‘Colette’: com Keira Knightley, filme traz recorte da trajetória de uma das maiores escritoras francesas de todos os tempos
Cinema britânico 10 de dezembro de 2018 Aline T.K.M. 4 comentários
Uma protagonista guerreira (e real), que enfrentou os obstáculos de sua época e a pressão de uma sociedade patriarcal e machista, para se dedicar àquilo em que acreditava. Uma mulher que alcançou o sucesso, ainda que presa no anonimato e à sombra de um marido aproveitador. Que encontrou na literatura – e na arte, de forma geral –, uma maneira de se fazer ver e ouvir.
Essa mulher é Sidonie-Gabrielle Colette, ou simplesmente Colette, uma das maiores escritoras francesas de todos os tempos – indicada ao Prêmio Nobel de Literatura em 1948 –, cuja cinebiografia estreia esta semana nos cinemas. Colette, o filme, tem direção de Wash Westmoreland (Para Sempre Alice) e é estrelado por Keira Knightley.
Essa mulher é Sidonie-Gabrielle Colette, ou simplesmente Colette, uma das maiores escritoras francesas de todos os tempos – indicada ao Prêmio Nobel de Literatura em 1948 –, cuja cinebiografia estreia esta semana nos cinemas. Colette, o filme, tem direção de Wash Westmoreland (Para Sempre Alice) e é estrelado por Keira Knightley.
Na Belle Époque parisiense, a jovem do interior Sidonie-Gabrielle Colette se casa com o escritor Willy, catorze anos mais velho. Não demora para que o marido a integre a sua “fábrica de ghost writers”, fazendo com que ela escreva em seu nome.
A série Claudine se torna um sucesso, especialmente entre as mulheres francesas, alavancando o sucesso de Willy e transformando-os em um casal conhecido no meio moderno e artístico.
A falta de reconhecimento e a exploração a que o marido lhe submetia somaram-se à decadência do casamento, que já vinha definhando há tempos – o marido sempre foi um libertino, e Colette cada vez mais se interessava por mulheres. Em meio a isso tudo, Colette foi descobrindo e desenvolvendo outras paixões artísticas, como a pantomima, e encontrando seu lugar.
A série Claudine se torna um sucesso, especialmente entre as mulheres francesas, alavancando o sucesso de Willy e transformando-os em um casal conhecido no meio moderno e artístico.
A falta de reconhecimento e a exploração a que o marido lhe submetia somaram-se à decadência do casamento, que já vinha definhando há tempos – o marido sempre foi um libertino, e Colette cada vez mais se interessava por mulheres. Em meio a isso tudo, Colette foi descobrindo e desenvolvendo outras paixões artísticas, como a pantomima, e encontrando seu lugar.
Ao olharmos para trás, histórias como a de Colette não são raras nas artes. Pensando em cinema, quem não se lembra da pintora Margaret Ulbrich, que tinha suas obras assinadas pelo marido e cuja história foi retratada no filme Grandes Olhos, de Tim Burton?
Colette nos apresenta não apenas o embate pela propriedade intelectual da obra da escritora, mas também seu desabrochar como uma mulher de voz ativa na sociedade do início do século 20, a luta envolvendo os papéis sociais de gênero e a sexualidade. Em uma época em que às mulheres não era permitido o uso de calças, Colette vai além e usa o próprio corpo como um instrumento político; ela ousa, inclusive, beijar sua amante e companheira em cena, para todo mundo ver.
Colette nos apresenta não apenas o embate pela propriedade intelectual da obra da escritora, mas também seu desabrochar como uma mulher de voz ativa na sociedade do início do século 20, a luta envolvendo os papéis sociais de gênero e a sexualidade. Em uma época em que às mulheres não era permitido o uso de calças, Colette vai além e usa o próprio corpo como um instrumento político; ela ousa, inclusive, beijar sua amante e companheira em cena, para todo mundo ver.
A escritora, que também foi atriz e jornalista, tem apenas um recorte de sua vida narrada na cinebiografia, cujo foco se encontra nas décadas que precedem a publicação de sua obra mais aclamada, Gigi. Inclusive, foi Colette quem descobriu Audrey Hepburn, selecionando-a para a adaptação teatral da obra.
