Filme ‘Madame’: Rossy de Palma preenche o espectador em sátira repleta de frescor
Amanda Sthers 30 de março de 2018 Aline T.K.M. Nenhum comentário
Como resistir a um filme protagonizado pela maravilhosa Rossy de Palma, me diz?! Acompanho seu trabalho aqui e ali, desde as produções com Almodóvar – de quem sou fã fervorosa –, mas hoje vim aqui falar sobre uma comédia dramática imperdível, permeada por uma sátira social e pinceladas de romance.
Madame é dirigido pela também roteirista e escritora francesa Amanda Sthers, e chegou aos cinemas esta semana. Além de ser estrelado por Rossy de Palma, o filme conta com um elenco bem internacional e digno de atenção, cenários inspiradores e ótimos diálogos.
Madame é dirigido pela também roteirista e escritora francesa Amanda Sthers, e chegou aos cinemas esta semana. Além de ser estrelado por Rossy de Palma, o filme conta com um elenco bem internacional e digno de atenção, cenários inspiradores e ótimos diálogos.
Recém-chegados em Paris, o abastado casal americano Anne e Bob Fredericks decide organizar um jantar como forma de se apresentar à sociedade parisiense e também para celebrar a venda de uma tela de Caravaggio, que Bob está conduzindo de forma um tanto suspeita.
No entanto, a chegada de mais uma pessoa faz com que a soma dos convidados seja igual a 13, número associado às más vibrações. Para corrigir o problema Anne decide incluir Maria, a governanta da família, arrumando-a para fazer com que se passe por uma convidada da alta sociedade.
Mas as coisas acabam não saindo conforme o planejado. O convidado sentado a seu lado, um negociante de arte britânico, convencido de que Maria tem sangue nobre e encantado pela espontaneidade da mulher, se apaixona por ela.
No entanto, a chegada de mais uma pessoa faz com que a soma dos convidados seja igual a 13, número associado às más vibrações. Para corrigir o problema Anne decide incluir Maria, a governanta da família, arrumando-a para fazer com que se passe por uma convidada da alta sociedade.
Mas as coisas acabam não saindo conforme o planejado. O convidado sentado a seu lado, um negociante de arte britânico, convencido de que Maria tem sangue nobre e encantado pela espontaneidade da mulher, se apaixona por ela.
Misto de comédia e romance, e trazendo a temática da diferença de classes, Madame pousa o olhar especialmente nas relações entre as pessoas, condicionadas e determinadas por sua posição dentro da sociedade.
As leves pitadas de romance à la Cinderela – às avessas e bem atrapalhada – acabam por reforçar um aspecto interessante da trama: a relação entre Anne, a patroa, e Maria, a empregada. Anne ocupa uma posição socialmente privilegiada, mas sua vida pessoal e conjugal está imersa em um grande vazio.
Egoísmo, inveja e sentimento de injustiça a tomam de assalto, ao perceber que a empregada vive algo que ela é incapaz de viver. Por outro lado, o romance experimentado por Maria é doce, mas baseado em mentiras e mal-entendidos.
As leves pitadas de romance à la Cinderela – às avessas e bem atrapalhada – acabam por reforçar um aspecto interessante da trama: a relação entre Anne, a patroa, e Maria, a empregada. Anne ocupa uma posição socialmente privilegiada, mas sua vida pessoal e conjugal está imersa em um grande vazio.
Egoísmo, inveja e sentimento de injustiça a tomam de assalto, ao perceber que a empregada vive algo que ela é incapaz de viver. Por outro lado, o romance experimentado por Maria é doce, mas baseado em mentiras e mal-entendidos.
E é aí que tem início um jogo de ameaças veladas, humilhações cotidianas e toda uma série de atitudes condenáveis. Tão entranhadas nesse modelo de relação, elas têm por único fim provar ao outro – e, principalmente, a si mesmo – a própria superioridade.
Os vários momentos cômicos, notadamente a cargo de Maria, trazem leveza à história, amortecendo e tornando mais digerível o intrincado tema social no pano de fundo.
Os vários momentos cômicos, notadamente a cargo de Maria, trazem leveza à história, amortecendo e tornando mais digerível o intrincado tema social no pano de fundo.
Maria tem um jeitão de matrona, de mulherão forte, embora aprisionada em uma estrutura social engessada que a puxa, cada vez mais, para a base da pirâmide.
A situação fica ainda mais delicada quando o descontentamento da patroa, não raro disfarçado de “conversas civilizadas e amistosas”, ameaça tocar na educação da filha de Maria, ainda adolescente e que vive longe da mãe. Ou então quando temos diante de nós aquele jogo de punição e prêmio, tão medíocre quanto manipulador, entre chefe e empregado.
A situação fica ainda mais delicada quando o descontentamento da patroa, não raro disfarçado de “conversas civilizadas e amistosas”, ameaça tocar na educação da filha de Maria, ainda adolescente e que vive longe da mãe. Ou então quando temos diante de nós aquele jogo de punição e prêmio, tão medíocre quanto manipulador, entre chefe e empregado.
Sem dúvida, um dos maiores trunfos do filme está nas atuações. Rossy de Palma é deslumbrante e sua presença enche a tela e preenche o espectador. Tragicômica na medida, é impossível não reagir a tudo aquilo que atriz e personagem despejam sobre a gente. Inclusive, a diretora Amanda Sthers afirmou ter escrito o filme para a própria Rossy, com quem já estudava a possibilidade de um projeto conjunto.
Também vale mencionar Harvey Keitel e Toni Collette, que fazem um belo trabalho em cena, com destaque, claro, para a dinâmica entre as personagens femininas.
Também vale mencionar Harvey Keitel e Toni Collette, que fazem um belo trabalho em cena, com destaque, claro, para a dinâmica entre as personagens femininas.
Crítica social que toca e tem acidez, mas, ao mesmo tempo, é dotada de frescor e de deliciosos momentos cômicos. Assim é Madame – e eu realmente penso que vocês precisam assistir a este filme no cinema.
Junte ao pacote um roteiro perspicaz, atuações notáveis e um desfecho que vai quase que completamente ao oposto do que esperamos. Foi lindo. Uma boa lufada de ar que nos faz, de alguma maneira, levantar um pouquinho renovados da poltrona do cinema.
Junte ao pacote um roteiro perspicaz, atuações notáveis e um desfecho que vai quase que completamente ao oposto do que esperamos. Foi lindo. Uma boa lufada de ar que nos faz, de alguma maneira, levantar um pouquinho renovados da poltrona do cinema.
TRAILER E FICHA TÉCNICA
Madame (Madame) – 91 min.
França – 2017
Direção: Amanda Sthers
Roteiro: Amanda Sthers
Elenco: Rossy de Palma, Harvey Keitel, Toni Collette, Tim Fellingham, Brendan Patricks, Michael Smiley, Joséphine de la Baume, Sonia Rolland, Stanislas Merhar
Estreia: 29 de março
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
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