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10 filmes contemporâneos em preto e branco para ver sem preguiça

Alexander Payne 30 de maio de 2016 Aline T.K.M. 6 comentários


É só alguém falar em filme em preto e branco que a gente logo pensa: a) nos clássicos do cinema, b) naqueles filmes antigos a perder de vista, entediantes e que dão uma preguiça só de pensar em sentar no sofá para assistir ou c) em uma mistura de "a" e "b" – porque nem tudo que é clássico é necessariamente incrível.

Eu confesso para vocês que adoro o charme de um bom filme em preto e branco. E não precisa ser antigo, não! Aliás, não é incomum encontrar filmes recentes sem o colorido que a gente está acostumado, e valem a pena ser vistos, acreditem! São filmes que não têm nada a ver com aquela moleza que bate quando a gente se prepara para encarar um filme mais “complicado” ou muito parado. Se bem que sou suspeitíssima para falar, pois sou fã de cinema alternativo – mas deixemos esse assunto para outra hora.

Para matar essa aura preconceituosa em torno dos filmes em preto e branco, para mostrar que existe filme recente combinado com o charme das produções de antigamente e para provar que preto e branco não é sinônimo de “ai, que saco”... Confiram 10 filmes contemporâneos em preto e branco para ver sem preguiça nem tédio!

GAROTA SOMBRIA CAMINHA PELA NOITE
A Girl Walks Home Alone At Night, de Ana Lily Amirpour, EUA, 2014


Bad City é uma cidade iraniana abandonada e sem leis, , lar de prostitutas, viciados, cafetões e outras almas sórdidas. Enquanto Arash (Arash Marandi) luta para sobreviver e para afastar o próprio pai do vício em drogas, a Garota (Sheila Vand) parambula pelas noites com um segredo: ela é uma vampira e persegue os habitantes mais solitários e repugnantes para saciar a sede de sangue. Quando os dois se encontram, suas vidas se transformam.

VEJA PORQUE: A princípio, nem parece filme americano logo pelo idioma – é todo falado em persa. Além disso, o filme tem um quê feminista e a trilha sonora merece atenção especial. Em 2014, a editora de quadrinhos Radco lançou duas graphic novels baseadas no filme, A Girl Walks Home Alone at Night #1 e #2, de autoria da própria Ana Lily Amirpour. Ah, e é desse filme a imagem que ilustra o post lá em cima!


CONTROL – A HISTÓRIA DE IAN CURTIS
Control, de Anton Corbijn, EUA/Reino Unido/Austrália/Japão, 2007


Os últimos anos da vida de Ian Curtis (Sam Riley), vocalista da lendária banda inglesa Joy Division. Curtis, que teve uma trajetória curta e intensa, ficou famoso por seu talento de letrista e por suas performances épicas à frente da banda. Sofrendo com os ataques de epilepsia, sem saber como lidar com o seu talento e dividido entre o amor por sua mulher e filha e um caso extraconjugal, ele se enforcou em 18 de maio de 1980, aos 23 anos.

VEJA PORQUE: Como não podia deixar de ser, Love Will Tear Us Apart marca presença no filme – essa música foi meu vício durante uns bons anos e, se bobear, ainda é. Mas nem só de Joy Division é feita a trilha sonora; David Bowie, Velvet Underground e Sex Pistols também entram, além do New Order, banda formada pelos ex-integrantes do Joy Division, que participa com músicas inéditas. Ainda, o filme traz Sam Riley – o Sal Paradise, de Na Estrada – no papel do mito Ian Curtis.


FRANKENWEENIE
Frankenweenie, de Tim Burton, EUA, 2012


Victor (Charlie Tahan) é um garoto que adora fazer filmes caseiros de terror, quase sempre estrelados por seu cachorro, Sparky. Quando o cão morre atropelado, Victor, inspirado nas suas aulas de ciência, tenta trazer Sparky à vida, em uma experiência envolvendo eletricidade e uma máquina que ele mesmo constrói. O experimento dá certo e repercute entre todos os seus conhecidos, além de movimentar a pacata cidade onde vive. Mas o que Victor não esperava era que seu melhor amigo voltasse com hábitos um pouco diferentes.

VEJA PORQUE: Trata-se da refilmagem de um curta homônimo, dirigido por Tim Burton no início de sua carreira, em 1984, e que não trazia a técnica do stop-motion. Apesar da trama simplezinha, a estética do filme vale a pena – como todo Burton, né?!


