Treze contos, cento e poucas páginas pungentes de uma das vozes mais relevantes da literatura latino-americana atual. Estou falando do livro Rinha de Galos, da equatoriana María Fernanda Ampuero.

Numa entrevista para uma revista literária após o lançamento desse livro, a autora disse não haver nada mais profundo que a ferida que uma família pode causar; que você pode deixá-la, mas essa família jamais sairá de você. Esse trecho da fala da autora revela a atmosfera que a gente encontra nos contos de Rinha de Galos, que, aliás, já está entre as minhas melhores leituras deste ano.

Aqui, o familiar convive com o grotesco, a ideia de segurança convive com o medo. É dentro de casa que começam as piores contradições, os preconceitos entranhados e um machismo que anula e agride. É dentro de casa que se perde a inocência.

A leitura é rápida, mas intensa: soco no estômago o tempo todo. Potência e feminismo transbordam nas palavras de María Fernanda Ampuero, que flerta com o horror ao escancarar o que existe de mais pútrido entre quadro paredes — e na sociedade que conhecemos.

Aqui no vídeo, contei um pouco mais sobre o livro e os meus contos preferidos. Para quem curte livros pesados (e também para quem curtiu o livro As Coisas que Perdemos no Fogo, da argentina Mariana Enriquez), Rinha de Galos é leitura obrigatória!

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Título: Rinha de Galos
Título original: Pelea de Gallos
Autor(a): María Fernanda Ampuero
Tradução: Silvia Massimini Felix
Editora: Moinhos
Edição: 2021
Ano da obra: 2018
Páginas: 112