‘Um Amor Inesperado’: ótimos diálogos, risadas e reflexões em comédia romântica sobre ninho vazio e separação na meia-idade
Cinema argentino 14 de março de 2019 Aline T.K.M. Nenhum comentário
Estrelada por Ricardo Darín e Mercedes Morán, a comédia romântica argentina Um Amor Inesperado estreia hoje nos cinemas e aborda a crise da meia-idade no casamento, o ninho vazio e a necessidade de voltar a encontrar a si mesmo. A direção é de Juan Vera.
No filme, Marcos e Ana são casados há 25 anos. Com a partida do único filho para estudar no exterior, o casal começa a se questionar sobre o relacionamento e o que o futuro reserva para eles. Após conversas e constatações importantes, eles decidem se separar, seguir caminhos diferentes e viver novas experiências.
No filme, Marcos e Ana são casados há 25 anos. Com a partida do único filho para estudar no exterior, o casal começa a se questionar sobre o relacionamento e o que o futuro reserva para eles. Após conversas e constatações importantes, eles decidem se separar, seguir caminhos diferentes e viver novas experiências.
Eu, particularmente, adoro as comédias românticas nas quais os protagonistas já não estão na casa dos vinte – mal saídos da adolescência, sonhadores e inexperientes. Com o aumento da idade dos personagens, os conflitos desse tipo de filme adquirem outra dimensão, já pintada com as cores nem sempre vibrantes da vida real.
No caso de Marcos e Ana, o momento é um pouco mais delicado. O filho acaba de deixar a casa dos pais; toda a dinâmica vivida nas últimas duas décadas é profundamente alterada. Uma relação que muito provavelmente já andava no automático há tempos emerge para o primeiro plano e... já não há mais liga, a paixão se esvaiu faz tempo, o amor que ainda existe já não faz mais sentido.
No caso de Marcos e Ana, o momento é um pouco mais delicado. O filho acaba de deixar a casa dos pais; toda a dinâmica vivida nas últimas duas décadas é profundamente alterada. Uma relação que muito provavelmente já andava no automático há tempos emerge para o primeiro plano e... já não há mais liga, a paixão se esvaiu faz tempo, o amor que ainda existe já não faz mais sentido.
Bem-humorado e preenchido com ótimos diálogos, o filme constrói um retrato fiel – embora mais açucarado e divertido – dessa fase da existência em que a finitude é uma certeza e é preciso voltar o olhar para a própria vida, para tudo aquilo que está funcionando ou não, que está fazendo bem ou não. Os personagens mostram que estar na meia-idade é ter a certeza de que ainda há muita vida pela frente – e que ela deve ser vivida de forma plena.
Com mais bagagem de vida e conhecendo e respeitando melhor as próprias necessidades, Marcos e Ana se permitem, separadamente, redescobrir sensações e sentimentos que haviam ficado perdidos lá na juventude. Voltar a se apaixonar, desejar e se sentir desejado, sorrir mais, permitir-se viver relações que podem ou não dar certo.
A separação, para eles, significa sair da zona de conforto e, acima de tudo, ser honestos consigo mesmos e com o outro. Um movimento essencial, na ficção e na vida, para evitar a armadilha das “relações felizes de fachada”, que só faz privar da real felicidade não apenas o casal como também todos os que estão ao redor.
Com mais bagagem de vida e conhecendo e respeitando melhor as próprias necessidades, Marcos e Ana se permitem, separadamente, redescobrir sensações e sentimentos que haviam ficado perdidos lá na juventude. Voltar a se apaixonar, desejar e se sentir desejado, sorrir mais, permitir-se viver relações que podem ou não dar certo.
A separação, para eles, significa sair da zona de conforto e, acima de tudo, ser honestos consigo mesmos e com o outro. Um movimento essencial, na ficção e na vida, para evitar a armadilha das “relações felizes de fachada”, que só faz privar da real felicidade não apenas o casal como também todos os que estão ao redor.
As peripécias dos protagonistas, emolduradas por ótimos personagens e histórias secundárias, fazem de Um Amor Inesperado um filme sobre nunca ser tarde para: amar, viver, recomeçar, experimentar, livrar-se do peso das expectativas impostas por terceiros, dançar do nada na sala de jantar... Não demora muito para percebermos que, de longe, a personagem que mais entende das coisas é a mãe de Ana, que, aos 82 anos, voltou a se apaixonar e leva a vida de forma mais leve.
A delícia das comédias românticas é que elas sempre têm seu grau de previsibilidade, e aqui não é diferente. Muitas vezes é preciso – e recomendável – dar muitas voltas, tornar a se conhecer e a se reinventar, para então se permitir conhecer o outro novamente. Ninguém permanece o mesmo a vida inteira; as pessoas mudam, as circunstâncias mudam... e talvez essa seja justamente a graça da vida.
TRAILER E FICHA TÉCNICA
Um Amor Inesperado (El Amor Menos Pensado) – 136 min.
Argentina | 2018
Direção: Juan Vera
Roteiro: Juan Vera, Daniel Cúparo
Elenco: Ricardo Darín, Mercedes Morán, Claudia Fontán, Luis Rubio, Andrea Pietra, Jean Pierre Noher, Norman Briski, Andrés Gil, Andrea Politti, Juan Minujín, Gabriel Corrado, Chico Novarro
Estreia: 14 de março
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
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