A FITA BRANCA
Das Weiße Band, de Michael Haneke, França/Itália/Áustria/Alemanha, 2009


1913. Em um vilarejo no norte da Alemanha vivem as crianças e adolescentes de um coral, dirigido por um professor primário (Christian Friedel). O estranho acidente com o médico (Rainer Bock) cujo cavalo tropeça em um arame afiado, faz com que uma busca pelo responsável seja realizada. Logo outros estranhos eventos ocorrem, tomando aos poucos o caráter de um ritual punitivo e levantando um clima de desconfiança geral.

VEJA PORQUE: De pegada mais lenta, diferentemente dos demais listados, não é um filme para todo mundo. Mas um dos grandes trunfos é mostrar do que o ser humano é capaz, dissecando o homem até chegar em sua porção mais obscura. Além disso, a direção é de Michael Haneke, que dirigiu o polêmico – e lindo – Amor, de 2012.


FRANCES HA
Frances Ha, de Noah Baumbach, EUA, 2013


Frances (Greta Gerwig) divide um apartamento em Nova York com Sophie (Mickey Sumner), sua melhor amiga. Brincalhona e com ar de quem não deseja crescer, ela recusa o convite do namorado para que more com ele justamente para não deixar Sophie sozinha. Entretanto, a amiga não toma a mesma atitude quando surge a oportunidade de se mudar para um apartamento melhor localizado, mesmo que isto signifique que ela e Frances passem a morar em locais diferentes. A partir de então tem início a peregrinação de Frances em busca de um novo lugar que se adeque às suas finanças, já que ela é apenas aluna em uma companhia de dança à espera de uma chance de integrar o grupo de bailarinos que encenará o espetáculo de Natal. Mesmo diante das dificuldades e dos problemas que a vida adulta traz, Frances tenta encarar a vida de maneira leve e otimista em uma fábula moderna sobre a juventude, a amizade e o fracasso.

VEJA PORQUE: Já falei desse filme algumas vezes no blog e nos vídeos do canal, e nunca me canso! É um filme adorável, cuja protagonista faz toda a galera entre os 20 e 30 anos se identificar horrores – e aí vem aquela sensação reconfortante de “ufa, não sou a única” e a certeza de que, de um jeito ou de outro, as coisas acabam se ajeitando e tomando um rumo. Pelo menos é o que a gente espera. Ah, e tem a sensacional Greta Gerwig.


NEBRASKA
Nebraska, de Alexander Payne, EUA, 2013


Woody Grant (Bruce Dern) é um homem idoso que acredita ter ganho US$ 1 milhão após receber pelo correio uma propaganda. Decidido a retirar o prêmio, ele resolve ir a pé até a distante cidade de Lincoln, em Nebraska. Percebendo que a teimosia do pai o fará viajar de qualquer jeito, seu filho David (Will Forte) resolve levá-lo de carro. Só que no caminho Woody sofre um acidente e bate com a cabeça, precisando descansar. David decide mudar um pouco os planos, passando o fim de semana na casa de um de seus tios antes de partir para Lincoln. Só que Woody conta a todos sobre a possibilidade de se tornar um milionário, despertando a cobiça não só da família como também de parte dos habitantes da cidade.

VEJA PORQUE: Delicado, o filme aborda a consciência do envelhecimento e de todas as limitações que essa etapa da vida traz. Apesar de reflexivo e tristonho, Nebraska tem toques de um humor único, peculiar.


PERSÉPOLIS
Persepolis, de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud, França/EUA, 2007


Marjane Satrapi (Gabrielle Lopes) é uma garota iraniana de 8 anos, que sonha em se tornar uma profetisa para poder salvar o mundo. Querida pelos pais e adorada pela avó, Marjane acompanha os acontecimentos que levam à queda do xá em seu país, juntamente com seu regime brutal. Tem início a nova República Islâmica, que controla como as pessoas devem se vestir e agir. Isto faz com que Marjane seja obrigada a usar véu, o que a incentiva a se tornar uma revolucionária.

VEJA PORQUE: O filme recebeu diversos prêmios e indicações, e baseia-se na história real da própria Marjane Satrapi, que é também autora da HQ homônima que inspirou o longatem resenha dela aqui. Aliás, a estética da animação é bem fiel às ilustrações do livro, o que faz de Persépolis uma produção ainda mais original.


