Filme ‘Lua de Júpiter’: a necessidade humana de sinais divinos em um mundo desiludido
Cinema húngaro 31 de maio de 2018 Aline T.K.M. Nenhum comentário
Um poder misterioso com ares de milagre que, de um jeito um pouco torto, acaba modificando não só a vida daquele que o possui como também dos que estão ao seu redor.
Esta é, basicamente, a premissa de Lua de Júpiter. O filme húngaro tem direção de Kornél Mundruczó (diretor de White God) e está entre as estreias desta semana nos cinemas.
Aryan (Zsombor Jéger) é um jovem imigrante sírio que, ao tentar atravessar a fronteira é atingido por um tiro. O ferimento, que deveria ter sido letal, o deixa em estado de choque e não demora a perceber que algo estranho ocorre com seu corpo – agora, ele misteriosamente tem o poder de levitar.
O jovem vai parar em um campo de refugiados na Hungria, onde conhece o dr. Stern (Merab Ninidze). Assombrado com o poder de Aryan, o médico o leva consigo às escondidas e passa a se aproveitar da situação do jovem para fazer dinheiro. No entanto, eles são perseguidos pelo diretor do campo de refugiados.
Esta é, basicamente, a premissa de Lua de Júpiter. O filme húngaro tem direção de Kornél Mundruczó (diretor de White God) e está entre as estreias desta semana nos cinemas.
Aryan (Zsombor Jéger) é um jovem imigrante sírio que, ao tentar atravessar a fronteira é atingido por um tiro. O ferimento, que deveria ter sido letal, o deixa em estado de choque e não demora a perceber que algo estranho ocorre com seu corpo – agora, ele misteriosamente tem o poder de levitar.
O jovem vai parar em um campo de refugiados na Hungria, onde conhece o dr. Stern (Merab Ninidze). Assombrado com o poder de Aryan, o médico o leva consigo às escondidas e passa a se aproveitar da situação do jovem para fazer dinheiro. No entanto, eles são perseguidos pelo diretor do campo de refugiados.
O poster e o trailer instigam e dão a impressão de estarmos diante de um filme, no mínimo, peculiar. Também deixam entrever o visual do longa, que alterna entre momentos quase poéticos – como aqueles em que o jovem Aryan levita por sobre a cidade, ou quando vemos apenas sua sombra a descer em flutuação lenta por toda a extensão de um edifício – e a desesperança de um mundo que sabemos em processo de deterioração.
Em um meio tomado pela corrupção e pela hipocrisa, Aryan sacode a vida daqueles que são tocados por sua nova habilidade. Se, por um lado, o poder do jovem é capaz de trazer fé àqueles que há muito a deixaram de lado, por outro, os milagres operados acontecem de forma clandestina e envolvendo dinheiro.
Em um meio tomado pela corrupção e pela hipocrisa, Aryan sacode a vida daqueles que são tocados por sua nova habilidade. Se, por um lado, o poder do jovem é capaz de trazer fé àqueles que há muito a deixaram de lado, por outro, os milagres operados acontecem de forma clandestina e envolvendo dinheiro.
O dr. Stern é, ele próprio, transformado aos poucos pela presença e pelo poder de Aryan. Médico corrupto e sozinho, ele traz uma culpa do passado que faz com que persiga alguma forma de redenção.
Lua de Júpiter é, sim, um filme interessante em todos os seus aspectos. Além dos méritos do visual, a trama ainda dialoga com o mundo atual, com o caos, com o medo, com a perda de perspectiva e de fé. Talvez o único pecado tenha sido se estender bem mais que o necessário.
Nestes tempos sombrios nos quais – assustadoramente – o ser humano se acostumou a viver no limite, é preciso um sinal que indique a fé como um recurso não extinto, algo em que ainda possamos nos apoiar. Mas, quando por fim aparece um sinal tangível, este permanece preso na incompreensão e na utilização duvidosa.
Entretanto, algumas questões me povoaram a mente ao término das duas horas de projeção. Seria mesmo o poder de Aryan um prenúncio capaz de renovar a fé, um milagre originador de outros milagres? Ou seria apenas mero produto da necessidade humana de transformar fatos insólitos em sinais divinos e motivadores da fé, especialmente em momentos de escuridão?...
Nestes tempos sombrios nos quais – assustadoramente – o ser humano se acostumou a viver no limite, é preciso um sinal que indique a fé como um recurso não extinto, algo em que ainda possamos nos apoiar. Mas, quando por fim aparece um sinal tangível, este permanece preso na incompreensão e na utilização duvidosa.
Entretanto, algumas questões me povoaram a mente ao término das duas horas de projeção. Seria mesmo o poder de Aryan um prenúncio capaz de renovar a fé, um milagre originador de outros milagres? Ou seria apenas mero produto da necessidade humana de transformar fatos insólitos em sinais divinos e motivadores da fé, especialmente em momentos de escuridão?...
TRAILER E FICHA TÉCNICA
Lua de Júpiter (Jupiter holdja | Jupiter’s Moon) – 123 min.
Hungria, Alemanha – 2017
Direção: Kornél Mundruczó
Roteiro: Kornél Mundruczó, Kata Wéber
Elenco: Zsombor Jéger, Merab Ninidze, György Cserhalmi, Mónika Balsai
Estreia: 31 de maio
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
Nenhum comentário