Filme ‘As Boas Maneiras’: fragmentado em duas partes, longa deixa a sensação de que ‘se fosse menos, seria mais’
Cinema brasileiro 6 de junho de 2018 Aline T.K.M. Nenhum comentário
A figura do lobisomem é velha conhecida de todos. As lendas em torno da criatura continuam a inspirar um sem-número de obras – literárias, cinematográficas e artísticas de modo geral – e a exercer fascínio inexplicável no público, tão entranhadas que estão no imaginário popular.
Talvez por isso mesmo seja difícil não se deixar embalar diante de As Boas Maneiras. Fábula de horror com elementos fantásticos, o filme estreia nesta semana nos cinemas e tem direção de Juliana Rojas e Marco Dutra. Já o protagonismo é dividido entre Marjorie Estiano e Isabél Zuaa, que acabam se tornando maiores – e melhores – que o próprio longa.
Talvez por isso mesmo seja difícil não se deixar embalar diante de As Boas Maneiras. Fábula de horror com elementos fantásticos, o filme estreia nesta semana nos cinemas e tem direção de Juliana Rojas e Marco Dutra. Já o protagonismo é dividido entre Marjorie Estiano e Isabél Zuaa, que acabam se tornando maiores – e melhores – que o próprio longa.
Premiado em diversos festivais internacionais, As Boas Maneiras traz a história da solitária Ana (Marjorie Estiano), que contrata Clara (Isabél Zuaa) para ser a babá de seu filho que ainda está para nascer.
Moradora da periferia, também solitária e com formação incompleta em enfermagem, Clara se muda para o apartamento de Ana e passa a ajudá-la durante a gravidez. Mas, conforme as semanas avançam, Clara nota que a patroa começa a exibir comportamentos estranhos.
Moradora da periferia, também solitária e com formação incompleta em enfermagem, Clara se muda para o apartamento de Ana e passa a ajudá-la durante a gravidez. Mas, conforme as semanas avançam, Clara nota que a patroa começa a exibir comportamentos estranhos.
Este é um daqueles filmes que poderiam ter sido muito bons e dos quais eu me lembraria por muito tempo. Ele poderia ter sido, não fosse o fato de se perder lá pela metade, quando a trama tem seu rumo alterado de forma drástica.
Essa espécie de divisão na história acaba não funcionando. A sensação não é a de estarmos diante de duas partes de um todo, mas a de assistirmos a dois filmes distintos em sequência. Acontece uma mudança total na atmosfera do longa e, com ela, infelizmente, a perda da identidade; aquele fio que deveria conectar as duas histórias, muitas vezes, parece inexistir.
Se a primeira parte traz consigo uma misteriosa aura de conto gótico combinada à plasticidade das cenas carnais, a segunda parece tão somente uma espécie de releitura satírica da lenda do lobisomem. A disparidade é tanta que fica difícil – esquisito, até – definir uma impressão sobre o filme.
Essa espécie de divisão na história acaba não funcionando. A sensação não é a de estarmos diante de duas partes de um todo, mas a de assistirmos a dois filmes distintos em sequência. Acontece uma mudança total na atmosfera do longa e, com ela, infelizmente, a perda da identidade; aquele fio que deveria conectar as duas histórias, muitas vezes, parece inexistir.
Se a primeira parte traz consigo uma misteriosa aura de conto gótico combinada à plasticidade das cenas carnais, a segunda parece tão somente uma espécie de releitura satírica da lenda do lobisomem. A disparidade é tanta que fica difícil – esquisito, até – definir uma impressão sobre o filme.
Entretanto, o elenco é um aspecto muito positivo e chega a salvar diversos momentos, especialmente da metade para o final. Marjorie Estiano e Isabél Zuaa mostram um excelente trabalho, obtendo mais destaque que a trama e o roteiro juntos.
Justiça seja feita, As Boas Maneiras não é um filme ruim, mas poderia ter sido tão – tão! – melhor se fosse composto apenas pela primeira parte. Eis aí um caso em que menos seria muito mais...
Justiça seja feita, As Boas Maneiras não é um filme ruim, mas poderia ter sido tão – tão! – melhor se fosse composto apenas pela primeira parte. Eis aí um caso em que menos seria muito mais...
TRAILER E FICHA TÉCNICA
As Boas Maneiras – 135 min.
Brasil/França – 2017
Direção: Juliana Rojas e Marco Dutra
Roteiro: Juliana Rojas e Marco Dutra
Elenco: Marjorie Estiano, Isabél Zuaa, Miguel Lobo, Cida Moreira, Andrea Marquee, Felipe Kenji, Nina Medeiros, Neusa Velasco, Gilda Nomacce, Eduardo Gomes, Hugo Villavicenzio, Adriana Mendonça, Germano Melo, Naolana Lima
Estreia: 7 de junho
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
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