BRANCA DE NEVE
Blancanieves, de Pablo Berger, Espanha/Bélgica/França, 2012


Releitura espanhola, numa versão muda e em preto e branco, para o clássico da Disney e do conto dos Irmãos Grimm. Sevilha, Espanha, anos 1920. A trama começa com uma tripla tragédia: o toureiro superstar Antonio Villalta (Daniel Giménez-Cacho) é atingido por um animal, fica tetraplégico e ainda perde sua mulher no parto. Dali nascem sua filha, Carmen (Macarena García), e também seu casamento com uma enfermeira que se aproveita da situação para seduzi-lo, Encarna (Maribel Verdú). Carmen passa toda a infância com sua terrível madrasta. Cansada de ser reprimida, a jovem resolve fugir de casa para viver diversas aventuras como toureira, na intenção de apagar seu passado traumático. Durante a viagem, ela recebe a ajuda de sete anões toureiros, que decidem protegê-la a todo custo.

VEJA PORQUE: O longa foi o grande vencedor do Prêmio Goya 2013 e, além de ser em preto e branco e ambientado nos anos 20, traz uma outra característica do cinema de antigamente: não tem diálogos. Mas vale dizer que o fato de ser mudo não significa que seja lento e entendiante. Ainda, o filme conta com humor e tem toques de fantasia; é, sem dúvida, uma releitura bem original do clássico conto de fadas.


A ANTENA
La Antena, de Esteban Sapir, Argentina, 2007


Uma metrópole dos anos 30 vive sob o domínio do terrível Sr. TV, que rouba a voz de toda a cidade. Uma famosa cantora conhecida como "A Voz" é a única pessoa que ainda pode falar; todos os demais habitantes se comunicam apenas por palavras escritas. O vilão, porém, pretende agora usar a cantora para roubar as palavras das pessoas, mas um ex-funcionário do canal de televisão e sua família tentarão evitá-lo a todo custo.

VEJA PORQUE: Quase mudo, o filme tem estética similar às produções do expressionismo alemão – homenagem a Metrópolis, de Fritz Lang. Além disso, a trama tem um mix de ficção científica com um quê de fantasia e distopia, e lembra o clássico orwelliano 1984. Uma verdadeira pérola do cinema argentino!


O ARTISTA
The Artist, de Michel Hazanavicius, França/EUA/Bélgica, 2011


Na Hollywood de 1927, o astro do cinema mudo George Valentin (Jean Dujardin) começa a temer se a chegada do cinema falado fará com que ele perca espaço e acabe caindo no esquecimento. Enquanto isso, a bela Peppy Miller (Bérénice Bejo), jovem dançarina por quem ele se sente atraído, recebe uma grande oportunidade para traballhar no segmento. Será o fim de sua carreira e de uma paixão?

VEJA PORQUE: Muito premiado, o filme é quase mudo, mas a sensacional trilha sonora praticamente fala por ele. E ainda tem as sequências de dança – a do final é incrivelmente perfeita! Um cachorrinho prodígio chamado Jack – interpretado por três cachorros diferentes – acrescenta ainda mais graça ao filme.

***************

Têm alguma outra dica de filme contemporâneo com o charme do preto e branco? Contem aqui nos comentários!

Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!

 

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6 comentários

  1. Adoro suas listas de filmes! Posso não comentar ou falar muito mas já assisti alguns filmes por indicação sua e não me arrependi. Continue o bom trabalho <3

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    1. Oi Jhey! Ah, que tudo saber que você viu filmes que indiquei e não se arrependeu! Adoro fazer listinha de filmes, até porque eu costumo curtir filmes que quase ninguém mais gosta e não tenho com quem fazer comentários empolgados heheheh. Beijão e obrigada!

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  2. Muito boa a lista!
    Com certeza vou procurar alguns desses filmes.

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    1. Sim sim, recomendo! Se ver algum deles, vem aqui dizer se curtiu!! =)

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  3. Uma prova concreta de que o cinema é cíclico,...rs!
    Excelente dicas!
    Abs

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    1. Diria mais, que tudo nessa vida é cíclico hehehe. Legal que gostou das dicas! =) Abraço!

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