Resenha: Inglaterra, Inglaterra, de Julian Barnes
Inglaterra 10 de abril de 2017 Aline T.K.M. 2 comentários
Já aconteceu com algum de vocês de pegar um livro de um dos seus autores preferidos e simplesmente quebrar a cara? Pois é, acabou de acontecer comigo. E dá aquela sensação ruim de “tem alguma coisa errada comigo” misturada ao medinho de voltar a ler alguma coisa do cara (ou da mulher).
O livro que me fez sentir tudo isso foi Inglaterra, Inglaterra, do britânico Julian Barnes. Talvez vocês se lembrem do nome dele aqui no blog em resenhas mais felizes, mas sinto dizer que este não será o caso hoje.
Inglaterra, Inglaterra traz o arquimilionário sir Jack Pitman, que decide construir um parque bem peculiar na Ilha de Wight: uma réplica da Inglaterra, só que “melhorada”.
Táxis pretos, ônibus de dois andares, a Torre de Londres, o Palácio de Buckingham, pubs tipicamente ingleses, o Big Ben, Stonehenge e os penhascos brancos de Dover, entre outros clichês britânicos, reunidos em um único local e a uma distância bem razoável, possibilitando conhecer o melhor da Inglaterra em um único final de semana. Somam-se a isso encenações de acontecimentos históricos relevantes e personalidades aclamadas pelo público, como Robin Hood e seu bando, Lady Godiva e, claro, a Família Real. Ou seja, o suficiente para que a velha Inglaterra “original” seja rapidamente esquecida em prol de sua gêmea.
Só que claro que a Inglaterra, Inglaterra não seria imune a problemas, especialmente aqueles envolvendo seus célebres personagens.
Em paralelo, acompanhamos a história da protagonista, Martha Cochrane. Desde as lembranças dolorosas – e outras hilárias – da infância, até a contratação por Jack Pitman e sua participação no projeto da Inglaterra, Inglaterra, passando por suas desilusões e questionamentos.
Sério, este livro tinha tudo – TUDO – para ser memorável, aquela leitura que a gente tem vontade de recomendar para estranhos. É, porque quando a gente lê um daqueles p* livros maravilhosos, dá vontade de indicar até para quem a gente nem conhece. Mas, apesar do potencial, não foi o que aconteceu aqui.
A leitura foi muito arrastada – nem parecia que eu estava lendo Barnes –, e grande parte dos capítulos abordando a construção da Inglaterra, Inglaterra foi bem maçante. Real.
Para não dizer que foi tudo ruim, a protagonista é o único elemento que se salva. Veja bem, se salva, mas não chega a ser suficiente para salvar o livro. Martha Cochrane carrega a acidez e o sarcasmo característicos dos livros do Julian Barnes. Mulher forte, decidida e até engraçada, não é uma típica heroína perfeitinha – ela pode ser bem manipuladora, especialmente depois de descobrir uns hábitos bem “exóticos” do próprio chefe.
O ser humano, os sentimentos e as memórias – aspectos que eu amo em outros livros do autor – estão presentes aqui e até dei de cara com trechos dignos de serem anotados. Só que, sei lá, tudo isso que eu tanto gosto na escrita do Barnes me pareceu apagado neste livro.
O humor apuradíssimo do autor também está no livro. Entretanto, a trama e os elementos são tão específicos sobre a Inglaterra e tudo o que caracteriza o país, incluindo sua história, que fica difícil para os reles mortais não ingleses e não tão cabeçudos captar 100% do espírito do livro.
Inglaterra, Inglaterra foi uma decepção literária para mim. Um livro que comigo não funcionou, mesmo trazendo provas da genialidade do autor. Quer uma dica sincera? Tem coisa muito melhor do Julian Barnes para a gente ler.
O livro que me fez sentir tudo isso foi Inglaterra, Inglaterra, do britânico Julian Barnes. Talvez vocês se lembrem do nome dele aqui no blog em resenhas mais felizes, mas sinto dizer que este não será o caso hoje.
Inglaterra, Inglaterra traz o arquimilionário sir Jack Pitman, que decide construir um parque bem peculiar na Ilha de Wight: uma réplica da Inglaterra, só que “melhorada”.
Táxis pretos, ônibus de dois andares, a Torre de Londres, o Palácio de Buckingham, pubs tipicamente ingleses, o Big Ben, Stonehenge e os penhascos brancos de Dover, entre outros clichês britânicos, reunidos em um único local e a uma distância bem razoável, possibilitando conhecer o melhor da Inglaterra em um único final de semana. Somam-se a isso encenações de acontecimentos históricos relevantes e personalidades aclamadas pelo público, como Robin Hood e seu bando, Lady Godiva e, claro, a Família Real. Ou seja, o suficiente para que a velha Inglaterra “original” seja rapidamente esquecida em prol de sua gêmea.
