Melhores Amigos, o mais recente filme do cineasta americano Ira Sachs, chega aos cinemas trazendo uma história de amizade juvenil que sofre o impacto dos problemas dos adultos ao redor.

Tudo começa com a morte do avô de Jake, o que faz com que sua família se mude para a casa que ele deixou, no Brooklyn. Tímido, ele conhece Tony, filho da locatária do imóvel contíguo, que agora pertence ao pai de Jake. Não demora para que os dois descubram afinidades e engatem uma amizade, enquanto vivem as descobertas e desafios do início da adolescência.

Só que essa amizade sofrerá as consequências dos problemas e desentendimentos envolvendo os pais dos garotos.

O pai de Jake, um ator que não tem renda fixa sempre e que acaba dependendo da esposa para sustentar a família, passa a ser pressionado pela irmã para que aumente o aluguel da casa usada como loja e ateliê de Leonor, a mãe de Tony.

Imigrante chilena e solteira, Leonor enfrenta dificuldades para manter sua modesta loja de roupas e não tem condições de arcar com um aluguel maior. Desesperada, ela apela para a amizade que mantinha com o falecido avô de Jake como argumento.

Em meio ao desentendimento de suas famílias, Jake e Tony tentam resistir, mas têm sua amizade influenciada e abalada por tudo isso. Em sua ingenuidade de fim da infância, os garotos até fazem um voto de silêncio dentro de casa, mas não é o suficiente para que seus pais deixem de lado uma briga bastante imatura.

Meu conselho para quem for ver o filme – que, por sinal, vale a pena ser visto – é: não espere altos e baixos, nem grandes reviravoltas. O longa, a partir da perspectiva dos garotos, se trata mais de um recorte dos dias dessas duas famílias, o momento em que se unem e se separam – assim como todas as coisas na vida, afinal.

Como na vida real, esses garotos precisam lidar e tentar compreender os problemas enfrentados por seus pais, que acabam afetando suas vidas mesmo sem querer. Enquanto isso, também lidam com a adolescência e os conflitos próprios da fase – as dúvidas e expectativas quanto à futura carreira, a primeira paixão, o amadurecer.

Em mais uma parceria com o roteirista brasileiro Mauricio Zacharias, Ira Sachs nos mostra uma história sem mocinhos nem vilões, sem julgamentos. Basicamente uma amostra das relações e do crescer, apenas a vida do jeito que ela é. Particularmente, gosto desse tipo de história que não aponta dedos e nem pretende achar culpados para tudo.

Talvez você ache o filme um pouco parado – há esse risco. Mas talvez, e muito provavelmente, você enxergue a beleza na constatação da realidade, em como a vida segue após os problemas. Em como as coisas têm um começo e também um inevitável fim. Algumas vezes prematuro, mas nem sempre irreversível.

TRAILER E SINOPSE

Após a morte de seu avô, o reservado Jake (Theo Taplitz), de 13 anos, se muda com a família para o Brooklyn, onde conhece o extrovertido Tony (Michael Barbieri), de sua idade, e logo se tornam amigos inseparáveis. No entanto, o pai de Jake herdou o imóvel da loja de roupas da mãe de Tony, uma imigrante chilena solteira. Um sério conflito entre as duas famílias, por causa do custo do aluguel, colocará em risco a amizade dos meninos.

Melhores Amigos (Little Men) – 85 min.
EUA – 2017
Direção: Ira Sachs
Roteiro: Ira Sachs, Mauricio Zacharias
Elenco: Theo Taplitz, Michael Barbieri, Paulina García, Greg Kinnear, Jennifer Ehle

Estreia: 4 de maio