Resenha: Piano Vermelho, de Josh Malerman
Intrínseca 25 de setembro de 2017 Aline T.K.M. Nenhum comentário
Imagina um som misterioso e perturbador, capaz de causar males inimagináveis – desde um insuportável mal-estar físico até o desespero – e com poderes assustadores, como desativar uma ogiva nuclear. Um som capaz de transpor barreiras; um som que opera mudanças irreversíveis naqueles que se submetem a ouvi-lo.
Macabro, não? É em torno dessa ideia que se desenrola a trama de Piano Vermelho, o segundo livro de Josh Malerman, autor do aclamado Caixa de Pássaros.
Philip Tonka é o pianista da banda The Danes. Ele divide seu tempo entre as atividades da banda, o trabalho no estúdio que divide com os caras, onde gravam bandas iniciantes, e também umas quantas bebidas nos bares da Detroit pós-Segunda Guerra Mundial.
Macabro, não? É em torno dessa ideia que se desenrola a trama de Piano Vermelho, o segundo livro de Josh Malerman, autor do aclamado Caixa de Pássaros.
Philip Tonka é o pianista da banda The Danes. Ele divide seu tempo entre as atividades da banda, o trabalho no estúdio que divide com os caras, onde gravam bandas iniciantes, e também umas quantas bebidas nos bares da Detroit pós-Segunda Guerra Mundial.
O ano é 1957. Os Danes já tiveram seu momento de glória ao emplacarem o hit “Be here”. Claro que o fato de terem sido a banda do exército na Segunda Guerra contribuiu para sua popularidade – a banda dos carinhas que foram para a guerra, ainda que não estivessem na linha de frente.
De repente, a proposta. Passar duas semanas no deserto do Namibe, na África, para descobrir a fonte de um som misterioso e com poder desconhecido, que vem sendo captado pelo rádio do exército americano. É um trabalho arriscado, mas a recompensa envolve uma bela soma.
Repletos de tensão non-stop, os capítulos se alternam entre a missão no deserto e os acontecimentos de seis meses depois. Philip está no hospital e seu estado é grave. Com fraturas por todo o corpo, nem mesmo as enfermeiras apostavam que ele sairia do coma e sobreviveria. Mas Philip está vivo e, entre lembranças desesperadoras, está se recuperando em um ritmo inacreditável.
O texto ágil e muito visual tem realmente o poder de colocar o leitor dentro da trama, de torná-lo íntimo dos personagens e situações. Malerman me ganhou logo nas primeiras páginas e eu me percebi completamente imersa na história. Só que é relevante dizer que não tenho como fazer comparações aqui. Não li (ainda) Caixa de Pássaros, então este foi meu primeiríssimo contato com o autor.
De repente, a proposta. Passar duas semanas no deserto do Namibe, na África, para descobrir a fonte de um som misterioso e com poder desconhecido, que vem sendo captado pelo rádio do exército americano. É um trabalho arriscado, mas a recompensa envolve uma bela soma.
Repletos de tensão non-stop, os capítulos se alternam entre a missão no deserto e os acontecimentos de seis meses depois. Philip está no hospital e seu estado é grave. Com fraturas por todo o corpo, nem mesmo as enfermeiras apostavam que ele sairia do coma e sobreviveria. Mas Philip está vivo e, entre lembranças desesperadoras, está se recuperando em um ritmo inacreditável.
O texto ágil e muito visual tem realmente o poder de colocar o leitor dentro da trama, de torná-lo íntimo dos personagens e situações. Malerman me ganhou logo nas primeiras páginas e eu me percebi completamente imersa na história. Só que é relevante dizer que não tenho como fazer comparações aqui. Não li (ainda) Caixa de Pássaros, então este foi meu primeiríssimo contato com o autor.
Durante a leitura, se você estiver num momento meio filosófico, dá para traçar alguns paralelos e pensar em metáforas, especialmente envolvendo o protagonista. Ah, sim, já vou avisando que sou dessas que ficam buscando metáforas e símbolos em tudo, tá?!
Mesmo sem se aprofundar em uma guerra específica, dá para notas as cicatrizes que esses períodos deixam. Os tantos soldados que partiram para nunca mais voltar, ou os veteranos que, ainda que sobreviventes, seguiram destroçados em mil pedaços por dentro. Um pouco como Philip, com os ossos completamente estilhaçados e deformados.
