Filme ‘Uma Espécie de Família’: dilemas em torno de adoção tocaram meu lado mais egoísta
Adoção 7 de março de 2018 Aline T.K.M. Nenhum comentário
O desejo da maternidade como temática nos exige um olhar mais sensível e o exercício da empatia, ao mergulharmos na história e nos dilemas da protagonista do drama Uma Espécie de Família. Do argentino Diego Lerman, o filme estreia esta semana nos cinemas.
A partir de uma perspectiva intimista, adentramos a história de Malena (Bárbara Lennie), uma médica de classe média que vive em Buenos Aires e que se vê perto de realizar o seu maior desejo – ser mãe. Ela é avisada de que o bebê que irá adotar – de maneira ilegal, no interior da Argentina – está prestes a nascer, e corre para acompanhar os preparativos e o momento especial.
No entanto, a família do recém-nascido começa a chantageá-la, colocando-a numa situação complicada e às voltas com dilemas e questionamentos. Até onde Malena é capaz de ir para ter o que tanto deseja?
A partir de uma perspectiva intimista, adentramos a história de Malena (Bárbara Lennie), uma médica de classe média que vive em Buenos Aires e que se vê perto de realizar o seu maior desejo – ser mãe. Ela é avisada de que o bebê que irá adotar – de maneira ilegal, no interior da Argentina – está prestes a nascer, e corre para acompanhar os preparativos e o momento especial.
No entanto, a família do recém-nascido começa a chantageá-la, colocando-a numa situação complicada e às voltas com dilemas e questionamentos. Até onde Malena é capaz de ir para ter o que tanto deseja?
Sem conhecer muitos detalhes de sua vida nem mergulhar profundamente em seu passado, o filme é centrado na necessidade de Malena – já quase uma obsessão – de ser mãe. Chega um momento em que os ânimos ficam impossíveis e o autocontrole foge à personagem, e é aí que tudo fica ainda mais delicado.
Delicado também para nós, espectadores, já que a tendência a julgarmos a protagonista aumenta de forma implacável. Só que não devemos, no meu entendimento, cair nessa armadilha do julgamento automático e cruel.
Como eu mencionei lá no comecinho, penetrar neste momento da vida de Malena requer sensibilidade; caso contrário, dificilmente será possível ter uma conexão com o filme e o distanciamento é quase certo.
Delicado também para nós, espectadores, já que a tendência a julgarmos a protagonista aumenta de forma implacável. Só que não devemos, no meu entendimento, cair nessa armadilha do julgamento automático e cruel.
Como eu mencionei lá no comecinho, penetrar neste momento da vida de Malena requer sensibilidade; caso contrário, dificilmente será possível ter uma conexão com o filme e o distanciamento é quase certo.
Talvez, até mesmo pelo tema, o filme dialogue mais intimamente com um público bem específico, incluindo as mulheres. Ou seja, aqueles que, de certa maneira, poderão alcançar a mente e o turbilhão de sentimentos da protagonista.
É certo que sua psicologia e sua história não são exatamente desenvolvidas no longa. Mas paremos para pensar. Malena quer desesperadamente ser mãe – existe já um ponto sensível em torno disso, mencionado em determinado momento do filme. Ela decide adotar um recém-nascido de forma ilegal. Acompanha a gravidez da mãe biológica, dá certo suporte a ela e, quando tudo parece certo, chegam as complicações e obstáculos burocráticos que dificultam ainda mais o sonhado momento de levar o bebê para casa.
É certo que sua psicologia e sua história não são exatamente desenvolvidas no longa. Mas paremos para pensar. Malena quer desesperadamente ser mãe – existe já um ponto sensível em torno disso, mencionado em determinado momento do filme. Ela decide adotar um recém-nascido de forma ilegal. Acompanha a gravidez da mãe biológica, dá certo suporte a ela e, quando tudo parece certo, chegam as complicações e obstáculos burocráticos que dificultam ainda mais o sonhado momento de levar o bebê para casa.
Não é tão simples, como se ela pudesse simplesmente deixar de lado e partir para uma outra adoção. Estamos lidando com expectativas, com planos. Tudo, durante meses, construído em torno daquele bebê. Daquele, e não de um outro qualquer.
Ao internalizarmos todas essas questões, percebemos que julgar os atos e o estado psicológico da protagonista é algo simplesmente fútil e superficial.
Vale pontuar que o filme também se aproxima da mãe biológica, uma mulher extremamente pobre e mãe de outras crianças. Diante do recém-nascido destinado à adoção, essa mãe se força a rejeitá-lo pelo simples medo de se afeiçoar a um bebê que nunca foi seu – sua reação diante da obrigação de ter de deixar o hospital levando a criança nos braços é desesperadora. Como julgar essa mulher? Pois é, não há maneira, ainda que sua família esteja agindo de forma condenável com a mãe adotiva.
Ao internalizarmos todas essas questões, percebemos que julgar os atos e o estado psicológico da protagonista é algo simplesmente fútil e superficial.
Vale pontuar que o filme também se aproxima da mãe biológica, uma mulher extremamente pobre e mãe de outras crianças. Diante do recém-nascido destinado à adoção, essa mãe se força a rejeitá-lo pelo simples medo de se afeiçoar a um bebê que nunca foi seu – sua reação diante da obrigação de ter de deixar o hospital levando a criança nos braços é desesperadora. Como julgar essa mulher? Pois é, não há maneira, ainda que sua família esteja agindo de forma condenável com a mãe adotiva.
As decisões finais de Malena, preciso confessar, me incomodaram um pouco – não como espectadora, mas em um lugar mais íntimo e egoísta. E, ainda assim, o desfecho faz sentido e nos deixa um pouco mais próximos de compreender quem, de fato, é essa mulher - interpretada com justeza e tato pela ótima Bárbara Lennie.
Introspectivo, Uma Espécie de Família sensibiliza sem cair no dramalhão. Mas aviso: não espere a espirituosidade do cinema portenho.
Aqui, somos convidados tanto a sentir como a pensar, a ruminar os dilemas e decisões da protagonista. Tenho certeza de que aquele famoso “o que eu faria no lugar dela?” vai te acompanhar por uns bons momentos depois de deixar a sala do cinema.
Introspectivo, Uma Espécie de Família sensibiliza sem cair no dramalhão. Mas aviso: não espere a espirituosidade do cinema portenho.
Aqui, somos convidados tanto a sentir como a pensar, a ruminar os dilemas e decisões da protagonista. Tenho certeza de que aquele famoso “o que eu faria no lugar dela?” vai te acompanhar por uns bons momentos depois de deixar a sala do cinema.
TRAILER E FICHA TÉCNICA
Uma Espécie de Família (Una Especie de Familia) – 96 min.
Argentina | Brasil – 2017
Direção: Diego Lerman
Roteiro: Diego Lerman, María Meira
Elenco: Bárbara Lennie, Daniel Aráoz, Claudio Tolcachir, Yanina Ávila, Paula Cohen
Estreia: 8 de março
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
Nenhum comentário