Filme ‘A Número Um’: primeira grande decepção cinematográfica do ano
Cinema francês 13 de março de 2018 Aline T.K.M. Nenhum comentário
Ver a foto de Emmanuelle Devos no cartaz de um filme sobre os dilemas de uma mulher perante a carreira e o poder, definitivamente, é um indicador de uma história promissora.
Foi com esse espírito e expectativa que entrei na sala para conferir A Número Um, longa de Tonie Marshall estrelado pela diva Emmanuelle Devos. Mas... o que o filme entrega, de fato, acabou ficando muito aquém do que eu esperava.
Foi com esse espírito e expectativa que entrei na sala para conferir A Número Um, longa de Tonie Marshall estrelado pela diva Emmanuelle Devos. Mas... o que o filme entrega, de fato, acabou ficando muito aquém do que eu esperava.
Acompanhamos a história de Emmanuelle Blachey (Emmanuelle Devos), casada, mãe de dois filhos, e uma executiva de prestígio. Acostumada a suprimir sua feminilidade para manter seu lugar no mundo corporativo, Emmanuelle também acaba deixando que a carreira interfira na vida pessoal e familiar – ela quase não tem tempo para os filhos e a relação conjugal parece ter caído na superficialidade.
Então, um grupo de mulheres influentes se propõe a ajudá-la a conquistar o cargo presidencial em uma grande empresa de energia. Emmanuelle seria a primeira mulher à frente da empresa – um objetivo nada fácil de ser alcançado. Diante de obstáculos sexistas e enfrentando questões pessoais, Emmanuelle decide encarar a trajetória rumo à desejada posição e começa a dar voz à mulher que há muito vinha estado sufocando dentro de si.
Então, um grupo de mulheres influentes se propõe a ajudá-la a conquistar o cargo presidencial em uma grande empresa de energia. Emmanuelle seria a primeira mulher à frente da empresa – um objetivo nada fácil de ser alcançado. Diante de obstáculos sexistas e enfrentando questões pessoais, Emmanuelle decide encarar a trajetória rumo à desejada posição e começa a dar voz à mulher que há muito vinha estado sufocando dentro de si.
A premissa, aqui, não poderia ser mais atual. Mulheres poderosas, mas que cedem à opressão masculina do mundo do trabalho e que, em dado momento, reúnem força e coragem para exercer seu poder sem abrir mão de ser mulher em todos os aspectos. Filmes assim são sempre inspiradores. Bem, quase sempre.
Longo e cansativo, a trama é um pouco enrolada e permanece num lugar distante, frio até. Tudo é muito insosso, tudo é muito racional, tudo é muito chato – não encontrei palavra melhor para definir o filme. Vez ou outra, certo aspecto humano – que esperei encontrar no filme todo – ameaça vir à tona, mas apenas ameaça. O humor é fraco e passa suficientemente longe da história.
Outra coisa é que, ao longo do filme, esbarramos o tempo todo em personagens desagradáveis e entediantes – é impossível não condená-los todos em vários momentos. E não, o longa não ficou livre dos malfadados estereótipos.
Se tem algo que levanta a produção, eu diria que apenas a atuação de Emmanuelle Devos, que coube perfeitamente em sua personagem. Mesmo assim, nem sua presença é capaz de salvar o filme – e digo isso com pesar.
Após longos momentos ansiando pelo desfecho, finalmente uma surpresa positiva. O final tem um colorido diferente, traz certo sentido e ilumina um pouco aquilo que foi um filme exaustivo. Vou além e afirmo que os minutos finais acabam sendo melhores que todo o filme. O que também acaba sendo desolador e inútil, afinal de contas.
Se tem algo que levanta a produção, eu diria que apenas a atuação de Emmanuelle Devos, que coube perfeitamente em sua personagem. Mesmo assim, nem sua presença é capaz de salvar o filme – e digo isso com pesar.
Após longos momentos ansiando pelo desfecho, finalmente uma surpresa positiva. O final tem um colorido diferente, traz certo sentido e ilumina um pouco aquilo que foi um filme exaustivo. Vou além e afirmo que os minutos finais acabam sendo melhores que todo o filme. O que também acaba sendo desolador e inútil, afinal de contas.
Não pretendo desencorajar totalmente a ida ao cinema – apesar de, talvez, já tê-lo feito. Mas apenas gostaria de deixar aqui a dica: não se deixe iludir pelo título e por Emmanuelle Devos divando no cartaz.
Sei lá, o filme não funcionou comigo – talvez o fator “altas expectativas” tenha tido um papel grande aí –, mas pode ser que funcione para você. Bem, por sua conta e risco.
Sei lá, o filme não funcionou comigo – talvez o fator “altas expectativas” tenha tido um papel grande aí –, mas pode ser que funcione para você. Bem, por sua conta e risco.
TRAILER E FICHA TÉCNICA
A Número Um (Numéro Une) – 110 min.
França – 2017
Direção: Tonie Marshall
Roteiro: Tonie Marshall, Marion Doussot, Raphaëlle Bacqué
Elenco: Emmanuelle Devos, Suzanne Clément, Richard Berry, Sami Frey, Benjamin Biolay, Francine Bergé, Anne Azoulay, Bernard Verley, John Lynch, Carole Bouquet
Estreia: 8 de março
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
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