Só que claro que a Inglaterra, Inglaterra não seria imune a problemas, especialmente aqueles envolvendo seus célebres personagens.
Em paralelo, acompanhamos a história da protagonista, Martha Cochrane. Desde as lembranças dolorosas – e outras hilárias – da infância, até a contratação por Jack Pitman e sua participação no projeto da Inglaterra, Inglaterra, passando por suas desilusões e questionamentos.
Sério, este livro tinha tudo – TUDO – para ser memorável, aquela leitura que a gente tem vontade de recomendar para estranhos. É, porque quando a gente lê um daqueles p* livros maravilhosos, dá vontade de indicar até para quem a gente nem conhece. Mas, apesar do potencial, não foi o que aconteceu aqui.
A leitura foi muito arrastada – nem parecia que eu estava lendo Barnes –, e grande parte dos capítulos abordando a construção da Inglaterra, Inglaterra foi bem maçante. Real.
Para não dizer que foi tudo ruim, a protagonista é o único elemento que se salva. Veja bem, se salva, mas não chega a ser suficiente para salvar o livro. Martha Cochrane carrega a acidez e o sarcasmo característicos dos livros do Julian Barnes. Mulher forte, decidida e até engraçada, não é uma típica heroína perfeitinha – ela pode ser bem manipuladora, especialmente depois de descobrir uns hábitos bem “exóticos” do próprio chefe.
O ser humano, os sentimentos e as memórias – aspectos que eu amo em outros livros do autor – estão presentes aqui e até dei de cara com trechos dignos de serem anotados. Só que, sei lá, tudo isso que eu tanto gosto na escrita do Barnes me pareceu apagado neste livro.
O humor apuradíssimo do autor também está no livro. Entretanto, a trama e os elementos são tão específicos sobre a Inglaterra e tudo o que caracteriza o país, incluindo sua história, que fica difícil para os reles mortais não ingleses e não tão cabeçudos captar 100% do espírito do livro.
Inglaterra, Inglaterra foi uma decepção literária para mim. Um livro que comigo não funcionou, mesmo trazendo provas da genialidade do autor. Quer uma dica sincera? Tem coisa muito melhor do Julian Barnes para a gente ler.
LEIA PORQUE
Existiria uma possibilidade remota de eu indicar este livro se, e apenas se: você for completamente fissurado pela Inglaterra e manjar consideravelmente da história do país. Aí sim, eu diria que talvez você poderia curtir o livro.DA EXPERIÊNCIA
Autor muito amado, mas experiência infeliz. Leitura maçante, às vezes quase sofrida, sem falar que me senti meio burra durante a leitura. Uma pena, pois eu verdadeiramente via muito potencial no tema.FEZ PENSAR
Ah, pensei nas coisas lindas que já li do Julian Barnes e que me fizeram gostar tanto dele. Dá só uma espiada aqui para você entender do que eu estou falando – esses, sim, eu recomendo!
Onde comprar: Submarino
Título: Inglaterra, Inglaterra
Título original: England, England
Autor(a): Julian Barnes
Tradução: Roberto Grey
Editora: Rocco
Edição: 2000
Ano da obra: 1998
Páginas: 256
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
2 comentários
Hahaha adorei a espiritualidade pra essa resenha negativa. Tô até chocada junto, pq já vi você falando do Julian outras vezes. Entendo totalmente o feel. Eu sei que nem todo livro de nossos autores preferidos vão ser sucesso, e que às vezes pesa muito essa questão de expectativa na hora de escrever, mas não tem jeito. Tem sempre um pra escorregar, destoar ou mesmo errar a mão de vez. Li um recente da Carina, O Mundo da Luna, e é, tipo, a Carina ali o tempo todo. Embora entenda o apego dela, sei que ela é melhor que isso. Mas durante a leitura, esqueci tudo isso e odiei muita coisa haha Resta-nos torcer para ser só um ^^
ResponderExcluirPois é, Kléris, eu fiquei chocada tb quando percebi que não estava gostando do livro, e eu pensava "como assim, é Julian Barnes, meu deusss". Mas no fim, sei lá, o livro não funcionou mesmo comigo, e não é nem que a escrita foi ruim, nada disso, é só que eu esperava algo totalmente diferente da história, e aí acabou que foi um livro totalmente esquecível. Espero mesmo que essa decepção com o Barnes termine aí rsrsrs, porque ainda tenho vários dele aqui na estante e uns tantos outros que estão na wishlist hahaha. Beijo!
Excluir