Filme ‘Olhos do Deserto’: inspirador, longa traz história de amor e tecnologia em era de distanciamento
Cinema canadense 26 de maio de 2018 Aline T.K.M. Nenhum comentário
Sabe aquelas histórias que são velhas conhecidas e que, não importa quanto tempo passe, sempre vão conseguir tocar nosso coração? São histórias que originaram – e ainda originam – um sem-número de releituras que, por sua vez, só fazem lembrar por que elas continuam nos fascinando.
É o caso de Olhos do Deserto, uma modernização da história de amor entre Romeu e Julieta, que une tecnologia e temáticas atuais a conflitos familiares. O filme tem direção de Kim Nguyen e está em cartaz nos cinemas.
É o caso de Olhos do Deserto, uma modernização da história de amor entre Romeu e Julieta, que une tecnologia e temáticas atuais a conflitos familiares. O filme tem direção de Kim Nguyen e está em cartaz nos cinemas.
Gordon (Joe Cole) vive e trabalha em Detroit, operando drones de segurança usados para monitorar de forma remota dutos de petróleo em um deserto no norte da África. Através de um desses “robôs espiões”, Gordon conhece Ayusha (Lina El Arabi), uma jovem habitante das cercanias, cuja família a obrigará a se casar com um homem bem mais velho e que ela mal conhece.
Apesar da distância que os separa, Gordon se sensibiliza com a situação e pretende fazer todo o possível para ajudar Ayusha e o namorado a fugirem dali.
Apesar da distância que os separa, Gordon se sensibiliza com a situação e pretende fazer todo o possível para ajudar Ayusha e o namorado a fugirem dali.
História repleta de situações improváveis, Olhos do Deserto apresenta momentos tensos e mexe com o emocional dos mais românticos. O contexto diferenciado e certa simplicidade no enredo trazem frescor e fazem com que o longa acabe por se destacar entre as tantas histórias de amor que vemos por aí.
A tecnologia é elemento essencial aqui e, metaforicamente, retrata a forma como vivemos e nos relacionamos nos tempos atuais.
A despeito da ausência de proximidade e contato físico entre Gordon e Ayusha, a cumplicidade e a empatia que os une é real. De muitas maneiras, um precisa do outro naquele momento, o que faz pensar que, muitas vezes e de maneira quase irônica, a vida nos faz percorrer meio mundo para conseguirmos encontrar alguém que compreenda nossas dores e que pense e sinta como nós.
A tecnologia é elemento essencial aqui e, metaforicamente, retrata a forma como vivemos e nos relacionamos nos tempos atuais.
A despeito da ausência de proximidade e contato físico entre Gordon e Ayusha, a cumplicidade e a empatia que os une é real. De muitas maneiras, um precisa do outro naquele momento, o que faz pensar que, muitas vezes e de maneira quase irônica, a vida nos faz percorrer meio mundo para conseguirmos encontrar alguém que compreenda nossas dores e que pense e sinta como nós.
Por outro lado, os drones que monitoram e “espiam” a região do deserto evocam a questão da privacidade em época na qual estamos sempre sendo observados e, ao mesmo tempo, nos deixando observar. Época em que observar se tornou necessidade básica.
Por meio de um robô, Gordon é o olho que tudo vê, os ouvidos que tudo escutam. Nenhuma presença lhe passa despercebida e nada lhe é impossível de rastrear. Ele tem o poder, inclusive, de atacar e desferir tiros, se preciso.
Mas Gordon é, acima de tudo, um ser humano, alguém cuja humanidade nem mesmo o emprego que lhe exige suficiente frieza conseguiu extinguir.
Por meio de um robô, Gordon é o olho que tudo vê, os ouvidos que tudo escutam. Nenhuma presença lhe passa despercebida e nada lhe é impossível de rastrear. Ele tem o poder, inclusive, de atacar e desferir tiros, se preciso.
Mas Gordon é, acima de tudo, um ser humano, alguém cuja humanidade nem mesmo o emprego que lhe exige suficiente frieza conseguiu extinguir.
Além da própria trama e das circunstâncias criadas em torno dela, um dos destaques do filme é a atriz francesa Lina El Arabi, que protagonizou o também excelente A Garota Ocidental – filmaço que vi no início deste ano no My French Film Festival, aquele festival online de cinema sobre o qual comento todo ano.
Inspirador, Olhos do Deserto encanta ao trazer uma trama de amor e sobre o amor, povoada de personagens muito humanos e nutridos de esperança em meio a ambientes tão inóspitos. Bem o tipo de história que tem tudo para dar errado – na realidade, tem tudo para nem acontecer –, mas na qual a gente não deixa de acreditar nem por um minuto.
Olhos do Deserto trouxe uma doçura de que eu precisava; um filme que coloquei no coração e vou levar comigo.
Inspirador, Olhos do Deserto encanta ao trazer uma trama de amor e sobre o amor, povoada de personagens muito humanos e nutridos de esperança em meio a ambientes tão inóspitos. Bem o tipo de história que tem tudo para dar errado – na realidade, tem tudo para nem acontecer –, mas na qual a gente não deixa de acreditar nem por um minuto.
Olhos do Deserto trouxe uma doçura de que eu precisava; um filme que coloquei no coração e vou levar comigo.
TRAILER E FICHA TÉCNICA
Olhos do Deserto (Eye on Juliet) – 90 min.
Canadá – 2017
Direção: Kim Nguyen
Roteiro: Kim Nguyen
Elenco: Joe Cole, Lina El Arabi, Brent Skagford, Faycal Zeglat, Mbarek El Mahmoudi, Amal Ayouch, Ayisha Issa, Marianne Farley
Estreia: 24 de maio
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
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