‘Os Invisíveis’: com formato híbrido, o filme mostra a história de quatro judeus escondidos em Berlim durante o nazismo
Cinema alemão 1 de outubro de 2018 Aline T.K.M. 2 comentários
Berlim foi declarada “livre de judeus”. O ano era 1943, e aqueles que não tivessem escapado a tempo seriam deportados para os campos de concentração. No entanto, 7 mil judeus permaneceram escondidos na capital alemã. Entre o medo e a luta diária pela sobrevivência, 1.700 deles sobreviveram à perseguição nazista em Berlim.
É na história de quatro desses sobreviventes que se debruça Os Invisíveis. O filme tem direção de Claus Räfle, conhecido por seus documentários para a televisão, e coautoria de Alejandra López, e chega aos cinemas no dia 4 de outubro.
É na história de quatro desses sobreviventes que se debruça Os Invisíveis. O filme tem direção de Claus Räfle, conhecido por seus documentários para a televisão, e coautoria de Alejandra López, e chega aos cinemas no dia 4 de outubro.
Em um híbrido de filme e documentário, Os Invisíveis narra a trajetória de quatro jovens judeus que, contando com a ajuda de berlinenses não judeus, conseguiram se esconder.
Cioma Shönhaus (Max Mauff) foi um deles, que, como trabalhador forçado, foi o único de sua família a não ter sido deportado. Aos vinte anos, começou a trabalhar como falsificador de passaportes, ajudando centenas de outros judeus a terem uma nova identidade.
Cioma Shönhaus (Max Mauff) foi um deles, que, como trabalhador forçado, foi o único de sua família a não ter sido deportado. Aos vinte anos, começou a trabalhar como falsificador de passaportes, ajudando centenas de outros judeus a terem uma nova identidade.
Hanni Lévy (Alice Dwyer), de dezessete anos, perdeu os pais e tingiu o cabelo de loiro para se camuflar entre as garotas alemãs; encontrou refúgio com uma funcionária da bilheteria de um cinema, que a abrigou em seu apartamento.
Ruth Arndt (Ruby O. Fee) se escondeu com sua família e começou a se disfarçar de viúva de guerra para sair às ruas. Acabou indo trabalhar na casa de um oficial das forças armadas do Terceiro Reich, local onde aconteciam jantares regados a comida e álcool contrabandeado, enquanto alimentos eram racionados entre a população.
Aos dezesseis anos, Eugen Friede (Aaron Altaras) foi o único de sua família a ter de usar a estrela amarela, já que as leis de miscigenação protegiam sua mãe – judia – por ser casada com um cristão, padrasto do jovem. Eugen encontrou refúgio e então se juntou à resistência, ajudando a distribuir panfletos para informar o público sobre os crimes nazistas.
As histórias dos protagonistas se desenrolam de forma paralela; no entanto, dois personagens acabam permeando as trajetórias dos jovens escondidos. Um deles é Werner Scharff (Florian Lukas), um eletricista que conseguiu escapar do campo de concentração de Theresienstadt (na atual República Tcheca) e, sabendo que os judeus em Auschwitz estavam sendo mortos em câmaras de gás, decide informar a população, produzindo e distribuindo panfletos.
Outra personagem que se se faz presente em mais de uma história é a atraente Stella Goldschlag (Laila Maria Witt), que foi pressionada a cooperar com os nazistas como informante da Gestapo, entregando judeus e, assim, sentenciando-os à morte.
Outra personagem que se se faz presente em mais de uma história é a atraente Stella Goldschlag (Laila Maria Witt), que foi pressionada a cooperar com os nazistas como informante da Gestapo, entregando judeus e, assim, sentenciando-os à morte.
As peripécias dos quatro jovens judeus para se tornarem invisíveis e sobreviverem ao nazismo são intercaladas por trechos de entrevistas com os verdadeiros protagonistas das histórias, o que confere veracidade e também aproxima espectador e personagens. Além disso, torna o filme uma importante contribuição para o cinema histórico.
As declarações dos quatro sobreviventes, bem como a temática em torno de como esses judeus conseguiram se manter escondidos em Berlim, situam Os Invisíveis em um outro lugar quando pensamos em filmes acerca do nazismo.
Quando a maior parte dos longas sobre o tema busca retratar a tragédia nos campos de concentração ou a tentativa de fuga dos judeus, Os Invisíveis se diferencia ao falar sobre esses judeus que “desapareceram” em Berlim e sobre os heróis que os ajudaram com refúgio, alimentos e documentos falsos.
As declarações dos quatro sobreviventes, bem como a temática em torno de como esses judeus conseguiram se manter escondidos em Berlim, situam Os Invisíveis em um outro lugar quando pensamos em filmes acerca do nazismo.
Quando a maior parte dos longas sobre o tema busca retratar a tragédia nos campos de concentração ou a tentativa de fuga dos judeus, Os Invisíveis se diferencia ao falar sobre esses judeus que “desapareceram” em Berlim e sobre os heróis que os ajudaram com refúgio, alimentos e documentos falsos.
Mais do que um filme sobre esse episódio triste e vergonhoso da história, Os Invisíveis está aí para mostrar que a história precisa ser lembrada e esmiuçada para evitar o esquecimento e qualquer possibilidade de repetição. Mas não é só isso.
Com poesia e até mesmo toques de humor, o filme também traz luz à tragédia e apresenta uma atmosfera de reaproximação desses protagonistas da vida real com uma pátria que tanto os feriu e com um povo que, como eles próprios descobriram na juventude, também era formado por pessoas justas e de bom coração.
Com poesia e até mesmo toques de humor, o filme também traz luz à tragédia e apresenta uma atmosfera de reaproximação desses protagonistas da vida real com uma pátria que tanto os feriu e com um povo que, como eles próprios descobriram na juventude, também era formado por pessoas justas e de bom coração.
TRAILER E FICHA TÉCNICA
Os Invisíveis (Die Unsichtbaren | The Invisibles | The Resistance) – 110 min.
Alemanha – 2017
Direção: Claus Räfle
Roteiro: Claus Räfle, Alejandra López
Elenco: Max Mauff, Alice Dwyer, Ruby O. Fee, Aaron Altaras, Victoria Schulz, Florian Lukas, Andreas Schmidt, Hans Winkler, Sergej Moya, Laila Maria Witt
Estreia: 4 de outubro
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
2 comentários
Parece ser bem pesado esse filme, mas é uma temática que me interessa bastante, desde O menino do pijama listrado. O que impressiona é saber que isso existiu e não é apenas ficção :(
ResponderExcluirAbs
É, essa temática nunca vai ser leve, por mais que o filme traga alguma leveza. Esse não é tão pesado como outros, até porque pelo menos a gente já sabe que essas pessoas da história são sobreviventes. Mas não deixa de ser aterrador ver tudo o que se passava na época e o que essas pessoas tiveram que fazer para lutar pela própria vida.
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