livro da trilogia. Aqui, diferentes histórias vão se sucedendo ao longo do tempo; a Fundação cresce e precisa enfrentar crises esporádicas. Centenas de anos se passam nas páginas do livro, períodos nos quais se passam conflitos dos mais diversos, ascensão e queda de modelos peculiares de domínio, bem como de seus líderes. Essas crises – conhecidas como Crises Seldon – foram um dia previstas por Hari Seldon e vão sendo superadas de forma diplomática, estratégica e política. Às vezes de maneira aparentemente passiva, com o mínimo de interferências individuais, a fim de que as coisas sigam seu curso natural e o planejamento de Seldon não seja afetado.
Não possuindo recursos naturais, a Fundação usa de outros artifícios e estratégias para ocupar posição de respeito entre os demais mundos. Um desses artifícios é o estabelecimento de uma espécie de religião baseada na energia nuclear – sua única riqueza e fonte de poder – e na crença de que a Fundação é um local sagrado. Mais adiante no tempo, esse poder foi transformado pelo comércio, realizado por comerciantes estrangeiros educados na Fundação.
A genialidade de Asimov neste início da trilogia está em cada um de seus elementos. Desde a figura de Hari Seldon, que influencia todas as histórias – estas se passam bem depois de sua morte – e é, junto com a própria Fundação, o verdadeiro protagonista do livro. Até os diferentes papéis e funções que, ao longo do tempo, vão emergindo e exercem influência fundamental nas crises e nas relações entre os planetas, como é o caso dos prefeitos, sacerdotes e comerciantes.
Bastante política e social, e apresentando elementos épicos, a trama vai se tecendo de forma fascinante; a ação propriamente dita está na complexidade dos conflitos e na perspicácia de suas soluções, na própria trajetória da Fundação e como ela consegue exercer domínio em seu entorno. Crise após crise, o Plano Seldon conduz a humanidade às bases da construção de um novo império. Mas será que é só isso? O mistério acerca do que verdadeiramente há por trás das previsões e do cuidadoso planejamento de Hari Seldon intriga não apenas o leitor, como também aqueles ligados à Fundação.
Cheia de nuances, a trilogia da Fundação foi inspirada no clássico A História do Declínio e Queda do Império Romano, do historiador Edward Gibbon. Na década de 80, quase trinta anos depois do lançamento da trilogia, Isaac Asimov expandiu a história e escreveu outros livros, tanto continuações como aventuras que antecedem este primeiro volume. Ainda nessa época, o autor realizou diversos ajustes na série, especialmente quanto à cronologia, de forma a integrar todos os seus livros e universos como parte de uma única linha do tempo.
Simples e acessível, mas extremamente inteligente, Fundação é leitura fundamental para os fãs de sci-fi e tem tudo para agradar também àqueles não têm familiaridade com o gênero. Conhecer este primeiro volume é um mergulho sem volta num universo incrível, mas há um risco: a avidez incontrolável para devorar os outros dois livros da trilogia, e todos os demais volumes que compõem o que virou a Série Fundação – ao todo, são 7 livros.
Expansionismo divino, crenças, manipulação, democracia, centralização, interesses; punhados generosos de tudo isso fazem de Fundação um livro surpreendente, que cria não apenas leitores, mas fãs de um autor e de uma história que permanecem sem igual até os dias de hoje.
LEIA PORQUE
Inteligente e envolvente, Fundação abre as portas para um universo que fascinou e ainda fascina leitores mundo afora. Além disso, como disse lá no início, a Trilogia da Fundação é tida como a melhor série de ficção científica e fantasia de todos os tempos, superando inclusive O Senhor dos Anéis, de J.R. Tolkien.DA EXPERIÊNCIA
Meu primeiro contato com Asimov foi com Eu, Robô. Depois disso, não tive dúvidas: precisava conhecer a Trilogia da Fundação. Estou apenas começando, li o primeiro volume e mal consigo segurar a ansiedade para ler os demais livros.FEZ PENSAR EM...
Não tem como não mencionar a expectativa acerca da adaptação da trilogia, que virará série da HBO em parceria com a Warner Bros. pelas mãos de Jonathan Nolan (roteirista de Interestelar). A notícia da futura adaptação circulou pela web há um ano e causou furor entre os fãs; agora é esperar para ver...
Onde comprar o livro: Amazon
Onde comprar o box da Trilogia da Fundação: Amazon
Título: Fundação
Título original: Foundation
Autor(a): Isaac Asimov
Tradução: Fábio Fernandes
Editora: Aleph
Edição: 2009
Ano da obra: 1951
Páginas: 240
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
8 comentários
Tá na minha meta de leitura - um desafio bem legal do qual tô participando que se chama 50 livros de 1900 para ler em um ano - e não sabia ao certo do que se tratava, mas agora NECESSITO ler essa trilogia. ♥
ResponderExcluirComecei a ler com uma mega expectativa e curti muito! Com toda certeza recomendo! ^^ Se você gosta de sci-fi com uma queda para distopia, temas políticos, acho que vai gostar. Beijos!
ExcluirSou fã de Fundação. E se esse primeiro já é show, os outros são de explodir a cabeça...
ResponderExcluirBeijos.
Ronize Aline
Mal posso esperar para ler os outros dois, e também os agregados ehehhe. Beijoss!!
ExcluirApesar da resenha super completa e instigante, Fundação Isaac Asimov não é um tipo de leitura que me interessaria agora.
ResponderExcluirMas acho super bacana encontrar resenhas de livros que não são tão divulgados em outros blogs, sabe? Eu só vejo resenhas de lançamentos e gêneros literários que estão na moda e às vezes os clássicos, por exemplo, ficam fora da lista... Uma pena.
Quando eu tiver a oportunidade de ler a trilogia volto aqui pra te contar minha opinião! \o
Beijos!
Oi Jeh, olha, eu adorei Fundação e fiquei admirando ainda mais o Asimov. Às vezes acho que o fato de não ler tanto nem tão logo os lançamentos mais falados me deixa meio que em desvantagem, sabe, mas ah, gosto de ler o que me dá prazer. <3 Fundação estava na minha listinha de "preciso ler" há séculos hehehe. Beijoka e passa sim para dizer o que achou quando tiver lido!
ExcluirEssa trilogia é incrível. Muito boa, já li toda. Se você tá caminhando na ficção científica agora, adiciona na sua lista de metas o livro Planeta chamado traição do Orson Scott Card. Esse foi o primeiro livro que li de ficção científica. Achei nas coisas do meu pai. mJá reli várias vezes.
ResponderExcluirAdorei o primeiro e estou já na ansiedade para ler o restante da trilogia e os demais que foram lançados depois. Ah, valeu pela dica, já tá anotado!
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