Além disso, a trama toca num ponto interessante, que é a ideia de uma história cíclica no que diz respeito às guerras. São todas, em essência, uma única guerra. O medo crescente à medida que as armas se tornam mais poderosas anda lado a lado com a certeza de que as guerras se repetirão até que uma delas coloque um ponto final no mundo. Não chega a ser irônico que algo – um som – capaz de inutilizar as armas seja razão para tanto temor?
Como todo bom thriller, Piano Vermelho segue num crescente que chega a ser alucinante em certos momentos. Capítulo a capítulo, os elementos sinistros se multiplicam. Parece meio óbvio dizer tudo isso, mas se o faço é porque o desfecho, apesar de tudo, me incomodou um tanto.
De repente, aquele crescente foi interrompido – e não foi pela megaexplosão que eu estava esperando. Falar em final apressado ou decepcionante também não é exatamente o caso, não chega a tanto, mas não atendeu completamente às minhas expectativas.
Sabe aquele livro que, assim que termina, você precisa parar e pensar “tá, o que eu achei de tudo isso? Eu gostei?” Bateu uma minicrise aqui dentro! É inegável que a trama me envolveu e que eu fui à loucura com tudo aquilo. Mas o final, cara, me incomodou e eu não sei explicar direito o porquê.
Mesmo sem se aprofundar em uma guerra específica, dá para notas as cicatrizes que esses períodos deixam. Os tantos soldados que partiram para nunca mais voltar, ou os veteranos que, ainda que sobreviventes, seguiram destroçados em mil pedaços por dentro. Um pouco como Philip, com os ossos completamente estilhaçados e deformados.
Além disso, a trama toca num ponto interessante, que é a ideia de uma história cíclica no que diz respeito às guerras. São todas, em essência, uma única guerra. O medo crescente à medida que as armas se tornam mais poderosas anda lado a lado com a certeza de que as guerras se repetirão até que uma delas coloque um ponto final no mundo. Não chega a ser irônico que algo – um som – capaz de inutilizar as armas seja razão para tanto temor?
Como todo bom thriller, Piano Vermelho segue num crescente que chega a ser alucinante em certos momentos. Capítulo a capítulo, os elementos sinistros se multiplicam. Parece meio óbvio dizer tudo isso, mas se o faço é porque o desfecho, apesar de tudo, me incomodou um tanto.
De repente, aquele crescente foi interrompido – e não foi pela megaexplosão que eu estava esperando. Falar em final apressado ou decepcionante também não é exatamente o caso, não chega a tanto, mas não atendeu completamente às minhas expectativas.
Sabe aquele livro que, assim que termina, você precisa parar e pensar “tá, o que eu achei de tudo isso? Eu gostei?” Bateu uma minicrise aqui dentro! É inegável que a trama me envolveu e que eu fui à loucura com tudo aquilo. Mas o final, cara, me incomodou e eu não sei explicar direito o porquê.
Piano Vermelho fala sobre uma banda, mas fala também sobre todo o mal do mundo; tudo o que um dia foi e que se repete num loop eterno, e também tudo o que já passou e não voltará jamais. Fala sobre o fim e sobre o início das coisas.
Depois de tudo, não importa quanto tempo passe, a filosofia das coisas permanecerá igual e o homem será sempre o mesmo – por mais que ele mude seu uniforme e sua indumentária de batalha.
Depois de tudo, não importa quanto tempo passe, a filosofia das coisas permanecerá igual e o homem será sempre o mesmo – por mais que ele mude seu uniforme e sua indumentária de batalha.
LEIA PORQUE
É perturbador e a trama é bem conduzida. Além disso, aposto que será uma leitura rápida – não dá para largar até chegar à última página!DA EXPERIÊNCIA
Me cutucou e eu gosto disso – apesar do final “incômodo”. Ah, fiquei mais curiosa para ler Caixa de Pássaros.FEZ PENSAR
Várias vezes, o nível de tensão e mistério se assemelhou ao de Aniquilação. Deu um frio na barriga parecido.
Onde comprar: Amazon
Título: Piano Vermelho
Título original: Black Mad Wheel
Autor(a): Josh Malerman
Tradução: Alexandre Raposo
Editora: Intrínseca
Edição: 2017
Ano da obra: 2017
Páginas: 320
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
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