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Resenha: Pornô (Trainspotting #2), de Irvine Welsh

Anos 2000 9 de fevereiro de 2017 Aline T.K.M. 2 comentários

Resenha: Pornô, de Irvine Welsh - continuação de Trainspotting

Sick Boy, Spud, Mark Renton, Frank Begbie. Esses nomes certamente te dizem algo, não? A menos que você não tenha lido, assistido ou sequer tenha ouvido falar de Trainspotting, a simples menção a esses carinhas da pesada já trazem zilhões de memórias.

Agora, se você nunca teve qualquer contato com o polêmico (e cult!) Trainspotting, prepare-se assim mesmo para conhecer a continuação, intitulada Pornô. Até porque você vai ouvir falar muito nela – assim como o primeiro, também virou filme e a previsão de estreia é agora em fevereiro. E não se preocupe: dá para ler numa boa sem ter lido o anterior, mas eu sempre recomendo a leitura do primeiro para dar aquela sustância à coisa toda, sabe?

Dez anos se passaram desde o desfecho de Trainspotting. Aqueles garotos perdidos da periferia de Edimburgo, viciados em heroína, estão de volta. Já na casa dos trinta, não podemos dizer que todos eles tenham tomado juízo, mas deram algum rumo em suas vidas, de um jeito ou de outro.

Sick Boy – ou Simon David Williamson – é o personagem central aqui. Depois de uma temporada em Londres, ele retorna a Edimburgo cheio de falcatruas a serem colocadas em prática. A boa da vez agora é a indústria pornográfica.

Botando para trabalhar suas habilidades empreendedoras, unidas a uma boa lábia e oportunismo, Sick Boy lança o projeto de gravar um filme pornô. Mas não é qualquer filme amador de fundo de quintal, não – ele quer um filme “de verdade”. Para isso, envolve seus companheiros nesse projeto de ambições desmedidas.

Mark Renton – ou Rent Boy – deu uma boa amadurecida, largou a heroína e ganha a vida administrando uma boate em Amsterdã. A verdade é que Renton tem lá seus inimigos, uma galera que está meio “sentida” com ele – Begbie é um deles e, acreditem, o cara acabou de sair da prisão e não está de brincadeira. Mas não demora muito para que Sick Boy o encontre e o traga para dentro de seu projeto pornô – Renton continua com o faro aguçado quando o assunto é golpe...

Spud, por outro lado, não encontra muitas oportunidades e, apesar das boas intenções, parece sempre ter uma sombra à espreita para sabotar seus planos – muitas vezes, essa sombra é ele mesmo. Entre os encontros no grupo de apoio para largar as drogas, Spud resolve se dedicar a um projeto maior: escrever um livro sobre a história do subúrbio onde ele e os amigos sempre viveram, o Leigh. No entanto, muitos obstáculos o afastam de seu objetivo e ele se vê ameaçado a perder tudo o que tem de mais precioso – a companheira e o filho.

Outros personagens também têm suas trajetórias cruzadas com a desse grupo de amigos e, claro, com as ambições pornográficas de Sick Boy. Uma delas é a estudante universitária Nikki. Bonita e em busca de fama, ela se envolve com Sick Boy e com seu projeto, ainda que sua amiga de apê passe o tempo a alertá-la e a tentar colocar seus pés no chão.

Em primeira pessoa, ouvimos as vozes e os planos de Sick Boy, Nikki, Spud, Begbie e Renton. Aliás, preciso comentar que Irvine Welsh seguiu genial na composição dos personagens. Assim como em Trainspotting, em Pornô não sabemos a princípio quem é que está narrando o capítulo, mas as peculiaridades de cada um deles nos fazem perceber sem demora quem é o dono de cada voz.

Pornô segue na mesma pegada de Trainspotting, ou seja, é um livro pesado, tem drogas, sexo – bem mais explícito que o anterior – e miséria humana. Também tem um lado cômico evidente e uma genialidade sem tamanho – aposto que você vai terminar o livro com um “Nossa...!” na ponta da língua.

E uma coisa de que gosto muito em Pornô é que os personagens e suas mazelas são, em alguma escala, uma espécie de retrato da sociedade. Seus vícios, suas perversões, seus sonhos e ambições – e a dura, e muitas vezes impossível, escalada rumo à abertura do poço, seguida de uma nova queda para o fundo dele. A falta de inclusão social, além do círculo vicioso que condena as camadas mais baixas a permanecerem onde estão, é uma triste realidade.

Spud é um claro exemplo disso. Ele é uma boa pessoa e quer sair de sua situação atual, mas encontra tantos desafios, hostilidades e reforços para sua autodepreciação, que ele simplesmente volta ao lugar onde encontra algum “conforto”. E esse lugar acaba sendo as drogas.

Entre sexo, expectativas, egocentrismo, drogas, violência e vingança, essa galera dos subúrbios de Edimburgo vai vivendo como pode. Às vezes as coisas mudam, às vezes, não. Neste caso, quanto as coisas realmente mudaram nos últimos dez anos?

LEIA PORQUE

É tão genial e inteligente quanto Trainspotting. Pornô mostra o que há de mais podre no ser humano sem filtros e, encare isso como quiser, é um pedaço daquilo que existe por essência dentro cada um.

DA EXPERIÊNCIA

Pesaaado. Genial. Engraçado. E preciso falar da experiência de carregar esse livro na bolsa e lê-lo em locais públicos. É que a minha edição é mais antiguinha, com essa capa aí da imagem do topo, e as pessoas olhavam de um jeito esquisito mesmo, num teve jeito. Mas, posso falar? Eu adoro essa capa, ela tem um quê de brega e descarado que eu acho sensacional rsrs.

Para quem não sabe, Trainspotting é uma trilogia e eu mal posso esperar para ler o último volume, Skagboys, que se passa antes do primeiro livro.

FEZ PENSAR

Pensei em muitas coisas, mas neste momento, meus caros, só consigo pensar na ansiedade para conferir o filme. Também dirigido por Danny Boyle, T2 Trainspotting traz o elenco original do primeiro filme – Ewan McGregor, eterno Renton. Só que aqui a história se passa 20 anos depois do desfecho do anterior. Segura só esse trailer...




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Título: Pornô
Título original: Porno
Autor(a): Irvine Welsh
Tradução: Galera & Pellizzari
Editora: Rocco
Edição: 2016
Ano da obra: 2002
Páginas: 480

Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!

 

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2 comentários

  1. Tô terminando de ler trainspotting e tô gostando muito!
    Dependendo de como terminar já vou partir pra esse. Tbm tava afim de ler o "Se Você Gostou da Escola, Vai Adorar Trabalhar" parece interessante

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    Respostas
    1. Trainspotting é MUITOOO bom. Você vai ver, vai acabar o livro com um "nooossa" e, se você ler Pornô, vai acabar com um outro "nooossa" rsrsrsrs. Vale a pena ler sim! Então, eu tenho curiosidade de ler tudo o que é do autor, já ouvi falar nesse, mas não tive ainda oportunidade de ler, nem tenho o livro. Mas quem sabe num futuro não muito distante hehe. Se você ler, depois me fala se é bom, o que achou.

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