No filme vemos algo um pouco semelhante com a série Claudine, cuja protagonista é escolhida por Colette e Willy, e se torna uma espécie de ícone, em grande parte devido à identidade que sua intérprete traz à personagem nos palcos.
No filme vemos algo um pouco semelhante com a série Claudine, cuja protagonista é escolhida por Colette e Willy, e se torna uma espécie de ícone, em grande parte devido à identidade que sua intérprete traz à personagem nos palcos.
Keira Knightley não decepciona os cinéfilos que admiram o seu trabalho. A atriz está muito bem no longa, do jeitinho que a gente já conhece e gosta, e convence na pele da célebre personagem, da inocência à tomada de rédeas da própria vida.
Merecem atenção as cenas de amor entre Colette e suas amantes, que, embora breves, encantam pela delicadeza e pelo tom travesso da personagem. Também o figurino é um aspecto digno de nota aqui, e que certamente agradará quem aprecia um bom filme de época.
Merecem atenção as cenas de amor entre Colette e suas amantes, que, embora breves, encantam pela delicadeza e pelo tom travesso da personagem. Também o figurino é um aspecto digno de nota aqui, e que certamente agradará quem aprecia um bom filme de época.
A força de Colette não está apenas no trabalho cinematográfico propriamente dito, mas na figura da protagonista nesta trama sobre uma mulher que constrói o seu lugar na sociedade, que luta para ter direito ao que é seu – e que lhe foi tirado pelo marido. Uma mulher à frente do seu tempo, que choca por questionar e por não se calar quando tem algo a dizer.
Colette não é só mais uma história inspiradora. O filme mostra como a trajetória de uma escritora do início do século passado ainda consegue conversar muito bem com a atualidade, tempo em que muito se fala de empoderamento e de luta pela igualdade entre os gêneros e pela diversidade sexual. O caminho é – tem sido – longo, mas obras como esta acrescentam força ao discurso e são prova de que olhar para o passado é tão essencial quanto mirar no que está por vir.
Colette não é só mais uma história inspiradora. O filme mostra como a trajetória de uma escritora do início do século passado ainda consegue conversar muito bem com a atualidade, tempo em que muito se fala de empoderamento e de luta pela igualdade entre os gêneros e pela diversidade sexual. O caminho é – tem sido – longo, mas obras como esta acrescentam força ao discurso e são prova de que olhar para o passado é tão essencial quanto mirar no que está por vir.
TRAILER E FICHA TÉCNICA
Colette (Colette) – 111 min.
Reino Unido, EUA – 2018
Direção: Wash Westmoreland
Roteiro: Richard Glatzer, Wash Westmoreland, Rebecca Lenkiewicz
Elenco: Keira Knightley, Dominic West, Denise Gough, Fiona Shaw, Eleanor Tomlinson, Robert Pugh, Ray Panthaki
Estreia: 13 de dezembro
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
4 comentários
sei que a Keira é uma das grandes atrizes da atualidade, mas não consigo gostar dela.
ResponderExcluiracho que me incomoda o tanto de filmes de época que ela faz, e nada que se passa no tempo presente.
vi as cenas sexuais desse filme, muito bom não tentar esconder algo que aconteceu e que se hoje ainda choca sem motivo ver 2 pessoas buscando amor, carinho e prazer, imagina naquela época.
Eu gosto muito dela, e olha que eu não sou tão fã de filmes de época! Dois filmes muito bons e que se passam no presente é Mesmo Se Nada Der Certo (a trilha sonora é linda!) e Não Me Abandone Jamais, este último na verdade tem uma ideia mais para o futuro (apesar do visual remeter ao passado, ou a algo perdido no tempo), mas não especifica em que época se passa.
ExcluirOi Aline!
ResponderExcluirEu ainda não li nada de Colette e sem dúvida a cinebiografia me interessa muito. Adoro autores franceses, as leituras sempre me deixam contrariada, além de que a época e visual do filme me encantou já pelas fotos.
Beijos!
Oie! Então, eu também nunca li nada da Colette, por isso me interessei pelo filme, para saber mais sobre ela, sobre essa parte da trajetória que marca o início como escritora. Tenho muita vontade de ler Gigi (por causa das adaptações). E sim, o filme tem uma fotografia linda, o figurino, tudo. <3 Beijão!
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