O assunto de hoje é simplesmente uma das minhas melhores leituras do semestre: Solução de Dois Estados, o livro mais recente do Michel Laub, que também é autor de Diário da Queda e O Tribunal da Quinta-Feira.

Laub traça um retrato do Brasil dos últimos anos, da polarização, dos discursos de ódio e da indisposição para o diálogo. Tudo isso é explorado neste romance em que uma cineasta alemã, a Brenda, que está filmando um documentário sobre a violência no Brasil e, para isso, coleta os depoimentos de dois irmãos, o Alexandre e a Raquel – esta última foi vítima de um ato violento que motivou a realização do documentário. A partir do relato deles, desde o início, notamos não só uma forte oposição, mas também um ressentimento fermentado ao longo dos anos e, claro, o ódio.

Apesar da leitura fluida, Solução de Dois Estados é um livro pesado. É um grande escancarar do estado de polarização, de oposições, em que qualquer possibilidade de comunicação se mostra inexistente, indesejada. Recomendo o livro por sua relevância e pela maestria do Michel Laub com as palavras. E principalmente porque, por ser um romance, nos possibilita olhar “de fora” uma situação da qual fazemos parte, na qual estamos inevitavelmente mergulhados, atolados, por completo.

No vídeo, dou mais detalhes sobre a trama e por que Solução de Dois Estados é uma leitura necessária.

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Título: Solução de Dois Estados
Autor(a/e): Michel Laub
Editora: Companhia das Letras
Edição: 2020
Ano da obra: 2020
Páginas: 243