Todo o Dinheiro do Mundo: 5 motivos para ver o novo filme de Ridley Scott + alguns “poréns”
Adaptação 31 de janeiro de 2018 Aline T.K.M. Nenhum comentário
Envolto em polêmicas antes mesmo da estreia, Todo o Dinheiro do Mundo chega aos cinemas brasileiros nesta semana e se revela um filme de difícil julgamento.
É quase impossível não considerar toda a manobra levada a cabo pelo diretor Ridley Scott para as refilmagens, por conta da substituição de Kevin Spacey por Christopher Plummer – e isso tudo mantendo o prazo de estreia combinado. Mas, apesar da decisão respeitável e de todo o retrabalho, o filme deixa um pouco a desejar.
É quase impossível não considerar toda a manobra levada a cabo pelo diretor Ridley Scott para as refilmagens, por conta da substituição de Kevin Spacey por Christopher Plummer – e isso tudo mantendo o prazo de estreia combinado. Mas, apesar da decisão respeitável e de todo o retrabalho, o filme deixa um pouco a desejar.
Todo o Dinheiro do Mundo é inspirado na história real do sequestro do jovem John Paul Getty III (Charlie Plummer), neto do magnata do petróleo J. Paul Getty (Christopher Plummer), ocorrido na Itália, em 1973.
Diante da recusa do bilionário a pagar o resgate, Gail Harris (Michelle Williams) corre contra o tempo para tentar fazer com que o ex-sogro reconsidere e pague o resgate do filho. Ela conta com a ajuda de Fletcher Chase (Mark Wahlberg), o homem de confiança de Getty, encarregado pelo magnata de solucionar o problema sem ter de tocar em sua fortuna. Enquanto isso, os sequestradores se tornam cada vez mais impacientes.
Diante da recusa do bilionário a pagar o resgate, Gail Harris (Michelle Williams) corre contra o tempo para tentar fazer com que o ex-sogro reconsidere e pague o resgate do filho. Ela conta com a ajuda de Fletcher Chase (Mark Wahlberg), o homem de confiança de Getty, encarregado pelo magnata de solucionar o problema sem ter de tocar em sua fortuna. Enquanto isso, os sequestradores se tornam cada vez mais impacientes.
Com todo o “se vira nos trinta” envolvendo a produção, o resultado final não vai muito além do bom. Problemas na narrativa e um prolongamento desnecessário acabam por tornar o filme um tanto cansativo. Em contraponto, alguns elementos – e mesmo o conjunto geral da obra – fazem deste um longa que, sim, vale a pena ser conferido.
Confira a seguir 5 motivos para ver o filme, e também alguns poréns que achei relevante mencionar – depois não diz que eu não avisei, hein!
No livro Todo o Dinheiro do Mundo (em pré-venda), o autor conta a história do bilionário J. Paul Getty e relata a influência de sua fortuna no sequestro do neto, John Paul Getty III, então com 16 anos. O avô, um dos homens mais ricos do mundo, se recusou a pagar o resgate. Sua justificativa foi que, tendo 14 netos, se aceitasse pagar o resgate daquele sequestro e se submeter à chantagem dos criminosos, certamente teria todos os 14 netos sequestrados.
Como o diretor deixa bem claro no filme, apesar de baseado em fatos reais, algumas cenas, diálogos e personagens são fictícios.
Confira a seguir 5 motivos para ver o filme, e também alguns poréns que achei relevante mencionar – depois não diz que eu não avisei, hein!
1. INSPIRADO NO LIVRO HOMÔNIMO DE JOHN PEARSON
O filme foi inspirado no livro homônimo de John Pearson, que chega às livrarias em breve pela editora HarperCollins Brasil.No livro Todo o Dinheiro do Mundo (em pré-venda), o autor conta a história do bilionário J. Paul Getty e relata a influência de sua fortuna no sequestro do neto, John Paul Getty III, então com 16 anos. O avô, um dos homens mais ricos do mundo, se recusou a pagar o resgate. Sua justificativa foi que, tendo 14 netos, se aceitasse pagar o resgate daquele sequestro e se submeter à chantagem dos criminosos, certamente teria todos os 14 netos sequestrados.
Como o diretor deixa bem claro no filme, apesar de baseado em fatos reais, algumas cenas, diálogos e personagens são fictícios.
Quanto ao verdadeiro John Paul Getty III, ele foi deserdado pelo avô ao se casar com a alemã Gisela Martine Zacher. Em 1975, tornou-se pai do futuro ator Balthazar Getty. Em 1981, viciado em drogas e álcool, John Paul Getty III sofreu um derrame induzido por drogas que o deixou tetraplégico, incapaz de falar e praticamente cego. Ele faleceu em 2011, aos 54 anos de idade.
Toda essa manobra, segundo estimativas, teria ultrapassado a marca de US$ 10 milhões.
2. TRETAS NA PRODUÇÃO
Após as acusações de assédio sexual que pipocaram na mídia, Kevin Spacey foi substituído às pressas por Christopher Plummer para dar vida ao patriarca Getty. Isso aconteceu faltando apenas semanas para a estreia do filme, e o diretor optou por trazer o elenco de volta ao estúdio e refilmar grande parte das cenas.Toda essa manobra, segundo estimativas, teria ultrapassado a marca de US$ 10 milhões.
