Até o dia 30 de outubro está rolando a 43ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, e o dilema é um só: a quais filmes assistir em meio a tantas opções?
É difícil escolher, mas, como eu já conferi alguns dos títulos da programação, venho indicar 4 deles que valem a pena ser vistos.
É difícil escolher, mas, como eu já conferi alguns dos títulos da programação, venho indicar 4 deles que valem a pena ser vistos.
AFTERLIFE (Hiernamaals)
De Willem Bosch | Competição de Novos Diretores | Holanda | 2019 | 93 min.
Sinopse: Sam é uma jovem de 14 anos que, após a morte da mãe, fica responsável pela maior parte das tarefas da casa. Quando a garota também acaba indo para o além e descobre que pode fazer diferente, ela dá uma nova chance à vida com o único propósito de salvar a mãe.Por que assistir: Com trilha sonora e fotografia atraentes, o filme une elementos de fantasia à realidade para abordar temas como a morte e o destino. O resultado é bem gracioso, sem escorregar no excesso de drama nem num otimismo exagerado e previsível. A trama não nega as fatalidades e tristezas da vida nem busca abolir a inevitabilidade, mas mostra que ainda há beleza e esperança para quem estiver disposto a enxergá-las.
CHUVAS SUAVES VIRÃO (Vendrán Lluvias Suaves)
De Iván Fund | Perspectiva Internacional | Argentina | 2018 | 82 min.
Sinopse: Em um bairro nos arredores de um vilarejo no interior, um grupo de crianças precisa lidar com o início de um estranho incidente que transformou todos os adultos em seres adormecidos. Confusas e determinadas, as crianças aguardam o momento em que tudo volte ao normal e seus pais acordem. As histórias dessas famílias passam a ser reveladas sob os restos e os vestígios dessas casas, dessas pessoas, vistas através dos olhos das crianças.Por que assistir: Vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Mar del Plata, o filme retrata o temor experimentado por toda criança: ser deixada sozinha no mundo, sem os pais. Ao mesmo tempo, o medo é fantasia, desejo secreto. Quando isso se torna, pelo menos a princípio, uma dura realidade, o que vemos é um mundo a partir da perspectiva das crianças, de uma simplicidade, doçura e inocência singulares. As cenas vez ou outra são intercaladas por trechos de um conto infantil, como se a própria trama fosse transformada em literatura – ou dela viesse. Chega a parecer que estamos diante de uma história de realismo mágico, marcada por um ritmo próprio das crianças. Tudo leva o tempo que precisa levar; o observar, o sentir e o viver vêm descontaminados da afobação cega e da falta de encantamento dos adultos.
DEVORAR (Swallow)
De Carlo Mirabella-Davis | Competição de Novos Diretores | EUA, França | 2019 | 94 min.
Sinopse: Hunter é uma mulher no início da gravidez, vivendo uma vida idílica em casa com seu marido perfeito. Mas ao se sentir impelida a comer um pequeno pedaço de mármore, ela se vê obcecada por consumir objetos perigosos que ameaçam sua vida. Seu marido e a mãe dele percebem a mudança e passam a tentar controlar Hunter, forçando-a a enfrentar o segredo sombrio por trás dessa estranha compulsão.Por que assistir: Ganhador dos prêmios de melhor roteiro e melhor atriz no Festival de Tribeca, o filme retrata a dominação masculina sobre a mulher de maneira acachapante. Por trás da vida confortável, vemos uma submissão cega e que chega a ser dolorosa; por trás da preocupação do marido e dos sogros, um controle e uma reprovação severos vão se descortinando aos poucos. Sufocada em uma vida aparentemente mansa, o único controle que a protagonista – em uma brilhante atuação de Haley Bennett – tem da própria vida reside em sua arriscada compulsão por engolir objetos. E é a partir dessa mesma compulsão que ela caminhará rumo ao confrontamento de questões do passado e à libertação de si mesma.
SYSTEM CRASHER (Systemsprenger)
De Nora Fingscheidt | Competição de Novos Diretores | Alemanha | 2019 | 119 min.
Sinopse: Benni é uma menina de nove anos revoltada, agressiva e imprevisível. A garota foi expulsa de todas as escolas onde estudou e não vive com a mãe, que tem medo dela e teme pelos filhos mais novos. O serviço social contrata Micha, um especialista em controle de raiva, para acompanhar Benni na escola.Por que assistir: Vencedor do Prêmio Alfred Bauer no Festival de Berlim, o longa é o representante da Alemanha para concorrer a um lugar na disputa pelo prêmio de Melhor Filme Internacional no Oscar 2020. Sem dúvida, um dos aspectos mais notáveis do filme é a atuação de Helena Zengel, que dá vida a uma criança marcada por traumas e cujos surtos violentos e incontroláveis representam um risco para todos os demais. É pesaroso acompanhar a história dessa menina que não se encaixa no sistema de assistência a menores, ver como as pessoas e instituições vão pouco a pouco desistindo dela – exceto a assistente social que acompanha o caso de perto –, e como as alternativas vão se reduzindo. Do início ao fim, o filme consegue nos deixar balançados e por um fio: de um lado, a compaixão pela menina e sua carência por atenção e amor, e, do outro, a racionalização do perigo de mantê-la junto a outras crianças e da necessidade de métodos mais eficazes.
Já postei aqui no blog um resumão do que está rolando nesta edição da Mostra. Vem ver aqui!
Para conferir os dias, horários e salas de exibição dos filmes, basta acessar a programação no site da Mostra.
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
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