‘O Farol’: terror psicológico estrelado por Dafoe e Pattinson se revela uma experiência rica e sinistra
Cinema canadense 19 de dezembro de 2019 Aline T.K.M. Nenhum comentário
Com estreia prevista para 2 de janeiro, O Farol é a mais recente produção de Robert Eggers, diretor de A Bruxa (2015). O terror psicológico é estrelado por Willem Dafoe e Robert Pattinson e promete agradar não apenas os fãs do gênero, mas também – e sobretudo – os amantes daqueles filmes que fazem jus à sétima arte.
O preto e branco granulado e a tela quadrada reforçam essa sensação de sufocamento enquanto evocam o cinema clássico. Já a atmosfera sombria e repleta de segredos lembra a das histórias de Edgar Allan Paul, e vem temperada com um quê hitchcockiano – impossível não pensar em Os Pássaros ao vislumbrarmos todas aquelas gaivotas sobrevoando a ilha e interferindo na rotina dos homens.
SINOPSE
Dois homens são responsáveis por vigiar um farol marítimo numa remota e misteriosa ilha da Nova Inglaterra, nos anos 1890. Isolados da civilização e tendo apenas um ao outro como companhia, eles começam a compartilhar suas angústias, medos, anseios e paixões.POR QUE ASSISTIR
Gradualmente, a ilha vai se revelando claustrofóbica. Dafoe e Pattinson – em entrega primorosa de atuação – passam a lidar com a disputa, com os conflitos de autoridade e a imposição de masculinidade, aspectos que se tornam recorrentes em seu novo cotidiano.O preto e branco granulado e a tela quadrada reforçam essa sensação de sufocamento enquanto evocam o cinema clássico. Já a atmosfera sombria e repleta de segredos lembra a das histórias de Edgar Allan Paul, e vem temperada com um quê hitchcockiano – impossível não pensar em Os Pássaros ao vislumbrarmos todas aquelas gaivotas sobrevoando a ilha e interferindo na rotina dos homens.
A realidade se mescla com o obscuro e o surreal, em uma espécie de loucura que assoma com o isolamento e a convivência forçada dos dois homens, cujos excrementos e fluidos corporais se fazem presentes por todo o tempo. Toda essa perturbação, como não podia ser de outra forma, é enfatizada por uma trilha sonora inquietante.
Elementos míticos, uma sexualidade sôfrega e a violência, além de alguns momentos cômicos – em grande parte graças aos gases de Thomas Wake – se mostram abundantes nos dias compartilhados entre Winslow e Wake em um farol que, fato curioso, foi construído especialmente para o longa. Bem explorados, os diálogos foram concebidos com base em pesquisas em dicionários náuticos e foram inspirados em referências literárias, como Sarah Orne Jewett – cujos estudos para suas obras incluíam entrevistas com marinheiros – e Herman Melville.
Elementos míticos, uma sexualidade sôfrega e a violência, além de alguns momentos cômicos – em grande parte graças aos gases de Thomas Wake – se mostram abundantes nos dias compartilhados entre Winslow e Wake em um farol que, fato curioso, foi construído especialmente para o longa. Bem explorados, os diálogos foram concebidos com base em pesquisas em dicionários náuticos e foram inspirados em referências literárias, como Sarah Orne Jewett – cujos estudos para suas obras incluíam entrevistas com marinheiros – e Herman Melville.
Embora visualmente rico e banhado em referências, o filme tem seus momentos de lentidão e nem sempre é compreensível – aspectos não necessariamente negativos, mas úteis de saber na hora de alimentar expectativas.
Repleto de simbolismos, O Farol é um conto de horror que é cozinhado lentamente, com uma inquietude que se acumula e é estruturada, pouco a pouco, até um transbordar de insanidade. Ver o filme é uma experiência sinistra, não exatamente acompanhada de respostas, e cujas imagens e sons permanecem ecoando no espectador por um bom tempo.
Repleto de simbolismos, O Farol é um conto de horror que é cozinhado lentamente, com uma inquietude que se acumula e é estruturada, pouco a pouco, até um transbordar de insanidade. Ver o filme é uma experiência sinistra, não exatamente acompanhada de respostas, e cujas imagens e sons permanecem ecoando no espectador por um bom tempo.
TRAILER E INFOS
O Farol (The Lighthouse) – 109 min.
Canadá, EUA | 2019
Direção: Robert Eggers
Roteiro: Max Eggers, Robert Eggers
Elenco: Willem Dafoe, Robert Pattinson, Valeriia Karaman
Estreia: 2 de janeiro
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
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