‘As Invisíveis’: comédia francesa sobre um grupo de mulheres sem-teto aborda a reinserção social com leveza e altas doses de inspiração
Adaptação 20 de fevereiro de 2020 Aline T.K.M. Nenhum comentário
Uma comédia francesa deliciosa e recheada de inspiração sobre um grupo de mulheres sem-teto e sem perspectiva, que acreditavam ter perdido tudo, mas que, com a ajuda de outras mulheres, resgatam a dignidade e a confiança em si mesmas.
Estou falando de As Invisíveis, filme dirigido por Louis-Julien Petit e que chega aos cinemas agora nesta quinta-feira (20).
Outrora profissionais ativas, essas mulheres passaram a integrar uma parcela marginalizada da sociedade após terem passado por infortúnios – como internações devido à depressão, ou passagem pela prisão por autodefesa contra agressão doméstica. Ainda que exista alguma estrutura para elas, as autoridades não fazem outra coisa senão jogá-las de um canto a outro, oferecendo algum suporte, mas não o acompanhamento necessário (que passa por um aspecto mais humano) para que elas possam, de fato, sair da situação em que se encontram e deixarem de ser invisíveis perante a sociedade.
Caberá, então, a um grupo de assistentes sociais determinadas e corajosas – e também invisíveis aos olhos dos demais, como grande parte dos que tentam se mobilizar a ajudar o próximo e fazer a diferença – o esforço adicional para mudar a realidade dessas mulheres marginalizadas.
Estou falando de As Invisíveis, filme dirigido por Louis-Julien Petit e que chega aos cinemas agora nesta quinta-feira (20).
SINOPSE
Após uma decisão municipal, um abrigo para mulheres sem-teto, L’Envol, está prestes a fechar as portas. Com apenas três meses para reintegrar as mulheres abrigadas ali, as assistentes sociais fazem tudo o que podem: mexem os pauzinhos, distorcem a verdade, e até mesmo contam mentiras descaradas... A partir de agora vale tudo!POR QUE ASSISTIR
As Invisíveis traz à tona a realidade de um grupo de mulheres sem-teto, que dependem de abrigos diurnos e noturnos para atender a suas necessidades mais básicas, e que não encontram perspectivas de reinserção na sociedade.Outrora profissionais ativas, essas mulheres passaram a integrar uma parcela marginalizada da sociedade após terem passado por infortúnios – como internações devido à depressão, ou passagem pela prisão por autodefesa contra agressão doméstica. Ainda que exista alguma estrutura para elas, as autoridades não fazem outra coisa senão jogá-las de um canto a outro, oferecendo algum suporte, mas não o acompanhamento necessário (que passa por um aspecto mais humano) para que elas possam, de fato, sair da situação em que se encontram e deixarem de ser invisíveis perante a sociedade.
Caberá, então, a um grupo de assistentes sociais determinadas e corajosas – e também invisíveis aos olhos dos demais, como grande parte dos que tentam se mobilizar a ajudar o próximo e fazer a diferença – o esforço adicional para mudar a realidade dessas mulheres marginalizadas.
Com irreverência, bom humor, uma dose de drama e de forma inspiradora, o filme mostra ao espectador o processo de transformação pelo qual essas mulheres vão passar. Desde os pequenos – e essenciais – ajustes em seus currículos até a verdadeira reconstrução da autoestima dessas mulheres que já não se sabiam fortes. E, como na vida real, há aquelas que precisam de um empurrãozinho e um olhar nos olhos, mas também há outras que se recusam a ser ajudadas de forma mais plena.
O grande mérito desse filme – que pode até ser considerado demérito por alguns – é a simplicidade com que o tema é tratado, sem convertê-lo em algo banal. O assunto é sério e o filme provoca a reflexão do espectador acerca da reintegração social; ao mesmo tempo, é um filme leve, que nos faz rir e sair da sessão com aquela sensação de ter testemunhado algo inspirador. Sabe aquele otimismo em relação a algumas coisas na vida que às vezes parecem sem solução? Pois é, As Invisíveis faz a gente sentir que ele ainda pode existir, mas que, em vez de vir de cima, todo e qualquer movimento transformador deve partir antes de tudo de quem está ao lado, dos nossos pares.
Curiosidade: o elenco das mulheres sem-teto é formado principalmente por não atrizes, mulheres que viveram nas ruas e que hoje levam uma vida mais “estável” ou se encontram em lares adotivos. Cada uma delas escolheu um nome de alguma mulher que admira para sua personagem no filme: Édith Piaf, Lady Di, Brigitte Macron etc.
Gostoso de assistir, As Invisíveis é um grito por mais humanidade e, sobretudo, um uníssono de vozes femininas que já não podem nem devem ser ignoradas.
Gostoso de assistir, As Invisíveis é um grito por mais humanidade e, sobretudo, um uníssono de vozes femininas que já não podem nem devem ser ignoradas.
TRAILER E INFOS
As Invisíveis (Les Invisibles) – 102 min.
França | 2019
Direção: Louis-Julien Petit
Roteiro: Louis-Julien Petit, baseado no livro Sur la route des invisibles, femmes dans la rue, de autoria de Claire Lajeunie
Elenco: Audrey Lamy, Corinne Masiero, Noémie Lvovsky, Déborah Lukumuena, Sarah Suco, Pablo Pauly, Brigitte Sy, Quentin Faure, Fatsah Bouyahmed
Estreia: 20 de fevereiro
Aline T.K.M.
Criou o Livro Lab há 12 anos e se dedicar a este projeto é uma das coisas que mais ama fazer, além de estar em contato com os mais variados tipos de expressões artísticas. Tem paixão por cinema, viajar e conhecer outras culturas. Ah, e ama ler em francês!
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