Além disso, pelas refilmagens, o ator Mark Wahlberg recebeu 99% a mais que a atriz Michelle Williams, o que repercutiu negativamente e levantou mais uma vez a questão da disparidade salarial entre homens e mulheres. No fim das contas, Wahlberg resolveu doar o cachê recebido ao fundo do Time’s Up, movimento que dá suporte às vítimas de assédio.
Para os curiosos de plantão, há rumores de que a versão com Kevin Spacey ainda possa ser exibida no futuro. Segundo Scott, é uma decisão que cabe ao produtor. Falando por mim, eu passo – não tenho a menor curiosidade.
Para os curiosos de plantão, há rumores de que a versão com Kevin Spacey ainda possa ser exibida no futuro. Segundo Scott, é uma decisão que cabe ao produtor. Falando por mim, eu passo – não tenho a menor curiosidade.
3. ÓTIMAS ATUAÇÕES, APESAR DE TUDO
Este tópico não é unânime por aí, mas podem falar o que quiserem: minha opinião é a de que Michelle Williams mandou muito bem. Se fosse definir sua atuação neste filme em uma só palavra, seria equilíbrio.
Não vemos aqui uma mãe completamente desorientada, no fundo do poço e cujas ações são completamente dominadas pelo desespero – o que daria ao filme certo tom de dramalhão. Pelo contrário, apesar de desesperada e por motivos óbvios, essa mãe por vezes sequer derrama lágrimas, é dura em suas atitudes e revela a rocha que toda mãe tem dentro de si ao saber que um filho corre perigo.
Christopher Plummer também convenceu com a frieza e um deboche contido na medida, e sua atuação lhe rendeu uma indicação ao Oscar 2018 de Melhor Ator Coadjuvante.
4. É O ROMAIN DURIS, P*
Para mim, a grande surpresa do filme atende por Romain Duris, um dos meus atores franceses preferidos – esteve na trilogia iniciada por Albergue Espanhol, no incrível Idade Perigosa, no bonito Em Paris, no quase mágico A Espuma dos Dias e no fofo A Datilógrafa, só para citar alguns.
Romain encarna o sequestrador “bonzinho” Cinquante em Todo o Dinheiro do Mundo. O personagem ganha o público a sua maneira, e surpreende por ser bem diferente dos papéis geralmente interpretados por Duris.
Falando sobre o meu gosto cinéfilo pessoal, não são todos os filmes do diretor que me fazem morrer de vontade de ver. Só para dar um ou outro exemplo, gostei de Perdido em Marte e, claro, Blade Runner sempre será incrível.
Além da narrativa oscilante, o filme acaba colecionando tantas informações que, em vez de necessárias, apenas o prolongam e o tornam cansativo para o espectador. Nas sequências finais e decisivas, que pedem adrenalina, já estamos nos revirando na poltrona e desejando que o filme termine logo.
5. RIDLEY SCOTT
Apesar de alguns lançamentos meio duvidosos, Ridley Scott ainda é Ridley Scott, e a curiosidade de ver um novo filme do diretor acaba falando mais alto quase sempre.Falando sobre o meu gosto cinéfilo pessoal, não são todos os filmes do diretor que me fazem morrer de vontade de ver. Só para dar um ou outro exemplo, gostei de Perdido em Marte e, claro, Blade Runner sempre será incrível.
MAS, PORÉM, CONTUDO, ENTRETANTO…
Achei, sim, que Todo o Dinheiro do Mundo teve lá seus problemas. As sequências mais tensas são intercaladas por cenas monótonas e até mesmo dispensáveis – normalmente envolvendo a vida do magnata Getty. Acrescentam-se aí os – interessantes – flashbacks da infância do garoto John Paul Getty III, a ida para a Itália, os primeiros contatos com o avô. A maneira como tudo isso é estruturado e contado no filme é que é um pouco problemática. Não temos tempo de efetivamente mergulhar em tal momento, pois o momento seguinte já nos leva a outro clima, a outro rumo.Além da narrativa oscilante, o filme acaba colecionando tantas informações que, em vez de necessárias, apenas o prolongam e o tornam cansativo para o espectador. Nas sequências finais e decisivas, que pedem adrenalina, já estamos nos revirando na poltrona e desejando que o filme termine logo.
Como eu disse anteriormente, apesar de tudo é um filme que merece ser visto. Se você está curioso e tem vontade de ver, veja. Não é espetacular, mas os 5 motivos acima ainda fazem valer a ida ao cinema.
TRAILER E FICHA TÉCNICA
Todo o Dinheiro do Mundo (All the Money in the World) – 132 min.
EUA – 2017
Direção: Ridley Scott
Roteiro: David Scarpa, baseado no livro de John Pearson
Elenco: Michelle Williams, Christopher Plummer, Mark Wahlberg, Romain Duris, Timothy Hutton, Charlie Plummer, Andrew Buchan, Charlie Shotwell, Marco Leonardi, Giuseppe Bonifati, Stacy Martin, Nicolas Vaporidis, Andrea Piedimonte Bodini, Guglielmo Favilla, Nicola Di Chio
Estreia: 1 de fevereiro
Não recomendado para menores de 16 anos
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
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